Por Danilo
Quando eu tinha 13 anos de idade, em plena puberdade, meu pai me chamou para ter uma conversa em seu consultório. No início achei estranho ele me chamar para ir até lá, até porque nós dois morávamos na mesma casa e, ele poderia muito bem conversar comigo em qualquer lugar que não fosse ali. Entretanto, como ele praticamente me obrigou a ir, eu fui. Lembro-me que tive que pegar dois ônibus para conseguir chegar até seu consultório e, ainda escutei uma baita bronca dele, por estar atrasado.
A real é que naquela tarde, naquele consultório, meu pai cancelou todas as suas consultas eletivas para me explicar sobre educação sexual, ele disse que, eu já estava com idade o suficiente para entender certas coisas e, ele preferia que eu ficasse sabendo por ele e, não por terceiros. Então ele teve a brilhante ideia de pegar seu atlas de anatomia velho e usado para me explicar certas coisas. Confesso que eu senti nojo a primeira vista, foi chato ver ele me explicando sobre mil termos que eu não tinha ideia nenhuma do que seriam. Contudo, eu nunca me esqueci do final da conversa, quando ele me disse que eu deveria respeitar as vontades da mulher e, só me entregar a ela se ela quisesse, falou também que eu deveria ser cavalheiro e, pontual em todos os meus encontros, que a mulher poderia se atrasar, mas eu não.
Durante os anos que se seguiram eu nunca segui metade do que ele me falou naquela tarde, não me preocupando com nada, apenas seguindo o que estava na minha cabeça, para mim, as mulheres que eu me relacionava eram objetos e, eu não sentia sentimento algum além de tesão.Todavia, as coisas passaram a fazer sentido depois daquela noite na casa de Maraísa.
Pela primeira vez eu cheguei adiantado em um "encontro" e procurei levar algo para comermos, devido a insistência de Mirela, que disse que era chato chegar na casa dos outros sem levar nada para comer. Além disso, inconscientemente, procurei colocar em prática tudo aquilo que eu havia aprendido com meu pai há 13 anos atrás e nunca havia feito.
Ver Maraísa ali em minha frente, completamente surpresa fez com que eu me arrependesse completamente do papel que eu estava desempenhando, honestamente, eu tive vontade de desistir e ir embora para minha casa. Contudo, tinha algo nela que fazia com que eu quisesse ficar e, não, não eram os shorts curto rosa bebê que ela usava, o qual batia em menos da metade de sua coxa, nem em sua barriga chapada que ficava a mostra conforme ela se movimentava. Era algo a mais do que isso, uma sensação que eu não conseguia colocar em palavras.
Pela primeira vez eu não fui "armado" vê-la, eu queria soar o mais natural possível, apesar de querer que toda aquela guerra entre nós acabasse, todavia, eu sabia que dependia única e exclusivamente dela e, eu respeitaria o seu espaço.
Mas não posso negar que, saber que estávamos sozinhos em um apartamento, em pleno sábado a noite me fez pensar em muitas possibilidades de conquista, no entanto, eu procurava me recordar, mesmo que a contragosto, da reunião que tive com meu pai.
Eu parecia pisar em ovos a cada momento, como se ela não me quisesse ali ou então estivesse fazendo uma força sobre-humana para ser amigável ou empática. Todavia, ela também me parecia nervosa e, não parava de mexer no cabelo um segundo sequer ou então sorrir como uma boba. Foi nesse momento que eu percebi que eu a desmontava e, assim como eu, ela também estava pisando em ovos, como se ela tentasse, mesmo que inutilmente, esconder que gostava de mim.
Mas por que ela tinha que esconder? Qual o erro de ficarmos juntos se o sentimento era recíproco? Eu estava tentado a dizer que entendia esse seu lado, mas queria comentar que ela estava errada ao negar seus sentimentos. Mas como dizer isso a ela? Especialmente agora que ela estava se desarmando, sentindo-se mais calma e segura. Não! Definitivamente, eu deveria ter paciência e deixar as coisas acontecerem naturalmente.
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Quebra cabeça do destino [DANISA]
FanfictionEla estava bem. Ninguém imaginava que ela iria partir daquela forma, contudo, a perda de Juliana foi mais do que Maraísa podia imaginar. Ela era sua irmã, sua melhor amiga, sua confidente nas horas vagas. Por que ela? Por que justo ela? A dor da per...