Amor perfeito-Parte II

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Boa leitura ❤️
Por Danilo

Quando eu tinha 16 anos, meu pai cismou que eu deveria cursar medicina e me chamou para assistir a uma de suas muitas cirurgias, então eu o acompanhei até o hospital, coloquei uma roupa azul que eles chamam de pijama cirúrgico por cima da minha roupa, uma touca (daquelas bem parecida com a um de cozinheiro) e, entrei com ele para ver a remoção de um tumor cerebral. Não preciso dizer que a cirurgia durou cerca de 12 horas e, quando finalmente tudo terminou a primeira coisa que eu disse a ele quando ele perguntou o que eu tinha achado era que eu nunca na minha vida seguiria essa profissão. Primeiro porque eu odeio esperar e, segundo que, eu odeio ver sangue, hospitais ou qualquer coisa que remeta a doenças.

E era justamente esse mesmo sentimento que eu tinha ao ficar horas intermináveis naquela sala de espera, aguardando que algo acontecesse. Tudo bem, eu já sabia que Maraísa estava fora de perigo, o que era ótimo, mas, eu queria vê-la, tocar em sua pele, a fim de ver se não tinham arrancado nada, se ela continuava da mesma forma que eu a vi pela última vez (Convenhamos que essa não era a lembrança que eu gostaria de ter dela, afinal de contas, a última vez que estivemos juntos no mesmo espaço foi no dia em que Bárbara havia decido que seria uma ideia brilhante brincar de casinha comigo, fingindo que eu era o pai de seu filho doente, o qual fora atendido por Maraísa).

Certo, talvez eu devesse esquecer esse detalhe, contudo, isso me remetia a Sérgio, e eu me perguntava o que havia ocorrido com ele. Claro, porque, nesse mesmo dia, eu havia presenciado o tal homem entregar uma coroa de flores para a morena, enquanto eu ficava ali assistindo a tudo de camarote, chupando o dedo e segurando uma mísera rosa vermelha, sentindo como se eu fosse o último dos homens. Ok, talvez fosse melhor eu perguntar a Marília como ia a relação de Maraísa com Sérgio, todavia, ao que tudo indicava, os dois não estavam bem, pois,se estivessem ela não teria se declarado para mim assim em público com todos (inclusive ele) assistindo. Tudo bem que ele poderia não estar no show o que era bem provável, já que se ele estivesse certamente estaria aqui aguardando notícias. Contudo,assim como Mirela me mandou, alguma pessoa poderia ter mandado o vídeo da declaração para ele e, talvez eles tenham discutido ou algo do tipo (Lógico que está longe de mim pensar que em pleno show do Jorge e Mateus eles teriam brigado, todavia, seria errado desejar que isso ocorresse?)Confesso que senti um pingo de alívio quando pensei que eles poderiam ter rompido, como se um grande peso saísse das minhas costas, no entanto, apesar disso, eu sabia que haviam muitas pedras no meu caminho ainda.

Amar Maraísa era uma coisa, mas não havia só isso, era um sentimento maior, mais grandioso, todavia, ela era orgulhosa demais para ceder. Entendo que, ela sentia o mesmo por mim, que tinha vontade de estar comigo mas, ela era o tipo de mulher que colocava empecilhos em tudo que se podia imaginar, o que dificultava as coisas. Veja bem, eu a amo, mas não sei como ficariam as coisas entre nós a partir de agora, na verdade, eu nem sei bem o que falar para ela quando estivermos cara a cara. Então, disposto a encarnar o Don Juan que existia em mim (o qual eu já estava a ponto de aposentar), decidi seguir os conselhos de Mirela e escutar algumas músicas do Jorge e Mateus, afinal de contas eu não tinha nada para fazer, a não ser encarar Marília e Henrique dormindo abraçados na cadeira.

Confesso, que me exaltei quando falei para minha prima que odiava essa dupla, na verdade eu gostava deles, mas as músicas eram românticas demais e eu como um bom libriano, sentia vontade de vivê-las com alguém que realmente merecesse meu carinho. No entanto, nesse momento, as coisas estavam complicadas e, por mais que eu sentisse vontade de jogar tudo para o alto e ficar com Maraísa eu sentia que ainda tínhamos um longo caminho a percorrer.

"Larga tudo e vem correndo" Foi a primeira parte da música que eu escutei. Ótimo como em uma primeira estrofe, eu já me lembrei de Maraísa sem fazer muito esforço. Sério! Eu comecei a rir de desespero da minha própria situação. "Já faz tempo que eu tô sofrendo, mereço um pouco de felicidade" Sim, eu fui obrigado a concordar com essa parte, porque eu já não aguentava mais sofrer por essa mulher. E se a gente não ficasse junto? E se eu estivesse perdendo meu tempo ali? Melhor mudar de música, pensei, colocando a próxima para tocar.

Quebra cabeça do destino [DANISA]Onde histórias criam vida. Descubra agora