Coração infectado

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Por Danilo
"Você é o dono do mundo querido Gentili, nunca se esqueça disso!" Dizia para mim mesmo enquanto me encarava no espelho. Minha imagem era bela, meus cabelos castanhos levemente desgrenhados foram penteados para trás com um gel, todavia, algumas ondulações rebeldes faziam questão de continuar por ali. O terno impecável de uma marca francesa deixava claro que eu estava prestes a me formar em uma das faculdades de maior prestígio da Califórnia, a boa e velha Stanford.
"Filho, eu estou orgulhoso de você!" Meu pai disse entrando em meu quarto, com um sorriso largo no rosto "Terminar o curso de arquitetura em uma faculdade de renome como essa não é para qualquer um!" Disse me encarando dos pés a cabeça "Ainda me lembro de quando você saiu de casa aos 17 anos para estudar aqui! Foi corajoso da sua parte!" Finalizou com os olhos marejados "Eu achei que você não fosse conseguir viver um mês longe da comida da Diney nossa empregada, mas você se superou!" Disse batendo em meu ombro direito "Já se passaram 5 anos! Você é um garotão de 22 anos" Terminou emocionado "O meu garoto!"
Eu o abracei feliz anestesiado por estar vivendo um grande sonho em minha vida, contente por finalmente estar fazendo algo que orgulhasse meu pai.
Digamos que agradá-lo nem sempre era fácil, afinal de contas ele era sistemático, odiava ser contrariado e, para completar a história era um grande cirurgião e, esse tipo de gente tem a mania de ser sabichão e frio, sem dar oportunidade para que outras pessoas demonstrem sua opinião. Contudo, com o passar do tempo, fui me acostumando com o jeito de meu pai e, apesar dele praticamente implorar para que eu fizesse medicina, o convenci que minha vocação era arquitetura. Eu amava as obras de Oscar Niemayer, fui visitar o museu do amanhã no Rio de Janeiro, apenas para poder admirar de perto a magnífica construção, nesse sentido, meu pai foi percebendo que, por mais que ele sonhasse em ter outro médico na família, seria impossível.
Eu tinha uma irmã caçula, todavia, aos 8 anos ela foi diagnosticada com leucemia, meu pai, um neurocirurgião sisudo fez de tudo para conseguir a medula óssea que salvaria sua vida, no entanto, infelizmente, não conseguirmos encontrar uma pessoa compatível com ela. Minha mãe sofreu muito com a perda da filha e, acabou adoecendo alguns meses depois, falecendo em seguida.
Por fim ficamos apenas nós dois, meu pai até tentou me convencer a fazer medicina, mas não teve jeito e, quando terminei o ensino médio, em uma escola bilíngue de Goiânia, fiz uma prova para concorrer a uma bolsa de estudos em uma faculdade dos EUA e, acabei passando em primeiro lugar, o que me deu o direito de escolher para qual universidade eu iria.
Escolhi Los Angeles por gostar do clima, das praias e do estilo de vida mais hollywoodiano que o estado carregava, nesse sentido, senti-me bem ali. Sempre tive um certo vício por praias, amava ir ao Rio de Janeiro sempre que tinha a oportunidade e, estar ali, em um país totalmente diferente do meu, mas com a presença da maresia e do litoral por perto, de certa forma me fazia sentir em casa.
Meu pai orgulhou-se por eu ter passado em Stanford e, me presenteou com um apartamento de frente para o mar, o que me deixou bastante contente, pois, de certa forma, entre um estudo e outro eu poderia pegar umas ondas e, perder a fama de branquelo que tinha no Brasil.
Ainda me recordo como se fosse ontem, o meu último dia no Brasil, eu havia acabado de completar 18 anos, era dia 6 de março e, estávamos em um dia quente de verão em Goiânia. Há exatamente um dia atrás eu tinha olhado a lista dos aprovados e meu nome estava ali, o que me fez praticamente chorar de emoção. Meus amigos, fizeram uma festa para comemorar minha aprovação e meu aniversário, a qual durou a tarde toda, bebemos muito, conversamos e, eu fiquei com algumas meninas. A noite, ainda extasiado com toda aquela agitação e, querendo um after, chamei-os para irmos a uma boate localizada no centro da cidade e, eles toparam na hora.
Eu já estava levemente alterado pelo álcool quando cheguei no local escuro e quente, por isso decidi não tomar nada alcoólico, apenas alguns refrigerantes e águas tônicas. Achei o local chato e sem graça, a música alta estava me dando dor de cabeça e, por um instante eu cogitei ir embora. Todavia, uma mulher de cabelos castanhos claros e longos chamou minha atenção, ela dançava com um copo de tequila na mão. O vestido curto e vermelho deixava suas pernas torneadas a mostra e, o decote valorizada seus seios. Ela era realmente bonita. Encarei-a sem tirar os olhos e, com o passar do tempo ela percebeu, caminhando até mim cambaleante.
"Boa noite cavalheiro" Ela falou com um sorriso. O hálito etílico estava forte "Aproveitando a noite" Continuou segurando em meus ombros e espalmando as mãos em meu peitoral. Eu gostei disso, aquela mulher era quente em todos os sentidos.
"Na verdade estou com vontade de sair daqui. Barulho demais. Música ruim e ambiente quente" Disse me abanando com as próprias mãos. Ela sorriu maliciosamente.
"No seu carro ou no meu?" Que garota ousada! Gostei disso! Um sorriso surgiu em meus lábios e, eu a conduzi pelo salão a fora, não me dando ao trabalho de me despedir dos meus amigos, mas eles deveriam estar bêbados o suficiente para não se recordar de mim.
Eu sei que não se pode dirigir alcoolizado, sei que temos a lei seca por conta disso, mas, eu estava pouco me lixando para ela. Quando se tem 18 anos, a vida é uma festa e, eu tinha acabado de tirar a carteira, o que me dava um certo ar de homem do momento.
Não me dei o trabalho de tentar descobrir o nome da mulher ao meu lado, aquilo iria ser momentâneo, coisa de uma noite apenas, não havia necessidade de assuntos mais profundos, do tipo "Como você se chama e o que faz da vida?" Eu apenas precisava de alguém para ter em mãos, uma pessoa para me satisfazer naquele momento.
Parei em um motel de beira de estrada, pedi um quarto e, quando dei por mim já havíamos feito. Eu não me recordo de muitas coisas, só sei que nem eu e nem ela usamos preservativo, pois eu havia usado os meus últimos da carteira na festa a tarde e, ela estava tão alterada que nem se recordou de trazer. Mas eu não me importei, todas as mulheres tomam pílulas e, com toda certeza aquela mulher também deveria tomar.
A noite passou e, no dia seguinte, quando acordei ela não estava mais no quarto, provavelmente deveria ter ido embora. E eu nunca mais a vi.
A transa não significou nada para mim, muito menos para ela.
Ela deve ter ido embora para casa com vergonha de me encarar depois da noite que tivemos.
Talvez meu desempenho não tenha sido dos melhores já que eu estava bêbado e cansado.
E eu fui para casa passar meu último dia em Goiânia ao lado do meu pai.
[...]
Após a faculdade, optei por fazer um mestrado em Los Angeles, o qual durou mais alguns anos, comecei a trabalhar em alguns projetos por lá mesmo e, após permanecer por lá por mais 5 anos, recebi uma ligação de meu pai dizendo que ele estava terrivelmente doente.
Decidi largar tudo para voltar para minha terra natal, a fim de cuidar da saúde do meu pai, ele estava vivendo em Belo Horizonte e, por isso acabei me mudando para lá. Nessa época eu tinha 27 anos.
Durante todos os anos que permaneci nos Estados Unidos evitei ir ao Brasil, tinha medo de ir para lá e, sentir saudade do meu país, dos costumes, das comidas, por isso dava para contar nos dedos os momentos em que eu estive lá e, quase sempre todos passavam rapidamente, pois, toda a família vinha me ver, eu saia com meus amigos, viajava e, o tempo passava voando, quando dava por mim já era hora de retornar.
Mas agora, voltando finalmente para o Brasil e, dessa vez para ficar, eu tinha um certo receio de como seriam as coisas, havia conversado com um amigo meu que me ofereceu uma oportunidade para participar da montagem de um grande shopping na região da Pampulha em Belo Horizonte e, havia aceitado a oferta, assim eu teria uma renda e, poderia auxiliar meu pai que estava debilitado.
No início eu moraria com ele, contudo, tinha planos de alugar um apartamento e viver minha vida.
Convenhamos que morar com o pai aos 28 anos, estando solteiro e sem filhos era algo broxante, eu havia curtido bastante a vida em Los Angeles e, planejava continuar curtindo as noitadas brasileiras. Apesar de ter um trabalho para me preocupar, ainda me sentia jovem e cheio de energia para ir a festas com meus amigos. Durante todo esse período, não tive coragem de me envolver seriamente com nenhuma mulher, apesar de muitas delas tentarem a todo custo me amarrar a elas, contudo, eu não sentia atração nenhuma além da física, não passando apenas de uma grande paixão avassaladora. Amor era algo que estava fora do meu vocabulário desde que eu me entendia por gente. Era como se eu tivesse uma anomalia que me impedisse de amar alguém, de sentir a necessidade de estar com uma pessoa durante muito tempo, honestamente, para mim as mulheres eram descartáveis e, eu não sentia a necessidade de ter algo mais sério com elas do que simples transas e jantares casuais onde conversávamos, nos beijávamos, mas não tínhamos nada sério. Isso nunca me incomodou então eu continuei vivendo minha vida.
[...]
Meu pai bateu na porta do meu quarto e, caminhou até mim com um envelope em mãos, eu estava sentado lendo um livro sobre história da arte, enquanto degustava uma cerveja artesanal e fumava um charuto escocês que havia comprado em uma de minhas viagens de férias pela Europa.
"Atrapalho?" Ele perguntou entrando com passos cambaleantes típicos de pessoas que possuem Parkinson. Eu o encarei, ele tinha apenas 68 anos, mas a doença neurodegenerativa ia definhando-do progressivamente.
"Não pai, estava apenas lendo um pouco, buscando inspirações para meu novo projeto" Disse
"Essa carta chegou para você um mês depois de sua partida para Los Angeles, eu sempre ensaiei de levá-la para você quando ia te visitar, mas eram tantas coisas para levar que eu acabava me esquecendo. Arrumando as coisas para a mudança eu a encontrei e, decidi entregar para você" Ele explicou me entregando. Encarei o envelope na cor verde musgo e o peguei.
Quem em pleno século 21 escrevia cartas? As redes sociais estão aí para isso!
Sem muita vontade abri o envelope, meu pai ainda estava em meu quarto me encarando curiosamente.
"Ei um pouco de privacidade não seria nada mal!" Disse e ele pareceu se tocar, saindo do quarto sem fazer barulho. Assim que ele saiu dobrei o papel que estava amarelado devido ao tempo e comecei a lê-lo calmamente.
As palavras iam me machucando como uma navalha, ferindo-me, uma vez que, eu não conseguia acreditar naquilo, era como se fosse uma trolagem, uma mentira. Foi apenas uma transa, como isso poderia estar acontecendo e, por que comigo?
Fiz as contas rapidamente, essa criança deveria ter uns 10 anos, contudo, eu não sabia nada sobre ela, muito menos se eu era realmente seu pai biológico. Convenhamos, mulheres sabem ser muito expertas quando querem ser e, eu tenho certeza que, talvez essa mulher tenha feito isso na tentativa de me incriminar. Todavia, apenas um teste de DNA poderia provar se ela estava certa.
E se eu fosse realmente o pai desse ser? Como agir frente a essa situação? Não dava simplesmente para chegar nela depois de todo esse tempo e dizer "Escuta eu sou o seu pai, desculpa por ter demorado todo esse tempo para te procurar é que eu estava ocupado em outro país.Mas agora eu quero cuidar de você. Me dá um abraço?!" Isso era tão tosco que beirava insanidade. Com toda certeza essa mãe deveria me odiar, culpando meu órgão genital pela sua desdita. Pobre mulher, sofreu tanto por minha causa e, eu não estava nem sabendo!
Me martirizei por alguns instantes imaginando as mais variadas cenas catastróficas, vi essa mulher na rua pedindo esmolas com uma criança a tiracolo, imaginei ela vivendo na casa da tal amiga que provavelmente deveria estar de saco cheio de toda essa situação e, pensei nela no parto, sozinha sentindo todas as dores sem ninguém para ampara-la.
Que tipo de homem eu era?
O que eu poderia fazer para amenizar o sofrimento daquela mulher?
Aonde ela estaria?
Ela me perdoaria se eu a procurasse? Perdoaria meu atraso?
Eu teria que me casar com ela mesmo não a amando?
Estando a ponto de enlouquecer, dobrei novamente a carta, escondendo- a em minha gaveta, bem lá no fundo, para que nenhum xereta a encontrasse. Depois peguei o envelope verde musgo e o analisei atentamente.
O remetente tinha o nome completo dela: Juliana Henrique Pereira.
Certo! Eu não tinha perguntado o nome dela quando nos conhecemos, estava ocupado demais encarando seus belos seios para pensar em qualquer outra coisa. Contudo, de certa forma, estava feliz por ela ter colocado seu endereço, o qual se localizava em Goiânia.
Merda! Eu terei que voltar para minhas origens para conversar com ela? Não dava para procura-la no Instagram?
Abri o aplicativo e pesquisei seu nome, contudo, não apareceu nada, apenas uma tal de Maraísa Henrique Pereira, a qual, pelos meus cálculos, não parecia em nada a tal mulher que eu havia dormido há 10 anos atrás.
Essa mulher tinha o perfil fechado, mas a foto de perfil mostrava uma mulher branca, com os cabelos tão negros como a noite escura e, os lábios vermelhos como se tivessem sido manchados de sangue. Apelidei-a secretamente de branca de neve e, imaginei se essa tal mulher seria irmã de Juliana.
"O sobrenome é o mesmo" Disse a mim mesmo "Contudo essa morena é mil vezes mais gostosa do que a outra" Pensei alto novamente. O cunho sexual e a comparação entre as duas foi inevitável, eu deveria parar de pensar tanto em sexo, mas aquilo era impossível para um homem como eu, talvez fosse o efeito da testosterona sobre meu corpo e, eu não tinha como mudar.
Pensei em mandar mensagem para a tal branca de neve, contudo, tive um certo receio, a bio dela dizia que ela era estudante de medicina, que estava no oitavo período da UFMG e que tinha 22 anos. Caramba! Essa menina deveria ser inteligente! Uma faculdade federal de medicina não é para qualquer um!
Um sentimento estranho tomou conta do meu ser e, eu salvei a foto da tal menina morena do Instagram, apenas para uma possível recordação. Depois disso fechei o aplicativo e me pus a pensar no que fazer agora.
Eu podia ser pai de alguém! Será que eu tinha talento para isso? Será que eu era realmente capaz de criar uma criança?
Claro que, a essa altura do campeonato a criança já estava na pré adolescência, mas a responsabilidade continuaria a mesma, a diferença é que eu não precisaria trocar fraldas, o que eu considerei como algo muito interessante.
O engraçado era que eu nunca havia me imaginado como pai, sequer havia se passado pela minha cabeça a possibilidade de ter um filho para cuidar. Eu não tinha nem namorado direito, como disse anteriormente meus relacionamentos não passavam de paqueras, nada sério e, agora a bomba de um filho!
Definitivamente eu não seria um bom pai! Com toda a certeza seria daqueles que oferece qualquer coisa para criança apenas para ela calar a boca, que odeia aquelas perguntas sem nexo e todos os porquês que meninos dessa idade tem a curiosidade de saber. Além disso, a adolescência fazia com que tudo piorasse, pois começariam as paqueras, festas, rebeldia e, todo o combo que essa fase da vida trás para todos nós. E, com toda certeza, se essa criança realmente fosse o meu filho, tenho certeza que o trabalho seria em dobro pois, eu nunca fui flor que se cheirasse. Meu pai inclusive me apelidou de rebelde sem causa, dado os meus trabalhos.
Eu estava simplesmente fudido!
[Três dias depois]
"Você é expert em computação Murilo! Não quer me dar uma mãozinha para stalkear uma pessoa aí" Disse entrando na sala de um amigo meu, o qual sabia como ninguém descobrir coisas dos outros pela internet. Eu o apelidei secretamente de hacker, o que fazia com que ele me xingasse constantemente.
"Esquece, Danilo! Não vou ficar stalkeando as mulheres que tem conta fechada no Instagram, apenas para você ficar babando, enquanto se masturba!" Disse sem tirar os olhos do computador. Fechei a cara. Certa vez, havia pedido para Murilo stalkear uma mulher gostosa que eu estava a fim, contudo, ela tinha conta fechada no Instagram e, ele com alguns aplicativos que, não me revelou o nome conseguiu não só a conta dela, como também fotos picantes dela na piscina de biquíni.
"Será que dá para você esquecer o episódio da Tiffany!" Falei mal humorado recordando-me da tal mulher "O assunto aqui é sério! Realmente preciso descobrir coisas sobre uma pessoa" Falei e ele tirou os olhos da tela do computador e me encarou curioso. Eu suspirei.
"Eu recebi uma carta de uma mulher, contudo não consigo achar o Instagram dela, eu realmente preciso dele, caso contrário, terei de fazer uma viagem até Goiânia para encontrá-la" Expliquei omitindo completamente todos os fatos que diziam respeito a um possível filho.
"Agora você namora por cartas, Danilão?!" Ele perguntou rindo, eu o fuzilei com o olhar
"Será que dá para sermos maduros aqui?" Perguntei irônico. Ele bufou nervoso.
"Qual o nome dela?" Ele perguntou, eu falei e ele começou a pesquisar. Murilo era mestre em T.I e tenho certeza que me auxiliaria. Nossa amizade era meio tóxica vista pelos olhos dos outros, já que vivíamos constantemente nos xingando, contudo, eu adorava aquele rapaz barbudo e zueiro. Ele só não precisava saber disso.
Voltei para minha sala a fim de terminar de desenhar a planta do tal shopping e, estava tão concentrado em meu desenho que nem percebi Murilo abrir a porta. Ele me encarava sério.
"Descobriu alguma coisa?" Perguntei
"Você anda trocando cartas com uma morta, Danilo!" Ele disse sério.
"Como assim?"Perguntei
"Juliana Henrique Pereira faleceu há 3 anos vítima de uma meningite" Ele explicou. Eu senti um frio percorrer toda a minha espinha.
"O que? Como assim?" Perguntei incrédulo "Onde você viu isso?" Continuei os questionamentos.
"Esqueceu que eu sou o mestre do T.I, querido?" Ele falou irônico "Eu pesquisei ela no Instagram, não achei, então fui obrigado a usar alguns recursos adicionais que não revelarei nem sob tortura" Explicou. Murilo parecia aquelas avós que não revelavam as receitas milenares da família por terem a crença de que aquilo era uma tradição e, só deveria ser passado para os seus membros. Bufei nervoso, sentindo meu rosto ficar vermelho de ódio. O que eu faria agora? De certa forma se a mulher havia morrido eu poderia simplesmente esquecer a criança, com toda certeza ela não seria meu filho, caso contrário a justiça já teria vindo até mim e me dado a guarda.
"Mas eu descobri uma coisa interessante"Ele continuou, eu o olhei curioso "A irmã dela é uma gostosa" Ele disse e eu quase pulei da cadeira, voando em seu pescoço barbudo "Se você quiser pegar ela mora aqui em BH e está solteira" Completou "Ah e ela faz medicina" Finalizou com um sorriso "O único problema é que parece que ela tem uma filha" Disse.
Eu estava estático, tão nervoso que coloquei a mão em meu pulso radial apenas para sentir se meus batimentos cardíacos estavam realmente ocorrendo, dado o meu nervosismo.
"Na verdade essa parte eu não entendi muito bem, a tal irmã dela tem 22 anos e, a sobrinha acabou de fazer 11, pelos meus cálculos essa mulher engravidou com 10 anos" Ele falou. Eu senti meu corpo gelar. Aquela não era filha da irmã e, sim a minha possível filha! Como Juliana morreu alguém tinha que ficar com a guarda da criança e, provavelmente a irmã ficou.
"Você já parou para pensar que essa menina pode não ser filha dela, seu animal?" Disse nervoso. Murilo riu
"Seria filha de quem então?" Ele falou
"Talvez pode ser filha da irmã dela, a tal Juliana" Expliquei e ele ponderou por alguns instantes.
"Elementar, meu caro Watson!" Falou com um sorriso no rosto "Eu não tinha pensado nisso, mas teoricamente a menina não teria que estar com o pai?"
"Essa parte eu não sei" Disse seco evitando entrar nesse assunto "Qual o nome da irmã da Juliana?" Perguntei ansioso.
"Maraísa gostosa Henrique Pereira" Ele disse fazendo gracinha. Eu ignorei a parte do gostosa "Obrigado Murilo, você está dispensado. Pode ir continuar seus afazeres" Falei ignorando-o.
"Espera você não quer ver uma foto dela?" Ele perguntou "Não vai se arrepender" Completou
"Depois.Tenho que terminar essa planta aqui" Menti. Eu precisava ficar sozinho.
Deus eu teria que procurar essa mulher, mas não sabia muito bem como.
O que fazer agora?
Ela deve me odiar com todas as suas forças!
[...]
Com a ajuda de Murilo descobri onde Maraísa morava e, mais um pouco da menina que vivia com ela, a qual descobri chamar-se Maiara e, ter acabado de completar 11 anos, também fiquei sabendo que essa menina estudava na mesma escola da minha prima, a Mirela, a qual era filha do irmão mais novo do meu pai, que depois dos 60 anos havia decidido divorciar-se da esposa, a qual mantinha um relacionamento de 23 anos e, aventurar-se com uma jovem de 25 anos, gerando como fruto minha prima.
Ela era uma graça, tenho que admitir, todavia, nós achávamos a atitude de meu tio uma verdadeira ofensa à graciosidade de minha tia, a qual sofrerá muito com o divórcio, entrando basicamente em um estado vegetativo. Ela amava meu tio e, vê-lo com outra acabou com todas as suas forças.
Contudo, saber que minha prima estudava na mesma escola de Maiara me auxiliou um pouco e, em uma tarde de sexta feira, pedi ao meu tio que me deixasse buscar Mirela, com a desculpa de que precisava passar um tempo com a menina. Ele aceitou de bom grado, feliz por ter um tempo a sós com a esposa novinha que ele havia arrumado.
Descobri que a saída ocorria as 17:30, contudo, com medo de Maiara já ter saído, decidi chegar lá às 17:00, por isso o local ainda estava vazio, poucos pais estavam ali, apenas os mais ansiosos, como eu.
Sentei em um banco perto da escola e observei as crianças saindo, cada qual em um momento diferente, até que uma menina de cabelos tingidos de ruivo me chamou atenção, ela era baixa, um pouco acima do peso e com as sobrancelhas arqueadas. O sorriso era algo lindo demais para ser descrito em palavras.
"Tia Lila" Ela disse sorrindo para uma mulher com os cabelos tingidos de loiro que estava na porta da escola. As duas se abraçaram e se cumprimentaram com um beijinho no rosto, depois disso seguiram em direção a esquina andando calmamente.
Eu senti algo diferente por aquela criança, uma sensação estranha como se realmente ela me pertencesse. Isso estava me assustando e, eu tive ímpeto de ir até ela e a tal Lila, contudo, meus pensamentos foram interrompidos por uma Mirela saltitante.
"Cadê meu Mc lanche feliz que você me prometeu?" Ela disse com os braços cruzados me encarando interrogativa. Ah como eu amava crianças! Pensei irônico!
"Mi, não tem como eu trazer um lanche do Mc Donalds aqui para você" Disse e ela fechou a cara. Eu dei um sorriso de canto de rosto "Nós precisamos ir até lá para comer, ninguém merece lanche frio" Expliquei e ela voltou a sorrir.
"Quer dizer que nós vamos comer no Mc Donalds?" Ela perguntou contente. Eu assenti positivamente com a cabeça. Ela me abraçou, seus bracinhos pequenos agarraram minha cintura e, eu senti sua respiração sobre minha blusa. Ela cheirava a suor misturado com alguma colônia feminina infantil. A sensação de abraçar uma criança era algo novo para mim, nunca havia feito isso, era uma coisa que estava fora da minha lista de obrigações. Todavia agora eu teria que aprender, já que teoricamente eu tinha uma possível filha.
"Vamos?!" Chamei-a enquanto ela pegava meus braços com uma certa dificuldade e os colocava em volta da minha cintura para que eu correspondesse o abraço. Eu o fiz sentindo seu corpo magro de encontro ao meu.
"Vamos!" Disse me desvencilhando do abraço, segurando em sua mão e a conduzindo até o meu carro.
"Posso ir na frente?" Ela perguntou alegre
"Quantos anos você tem mesmo?" Perguntei
"10 Danilo! Fiz aniversário no mês passado! E você foi!" Ela disse nervosa cruzando os braços sobre o tórax e fazendo bico.
"Ok, pode ir" Disse e ela se sentou na frente feliz.
" Então como foi seu dia?" Perguntei com os olhos fixos na estrada
"O mesmo de sempre primo! As mesmas meninas chatas querendo se mostrar para todo mundo, as aulas chatas, os professores chatos. A única coisa boa é que eu fui convidada para uma festa" Disse e eu suspirei sem interesse, festas de criança sempre foram uma porcaria!
"Que tipo de festa?" Perguntei sem entusiasmo. Ela suspirou me encarando
"A festa da minha amiga Maiara" Ela disse e eu quase bati em um galho de árvore no meio do caminho, sendo obrigado a frear bruscamente, Mirela me encarou interrogativa.
"Que isso Danilo! Está querendo nos matar?" Ela disse nervosa levando a mão ao peito "Eu só posso morrer depois que beijar o Felipe" Disse com um sorriso no rosto.
"Que Felipe, Mirela?" Perguntei sem entender
"O menino mais lindo do colégio" Ela disse sorrindo e eu gargalhei
"Que foi? Um dia ele vai olhar para mim, sei que vai" Disse convencida.
"Me fale mais sobre essa tal Maiara, ela é chata também?" Perguntei
"Ela é minha melhor amiga" Ela falou sorrindo "Eu a amo como uma irmã" Disse "E já disse para ela que não irei faltar na sua festa!" Completou.
O restante do caminho foi regado a conversas toscas sobre como o Felipe ficava bonito quando estava suado e vermelho, após o futebol e, como ele era gentil com as meninas, ensinando matemática a elas. Descobri também que ele tinha 13 anos e estava na oitava série, que havia entrado no time de futebol da escola, que era baiano, mas tinha vindo para Minas Gerais por causa do pai que era empresário e, seu maior sonho era ser jogador do Flamengo. Certo! Acho que minha prima tinha uma certa obsessão por esse garoto! Ri, imaginando se Maiara teria esse mesmo comportamento em relação a meninos.
Espero que ela seja mais calma! Ainda é cedo para se interessar pelo sexo oposto, talvez ela devesse pensar nisso daqui há alguns anos! Pensei comigo mesmo enquanto estacionava o carro no Mc Donalds escutando os gritinhos de emoção de Mirela, os quais estavam me dando nos nervos.
"Pronta?" Perguntei descendo do carro
"Com toda certeza! Ah e eu quero um milkshake de morango com ovomaltine e cauda de chocolate" Ela disse correndo em direção a porta de entrada. Eu caminhava calmamente atrás dela. A hiperatividade de Mirela me amedrontava.
Talvez eu devesse conviver mais com crianças antes de ter o primeiro contato com Maiara.
[...]
Certo, depois de conversar com Carolina, a mãe de Mirela, acabei convencendo-a levar sua filha a festa de Maiara, a qual ocorria dali há 5 dias em um buffet infantil. Eu sabia também que teria meu primeiro contato com Maraísa ali naquela festa e, esse fato me deixava nervoso.
Convenhamos, era mais fácil Maiara gostar de mim já que ela era uma criança que não sabia da história (pelo menos eu esperava isso) do que da sua tia, a qual com toda certeza deveria me odiar e, desejar todas as noites para que eu morresse esfolado vivo. Todavia, eu não sabia como chegar nela, tinha medo de confundir as coisas, dela achar que eu estava dando em cima dela ou então me xingar completamente quando eu contasse toda a minha parte da história.
Contudo, apesar de tudo eu não tive culpa, veja bem, eu havia transado com a menina e um dia depois havia ido embora para outro país, entendo que isso fez com que nos distanciássemos e perdêssemos um contato que já não existia, todavia, o ato ocorreu de livre consentimento entre nós dois e, se ela não quisesse ela poderia ter me dito.
Mas ela estava bêbada demais para pensar em qualquer coisa.
Eu me aproveitei dela quando ela não estava em seu juízo perfeito. Mas se for parar para pensar eu também não estava. Ambos estávamos embriagados demais Lara pensar em qualquer outra coisa.
Por que o ato de beber fazia com que nós ficássemos mais propensos a fazer merdas? Qual o efeito que o álcool tinha no SNC para deprimi-lo a esse ponto?
Por que eu havia bebido naquela noite mesmo? Por que havia feito isso comigo? Talvez se eu não tivesse tomado todas aquelas cervejas eu não teria feito um filho naquela pobre jovem.
A culpa me corroía por dentro a ponto de perder todas as noites que antecediam a festa, eu estava tão nervoso que comecei a roer as unhas, em um comportamento típico de um adolescente na véspera de uma prova difícil onde ele precisa de nota.
[...]
Na noite da festa, procurei vestir minha melhor roupa, a fim de tentar transparecer que eu era um rapaz descente. Sei que Maraísa com toda certeza estaria pouco se lixando para o que eu estaria usando depois de saber de toda a verdade, contudo, eu precisava ao menos estar apresentável antes de morrer pelos braços dela. Decidi que daria a carta para ela, excluindo o envelope que continha o nome da irmã e, depois que ela lesse tudo poderíamos conversar a respeito. Um aniversário não era o lugar que eu tinha em mente, por isso pensei em chama-la para ir a algum lugar aberto como um shopping ou algo do tipo, assim teríamos mais tempo e espaço para conversar.
Peguei meu carro e rumei até a casa de Mirela, a qual estava no hall do prédio me esperando nervosa. Ela andava em círculos e, sua estatura era tão pequena que fez com que eu gargalhasse ainda dentro do carro. Assim que me viu ela correu até mim, o vestido branco esvoaçante voou com o vento e, eu sorri sem motivo, vendo-a caminhar tão depressa.
"Você demorou!" Ela disse batendo a porta do carro com força e, por um momento eu tive pena do tal Felipe por precisar aturar minha prima caso eles viessem a namorar. Mulheres sempre com seus dramas!
"O trânsito estava um caos, querida!" Disse irônico e ela cruzou os braços "Você está linda essa noite se me permite dizer" Completei a encarando dos pés a cabeça. Realmente ela estava linda com o vestido que ia até os joelhos e os cabelos loiros soltos com uma tiara de flores vermelhas na cabeça e uma sapatilha branca em seus pés. Ela parecia um anjo.
"Vai cagar!" Ela disse quebrando toda a beleza da situação.
"Vá você!" Pronto eu havia me tornado uma criança também.
A verdade é que eu estava excessivamente nervoso com o que encontraria quando chegasse a tal festa, imaginando todas as cenas possíveis as quais eu iria me deparar. Nesse sentido o caminho foi silencioso, apenas escutando minha prima cantarolar as músicas do Justin Bieber que tocavam na rádio.
[...]
Ela foi a primeira pessoa que eu vi, tão linda e graciosa que eu tive que me conter para não encara-la com segundas intenções. O vestido negro curto realçava suas pernas torneadas e os seios fartos, os cabelos escuros estavam soltos e alinhados contrastando com a pele branca.
Ela realmente me fazia recordar da branca de neve e, eu me achei um tolo por estar pensando nisso o tempo todo.
Eu realmente precisava parar de olhar para ela como se ela fosse um pedaço de carne e, encara-lá como alguém a quem eu tinha contas a prestar. Mas aquilo era mais forte do que eu e, se estivéssemos em outras situações eu já teria me aproximando com segundas intenções.
Ela sorria para todos cumprimentando os convidados que já estavam ali, os lábios vermelhos davam a ela um ar mais sensual.
Ela era jovem demais para cuidar de uma criança e, eu tentava inutilmente imaginar o motivo dela estar com essa incumbência. Por que ela teve que cuidar da sobrinha? Por que não seus pais?
Essas perguntas rodavam em minha mente e, eu tentava de forma inútil juntar o quebra cabeças, contudo, estava sem respostas.
Mirela brincava com algumas meninas e, eu não avistei Maiara em lugar algum, buscando com olhar pistas dela. Até que olhando fixamente para a escalada eu a vi. Ela usava um vestido também negro como o de sua tia, os cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo mal feito e, ela estava suada.
Ela parecia com medo olhando tudo com curiosidade e com certo temor no olhar, as amigas estavam escalando as paredes tranquilamente, gritando seu nome, contudo ela mantinha-se estática. Sem entender bem minha reação caminhei até ela ignorando as vozes da minha cabeça que me impulsionavam a dar meia volta e ir para minha mesa.
"Está com medo?" Disse me aproximando dela que mantinha o olhar fixo na parede. Ainda assustada ela me encarou surpresa pela minha presença, até porque eu era um completo desconhecido para ela.
"Estou sim" Ela me respondeu olhando firme em meus olhos e, de imediato senti uma sensação inexplicavelmente familiar como se aquela menina me pertencesse e, de certa forma dada as circunstâncias ela me pertencia. Um sorriso bobo se formou em meus lábios e, ela sorriu de volta, como se de certa forma sentisse o mesmo que eu. "Ei senhor?!" Disse chamando um homem de cerca de 30 anos responsável por colocar os equipamentos de proteção para que as crianças escalassem "Teria a possibilidade de você colocar um cinto em mim para que eu possa escalar?" Perguntei e ele me olhou incrédulo como se eu estivesse acabado de falar alguma coisa impropria. Todavia, percebendo que eu estava falando sério, ele caminhou até o local aonde os equipamentos se mantinham arrumados e, procurou um cinto que me servisse. Maiara olhava tudo aquilo curiosa, no entanto, não expressava nenhuma emoção, além de me encarar seriamente.
"Tenho esse" Ele disse já me arrumando para que eu pudesse praticar o esporte. O cinto caiu como uma luva e, em questão de minutos eu já estava pronto.
"O segredo é não olhar para baixo" Disse olhando para ela e, estendendo minha mão esquerda para que ela segurasse "E acredite, esses cintos não vão te deixar cair!" Falei. Ela apertou minha mão com uma certa força e, começamos a caminhar em direção a parede.
"Quem vai primeiro?" O mesmo rapaz de outrora perguntou com voz áspera, como se estivesse duvidando da minha capacidade de escalar aquela parede. Eu estava tremendo por dentro, contudo, precisava fazer isso, aquele era meu momento com Maiara e, ninguém iria estragar isso. Olhei para os lados e avistei uma Maraísa muito ocupada conversando com um rapaz barbudo, os dois riam gostosamente sobre alguma coisa que eu não sabia identificar o que era.
"Eu irei"Disse soltando a mão de Maiara e me preparando para subir, o homem me auxiliou prendendo uma espécie de gancho em meu cinto. Após isso comecei a escalar a parede tranquilamente evitando olhar para baixo. Não era tão alto assim, e por ter braços longos, devido a minha altura não demorei nem cinco minutos para chegar ao topo. Olhei para baixo e, tive uma surpresa agradável ao perceber que Maiara estava escalando há alguns metros de distância de mim. Um sorriso surgiu em meus lábios e, eu comecei a ponderar por alguns instantes.
Pensei nela e, na oportunidade que ela estava me dando de mudança. Sim, porque, sendo pai dela eu me tornaria alguém mais responsável, alguém que não fica mais com mulheres por conta de sexo, nesse momento eu precisava achar alguém para fazer o papel da mãe dela e não de mais uma na minha cama. Eu também precisava mostrar que era alguém maduro, não um rapaz mulherengo que não consegue manter nada estável. Sinceramente, eu precisava dar exemplos bons para que ela os seguisse.
Pela primeira vez naquela noite senti arrependimento por ter olhado Maraísa daquela forma, por tê-lá desejado e a comido com os olhos. Ela era apenas a tia da minha possível filha, mas mesmo assim ela exigia respeito. Eu tinha que respeitá-la como não havia feito com a irmã dela. E sinceramente, eu estava disposto a fazer isso, mesmo que o desejo me corroesse por dentro, mesmo que ela ficasse de uma delícia com aquelas roupas, mesmo que ela me provocasse, ela era apenas a tia de Maiara.
Então eu decidi conversar com ela, colocar panos limpos na mesa, lutar para que ela me entendesse e me deixasse saber a verdade, pedir para fazer um exame de DNA e, assumir uma responsabilidade que eu deveria ter assumido há 11 anos atrás.
E depois de um suspiro e, de ver Maiara agora ao meu lado eu percebi que todo esse esforço valeria a pena por ela, já que ela necessitava disso.
E por um momento eu me senti feliz por estar mudando.
"Obrigada" Ela disse baixo com um sorriso bobo no rosto
"De nada, viu só, o medo nos deixa estáticos, mas precisamos vence-lo todos os dias!" Falei como se estivesse acabado de ler aqueles livros de auto ajuda. Ela pareceu não entender muito bem a frase, pois ficou apenas sorrindo sem graça.
"Enfim vou descer, tenho algo importante a ser feito" Disse e logo escutei o chamado de uma amiga dela que estava escalando logo atrás de nós. Maiara desvencilhou seu olhar do meu, me agradeceu mais uma vez e foi escalar com a amiga, deixando-me só.
A descida foi rápida, todavia o tempo foi o suficiente para colocar meus pensamentos em ordem.
Eu tinha algo a fazer, algo a mudar e, estava disposto a começar desde já.
E se Maiara fosse realmente minha filha eu brigaria na justiça por ela, mesmo que para isso eu tivesse que gastar todo o meu dinheiro com advogados.
"Droga! Eu amei essa fedelha!" Falei baixinho enquanto me dirigia para minha mesa.

XXX
Achei que não voltaria tão cedo, mas o vício em escrever é maior, especialmente do nosso casal favorito.
Obrigada pelo carinho ❤️

Quebra cabeça do destino [DANISA]Onde histórias criam vida. Descubra agora