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Atravessar o país nunca esteve em seus planos, apesar de que, nos últimos meses nada daquilo estava em seus planos. Angel só queria terminar a escola, ser promovida no trabalho, e economizar dinheiro pra faculdade. Mas agora ela estava naquele carro preto, parando em frente a casa de sua prima, naquela cidade de fim de mundo chamada Beacon Hills.

Ela detestava.

Vinci: vamos senhorita Morgan.

A ruiva finalmente percebeu que tinham parado, e o motorista já tinha aberto a porta, esperando que ela descesse. Esticar as pernas depois de tanto tempo naquele carro foi reconfortante, mas ao olhar para aquela casa, não soube exatamente o sentimento que sentiu. Principalmente quando a porta foi aberta revelando a imagem de Natalie Martin.

Enquanto o motorista descia as malas dela, Angel caminhou até a entrada da casa, e se deixou ser acolhida pelos braços calorosos da prima.

Natalie: ah... Faz tanto tempo.

Angel: sim Nat.

O abraço demorou mais do que Angel esperava, quando finalmente se afastaram, a adulta sorriu triste e acariciou seus cabelos.

Natalie: sinto muito querida.

Angel: obrigada.

Tentou ignorar a sensação que subiu por sua garganta, pressionando a língua no céu da boca e desviando o olhar da adulta. Sinto muito. Palavras que ouviu tantas vezes de tantas bocas diferentes naqueles dois meses que se passaram. Nenhuma tão verdadeira quanto a sua, concerteza.

Natalie: venha.

As duas adentraram a casa, Natalie permitindo que o homem de preto colocasse as malas na sala. Enquanto os olhos da adolescente passavam por cada mísero canto da casa, não tinha mudado nada.

Vinci: temo que seja minha hora de ir senhorita Morgan.

Ele parou em frente a mais nova e a olhou atentamente. Foram longos dez anos com a garota, não estava preparado pra deixá-la sem supervisão naquela cidade, mas não tinha escolha.

Angel: obrigado Vinci. Você pode voltar.

Com um aceno de cabeça, o homem saiu da casa, se direcionando novamente pra fora da cidade. Um aperto preocupante em seu peito que claramente era causado pela situação atual, e pelo que tinha acabado de fazer. Porém Angel estaria melhor com Natalie do que com ele ou qualquer outro, ela estava segura alí, era no que acreditava.

Natalie: vou preparar o jantar, seu quarto é o mesmo.

Angel: não desmontaram?

A adulta riu negando com a cabeça. Mesmo que quisesse, não teria com o que ocupar aquele cômodo.

Natalie: essa casa também é sua Angel, nunca faria isso. Agora suba, tome um banho e depois desça.

Concordando, a adolescente subiu suas malas pro quarto que era ao lado do de Lydia. Se questionou do porquê ela não estar na casa a aquele horário, ou se ela pelo menos sabia que estava voltando pra Beacon.
De banho tomado, ela organizou algumas coisas no cômodo pra deixá-lo mais confortável e familiar, até que ouviu a voz de Natalie no andar de baixo. Desceu novamente, encontrando a mulher com uma chave de carro na mão perto da porta.

Angel: tá tudo bem?

Natalie: aconteceu um acidente com a Lydia, ela está bem mas estou indo pra lá.

A adolescente rapidamente pegou seu casaco no cabideiro e puxou as chaves do carro da mão da mais velha.

Angel: eu dirijo.

E assim saiu, não deixando tempo pra adulta a contrariar. Foram apenas alguns minutos até a rodovia onde o cervo tinha batido no carro, dava pra ver as luzes da polícia piscando a um quilômetro. Natalie desceu rapidamente procurando por Lydia, enquanto Angel teve o cuidado de desligar o carro e o travar, antes de ir até as primas e os outros.

Natalie: tem certeza que não se machucou?

Lydia: sim, mãe, eu tô bem.

Os olhos de Angel fixaram no cervo morto atravessado de frente com o para-brisa, até sua atenção ser roubada pelos braços da prima.

Lydia: por que veio? Deve estar exausta da viagem.

Angel: não tanto.

Se afastaram e Lydia analisou cada detalhe do rosto da prima, tentando notar alguma diferença da Angel de um ano atrás. Ela estava diferente, tinha algo nela que deixava sua aparência diferente.

Stiles: quem é essa?

A voz do rapaz as tirou daquele contato visual estranho que mantinham. Angel o analisou rapidamente, antes de passar pra garota ao seu lado e depois pro moreno. Demorou seus olhos mais no último, detalhando seus traços como uma psicopata. Notou a mandíbula torta, a pintinha na parte superior da bochecha direita, e a pequena, quase imperceptível, cicatriz na bochecha esquerda. A iluminação era péssima, apenas com a luz da lua e das sirenes, mas Angel tinha uma boa visão.

Lydia: essa é a minha prima, Angelina.

Angel: Angel, ninguém me chama de Angelina, é só Angel.

Esclareceu vendo a prima revirar os olhos. Voltou seus olhos pro trio que ainda a olhavam, o primeiro a se pronunciar foi o mesmo de antes, se adiantando pra estender a mão em sua direção.

Stiles: eu sou o Stiles. Essa é a Allison e aquele é o Scott.

Apontou pros outros dois enquanto segurava a mão dela, olhando em seus olhos azuis que pareciam um oceano.

Angel: é um prazer conhecê-los.

Se soltou da mão do rapaz ao perceber que já estavam naquilo a um considerável tempo, olhou brevemente pros outros, antes de voltar pro cervo.

Angel: não é muito comum eles virem de frente.

Ela tocou no corpo morto, mas logo afastou a mão. Era estranho. O corpo estava começando a ficar frio, mas ainda conseguia sentir o calor dos pelos ralos.

Stiles: sim, normalmente eles são acertados ao atravessar a rua... Mas, como sabe disso?

Ela se virou pra ele confusa por ele saber daquilo. Não era uma coisa grandiosa, mas não era o tipo de informação que apareceria em um noticiário ou jornal.

Lydia: o pai dela era veterinária, o melhor de Chicago.

A conjugação no passado chamou a atenção do trio, que olhou pra Angel novamente. O reconhecimento passando por eles quando ela desviou o olhar e se mexeu desconfortável.

Natalie: acho que é melhor irmos, está tarde.

Voltou a se aproximar deles, e apoiou a mão no ombro da filha.

Natalie: Allison querida, vem com a gente?

Allison: vou sim.

Angel: vou ligar o carro.

Depois de receber um aceno positivo da adulta, foi até o automóvel e entrou nele, ignorando a sensação do olhar daqueles três. Estranhos. Foi o que pensou.
Virou o carro na pista, e depois de alguns minutos, as três mulheres entraram, Natalie na frente enquanto as outras duas iam atrás. Angel pode ver pelo retrovisor os dois rapazes entrando em um Jeep. O caminho de volta foi um pouco incômodo, talvez pelo silêncio. Lydia e Allison conversavam baixo e com os olhares, inquietas com o que aconteceu, Natalie parecia a ponto de cochilar, e Angel estava focada na estrada. Vez ou outra olhava pro jeep atrás delas pelo retrovisor, só pra ter certeza de que eles ainda estavam lá.

Algo estava a deixando inquieta, só não tinha certeza do que, e no fundo, torcia pra não ser nada.







[Não revisado]

Primeiro capítulo, Angel chegando em Beacon e referências, quem pegou?

O próximo capítulo saí quarta.





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