Alie

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O sol mal havia nascido e eu já me encontrava de pé, na minha frente estava uma casca de árvore e dentro dela várias ervas medicinais na qual eu esmagava com o auxílio de uma pedra, assim que acabei enchi minha perna com o emplastro verde até cobrir a marca da mordida e amarrei com outras tiras da minha roupa. Não era o melhor curativo que eu já havia feito, no entanto, ia servir para a ocasião. Depois que recolhi o que sobrou das folhas e raízes fui até a caverna, me certifiquei de deixar as frutas que sobraram do outro dia sobre a rocha oculta e parti em direção ao ponto de encontro dos dois irmãos. Eu estava determinada a conhecer mais sobre aquele mundo, e não havia melhor forma de começar se não com a ajuda de Minir e Dimir.

Quando cheguei nas árvores de frutas amarelas me surpreendi ao ver que os dois irmãos já estavam lá, Minir com um casaquinho de lã vermelha e Dimir com um de lã verde.

—Crianças, o que fazem aqui a essa hora?

Olhei para a copa das árvores, era de dia mas ainda não deixava de ser cedo.

—Não conseguimos dormir a noite de tão ansiosos, então viemos mais cedo para te esperar Sophie!

Enquanto a irmã falava, o pequeno garotinho correu para abraçar minha cintura.

—Já falamos com a mamãe, ela deixou você ir!Podemos brincar de pique esconde quando chegarmos!

—Vamos Sophie!

Me abaixei para fazer um rápido carinho nos fios lisos de Dimir pouco antes de me colocar de pé.

—E só mostrarem o caminho!

Com o som de gritos de alegria segui as duas crianças em direção a estrada de pedras onde eles saltitavam a cada passo dado, tanto que precisei caminhar com um pouco mais de pressa assim que percebi que estava ficando para trás, porém, depois de pouco mais de alguns minutos a primeira construção do vilarejo surgiu.

—Chegamos Sophie!

Mesmo que as crianças fossem na frente correndo, não conseguia simplesmente passar reto pelas casas sem admirar as construções.

O vilarejo ficava na orla da floresta, cheio de casinhas coloridas com telhados de barro vermelho e janelas de madeira onde algumas cortinas brancas balançavam com a brisa suave. O caminho de pedras havia ficado para trás e agora eu pisava em terra batida demarcada por algumas cercas e canteiros de flores, ao longe campos verdejantes ondulavam sob o vasto céu azul onde nuvens brancas flutuavam calmamente. Ver aquela paisagem aqueceu um pouco meu coração, como se não houvesse nenhum outro lugar no mundo que pudesse emanar a mesma paz e tranquilidade.

—Sophie!Aqui!

Dimir e Minir me esperavam em frente a uma casinha de dois andares com uma pequena varanda.

—Vêm!Vamos te apresentar a mamãe!

Conforme eu avançava pelo quintal até o sobrado não encontrei com mais ninguém, o que de certa forma foi um alívio já que eu não havia me preparado para conhecer outras pessoas com chifres andando normalmente por ali, no entanto, só quando eu subi o pequeno lance de escadas e cruzei a varanda em direção a pequena sala de estar que fui me dar conta de que também não estava preparada para encontrar com a mãe dos dois irmãos. De qualquer forma já era tarde demais para voltar atrás, eu já estava parada dentro de uma cozinha ampla, Minir e Dimir na minha frente onde uma mesa de madeira nos separava de uma mulher baixinha que estava de costas, seu cabelo liso e ruivo despencava abaixo dos ombros enquanto o par de chifres retorcido surgia no alto da sua cabeça. Sem que eu quisesse senti meu sangue gelar.

Corpo e alma, a pior das maldições (Projeto em fase de criação)Onde histórias criam vida. Descubra agora