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Danielle pov

Acordo e sinto um cheiro a panquecas, salto da cama e sigo para a cozinha, onde encontro-o meu primeiro e novo amigo a cozinhar. Encosto a minha anca à sua fazendo-o cambalear para o lado devido à sua desconcentração.
"Bom dia ella"
"Apelido novo?" provoco.
"O quê? Agora por não seres original, invejas-me?! Que falta de criatividade."
"Sendo assim tenho de arranjar um para ti." digo, enquanto me sento na mesa.
"Nunca será tão boa como a minha."
"Pois sim, como se a tua chegasse a ser original." gozo "Já sei, camcam."
"Não tu não me vais chamar isso, é horrível!" rejeita a minha esplêndida ideia, enquanto vira a panqueca que está dentro da frigideira.
"Sim, eu vou chamar-te assim. Camcam." digo, não conseguindo permanecer séria e desatando a rir.
Vejo-o aproximar-se de mim com um sorriso matreiro estampado na sua cara e não gosto do que está para vir. Ainda tento fugir, mas de nada me adianta pois ele apanha-me logo, começando a fazer-me cócegas.
"Ccameron." tento pará-lo mas este continua. "ppor favor." suplico, fazendo-o parar.
"Nunca mais me chamas isso, ok?"
"Tudo bem, desde que não haja mais "ella", ok?"
"Temos acordo." diz esticando a mão para celar o acordo com um aperto de mão, fazendo-me rir. Aperto-lhe a mão e sinto que nos esquecemos de algo.
" AS PANQUECAS" grito, corro para o fogão que já começava a deitar fumo e desligo-o.
Depois de tomar o pequeno almoço, despedi-me de Cameron e fui para minha casa. Segunda era dia de trabalho e eu ainda tinha de acabar um manuscrito que trouxera para casa.
Preciso de jantar, apetece-me lasanha, tenho tudo menos natas. Talvez se pedisse a Cameron ele me emprestá-se uma caixa de natas, depois eu devolvo-lhe.
Saio pela a porta principal, dirigindo-me à do meu vizinho. Toco á campainha e espero, mas como ninguém responde toco de novo, se ele não abre a porta é porque não deve estar em casa, viro costas pronta para desistir. Ouço a porta de casa do meu vizinho abrir-se e volto-me para o encarar com um sorriso. Ao ver quem abre a porta o meu sorriso desvanece, tornando-se numa expressão sem emoção. Quem é ela?
"Desculpa? Que queres miúda?" interroga-me com a sua voz extremamente esganiçada e irritante.
"Ah, já não é nada." digo e baixo o meu rosto até ao chão. Consigo ouvi-la rir-se de mim antes de me fechar a porta na cara.
Sinto o meu coração apertar. Ele mentiu-me, ele disse que não estava com ninguém. Se ele me mentiu sobre isso, pode ter mentido sobre tudo o resto. Não entendo, era suposto ele ser meu amigo, os amigos não mentem uns para os outros. Já em casa, decido ir deitar-me, perdi a fome. Não aguento mentiras. Apesar de nunca ter tido amigos, eu sei que a base de uma amizade é a confiança. E com mentiras, não há confiança. Quando começa a ficar tudo bem, ele tem sempre de estragar tudo. Começo a pensar que nunca terei uma vida estável. Desde sempre tem sido uma autêntica montanha-russa. E eu posso estar à fase de um esgotamento psicológico. Eu não conseguirei evitar, foram muitos anos de sofrimento sem nunca sorrir genuinamente, agora que talvez ele me estivesse a fazer sorrir de verdade, mente-me.
Eu nem vou perder mais tempo a pensar nisso. Eu pensei que podíamos ser amigos, mas afinal não. Eu devia ter continuado no meu canto. Afinal como pode o Cameron Dallas ser amigo de alguém, aquele que nem liga ao amor. Ouço a campainha do meu apartamento tocar uma, duas vezes mas eu nem me levanto. Não tenho pachorra para levantar-me. Mas a pessoa que me quer ver continua a insistir, ai que inferno. Levanto-me chateada, nem me preocupo em vestir algo mais composto e vou abrir a porta. Devia ter me deixado ficar na cama, afinal não é ninguém que valha a pena. Tento fechar-lhe a porta, mas ele impede colocando o seu pé à frente da porta.
"Deixa-me entrar." pede.
"Que queres?" pergunto rude.
"O que é que se passa? Abre lá a porta não quero ter de abri-la à força." volta a insistir.
Cansada de toda esta situação, deixo o entrar. Só quero voltar para a minha cama para poder dormir, tenho demasiado sono.
"Danielle, o que é que se passa?"
"Nada, só quero ir dormir." digo, encarando o chão.
"Não me mintas. Odeio mentiras." fico perplexa, até agora mentiu, e agora não suporta mentiras?
"Como podes tu odiar mentiras?"
"Que queres dizer?"
"Eu não tenho namorada, onde foste buscar essa ideia?" digo, imitando a sua voz.
"Espera, não estou a perceber."
"Cameron, importas-te de sair. Amanhã trabalho e estou cansada." digo virando costas para seguir para o meu quarto "Sabes onde é a porta." sinto os seus olhos sobre mim mas ignoro, continuando o meu caminho. Ouço suspirar seguidamente dos seus passos, finalmente decidiu ir se embora. Sinto a maçaneta do meu quarto rodar e fico espantada, o que é que ele está a fazer?
Vejo-o aproximar-se de mim, e parar, ajoelhando-se junto à cama. Sinto as suas mãos alcançarem as minhas bochechas, fazendo-me olhar-lhe nos olhos.
"Ouve, eu não sei o que se passa. Mas eu não me quero chatear contigo, especialmente se eu não sei a razão. Por isso se queres ficar chateada comigo, tens de pelo menos dizer-me o porquê. Por isso começa a falar." é justo.
"Bem, eu odeio mentiras. E tu mentiste-me. Disses-te que não tinhas namorada, mas depois fui a tua casa, porque queria fazer lasanha mas não tinha natas. E pensei que tivesses, por isso ia pedir-te para me emprestares e depois eu devolvia. Mas olha quando abriram a porta não eras tu mas sim a tua namorada e ela gozou comigo, acreditas? Gozou comigo. O que me chateou foi teres mentido, não teres namorada, porque tu podes ter as namoradas que quiseres, apenas não me mintas. Porque eu odeio mentiras." digo super rápido, e baixo o meu rosto, envergonhada por ter admitido o porquê de estar chateada. Ouço a sua gargalhada e fico confusa.
"Então, estás com ciúmes?"
"O quê? Não, apenas odeio mentiras." digo, sem nunca erguer o meu rosto.
"Danielle?" sinto as sua mão erguer o meu queixo, para que pudesse olhar-me nos olhos.
Ele fixa-se nos meus olhos pelo que parecem horas, até que aproxima o seu rosto do meu. Ele continua a aproximar-se até que fica a milímetros dos nossos lábios se tocarem.

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