Danielle pov
Os nossos lábios aproximam-se cada vez mais.
"Não me afastes, não desta vez." diz.
Os seus lábios rasparam nos meus e ele corta o espaço que restava entre nós. O meu primeiro beijo. Ao início fico à toa, mas depois acabo por fechar os olhos e deixar-me levar. O beijo é simples, mas depois intensifica-se e Cameron pede passagem para a minha boca com a sua língua. Cedo-lhe passagem e as nossas línguas lutam pelo espaço. O beijo acaba e fico a olhá-lo. E agora?
Ele desvia alguns cabelos que caíam na frente dos meus olhos. Eu não sei onde isto nos deixa. Acabei de dar o meu primeiro beijo. Isto só me deixa mais confusa.
Acordo com um peso bruto em cima de mim. Ohh, isto foi um sonho. Eu não acredito que acabei a sonhar que o meu chefe que agora também é meu amigo me beijava, eu só posso estar a delirar. Levanto-me devagarinho para não acordar o moreno de olhos avelã e saio do quarto, fechando a porta atrás de mim. Bebo um copo de água e pouso este no balcão. Viro-me para voltar para o quarto e assusto-me.
"AIIIIIIII." Grito e largo uma bofetada no corpo à minha frente. " Tu és doido?"
O moreno cai e ri perdidamente, permaneço no meu lugar a olhar-lhe seriamente com as mãos na cintura.
"Oh, tu achas que tem piada." tento soar ameaçadora, mas é claro como a luz do dia que é em vão. Um sorriso prende-se no canto dos meus lábios, e eu fico a observar aquela figura querida... Querida? Chata. "Levanta-te, quero comer noddles!" ordeno.
O rapaz levanta-se e olha-me fixamente.
"Tu queres noddles? Às 5h da manhã?!"
"Sim. Eu disse-te que amo noddles."
"Ok. Então faz, também quero."
"Mas eu não tenho." respondo.
"Então comes amanhã! Vamos apenas comer algo."
"Não! Eu quero noddles." digo e dirijo-me à porta de entrada e visto o seu casaco. " Eu vou comprá-las agora." pego nas chaves e calço as minhas botas fofinhas.
"E onde vais comprá-las a esta hora?" diz enquanto me segue para fora do meu apartamento.
"Numa bomba de gasolina!? Oh deus, quem nunca comprou noddles de madrugada?"
"Tu és doida!" lanço uma gargalhada e entro no seu carro. "Oh, agora também roubas carros?"
"Diz que sim!"
A bomba mais perto aberta, fica a 15 minutos. E Cameron aproveita a viagem para me chamar de doida tantas vezes quanto pode. Compro um copo de noddles de galinha e outros dois de camarão para Cameron.
Voltamos para casa e em menos de 20 minutos já estamos sentados no chão da sala a comer os nossos noddles enquanto vemos spongebob.
Eu às vezes penso, se alguma vez um de nós começa-se a sentir algo mais forte do que amizade e não fosse correspondido, será que isto acabaria? Eu não quero que acabe. Eu gosto muito da sua campainha. Aliás, é a minha única. Eu não sei, se ele simplesmente fosse, seria muito estranho. Agora que penso nisso, amigo é só ele. Tenho alguns colegas do trabalho, mas nada para além disso. A Miriam também podia ser candidata a minha amiga, mas nem cheguei a investir nisto. O meu tempo é quase todo para o idiota do meu vizinho.
"Tens razão." felicita "Não há nada melhor do que comer noddles de madrugada."
"É, eu sei. Sou um gênio. Não te esqueças do spongebob, sem ele não é tão bom." solto uma gargalhada e ele acompanha-me.
"Podia tornar-se vida. Eu, tu, noddles e spongebob." soa-me muito bem.
"É convidativo mas vou ter de recusar. Eu, noddles e spongebob já somos um triângulo amoroso independente. Não teria qualquer sentido formar-mos um quadrado." argumento.
Pouso o meu copo de noddles vazio na mesa de centro e fico a observar Cameron a devorar o seu segundo copo de noddles.
"Que foi?" pergunta-me de boca cheia.
"Primeiro: eww, segundo: não fales de boca cheia e terceiro: nada, apenas pareces entretido a comer estes noddles."
"São ótimos." responde.
"Os de galinha são ótimos, os de camarão nojentos."
"Minha amiga se já te achava doida por sair de casa de madrugada para comprar noddles, agora sei que és completamente insana." começa "Quem não gosta de camarão?"
"É completamente nojento, sugar a cabecinha aos coitados dos bichos." Digo, desfazendo-me em gargalhadas com o meu vizinho. Não sem que o meu rosto não fique completamente corado por aquilo que disse ter duplo sentido.
"Oh, a minha Danielle tão taradinha" disse ao apertar-me as bochechas " mas sem nunca perder a inocência" conclui.
Bato-lhe nas mãos, fazendo-as cair no seu colo.
"Não faças isso." digo e viro a cara pelo o nível de vergonha ser demasiado para uma pessoa só "e tu é que és um perverso, eu disse aquilo sem qualquer intenção." justifico.
"Pois sim." goza.
Olho-o com os olhos semi-cerrados. Aproximo-me dele lentamente e faço cócegas no seu abdômen, mas ele nem se mexe. Empurra-me delicadamente para trás, ficando com as suas pernas de cada lado da minha cintura. E olha-me com atrevimento e sobe as suas mãos até à minha barriga. Imploro repetidamente, mas ele não me ouve e faz-me cócegas e eu riu perdidamente.
"Ppára pporfavor." digo entre gargalhadas. Ele pára e fica a olhar-me atentamente. Sorrio.
"Se não queres que continue, tens de dizer "Oh, Cameron porquê que és tão lindo? Eu quero-te só para mim gostoso." propõe.
"Oh, é que nem penses." nego de imediato.
"Ok, tu é que sabes." diz e começa a fazer-me cócegas, novamente.
"Ok, ok." digo e ele pára imediatamente " mas só porque já me dói a barriga." tento pensar numa possibilidade de fuga, mas nada.
"Então? Vá, estou à espera!"
"Oh, Cameron porquê que és tão feio? Eu não te quero nem dado." digo e aproveito para lhe empurrar e fugir!
Começo a correr em direção ao quarto mas antes que isso acontece-se, sinto uns braços rodear-me a cintura e puxar-me, fazendo-me embater contra um tronco. Cameron. Sorriu. Viro-me de frente para ele e encaro os seus olhos cor avelã.
"Tu não achavas mesmo que ias conseguir escapar." ri-se.
"Eu ia conseguir." protesto " se tu não tivesses me apanhado" digo e cruzo os braços, fazendo beicinho.
"E eu tenho a culpa que não corras nada?" goza.
"Eu corro o que uma pessoa normal corre, tu é que tens pernas de girafa e corres anormalmente rápido." argumento.
"Não me parece."
Mostro-lhe a minha língua, e saio do seu aperto indo em direção ao quarto. Sento-me de costas para porta na cama e ouço esta fechar-se, ele também veio.
"Apagaste a televisão?" pergunto e deito-me por baixo dos cobertores.
"Sim, eu apaguei." responde e deita-se a meu lado
Viro-me para o meu único vizinho e este faz o mesmo.
Começa a mexer nos meus cabelos e eu fecho os olhos. Ele pára.
"Não disse para parares" susurro de olhos fechados. Ele solta uma leve gargalhada e recomeça a mexer no meu cabelo.
"Hoje é natal!" sussurra/grita e abana o meu corpo levemente.
"Daqui a pouco Cameron, ainda é cedo."
"Mas eu quero abrir os presentes."
"Tem mesmo de ser?"
"Sim, tem." Insiste.
Pego no meu telemóvel para ver as olhas.
"Mas são apenas 7:30 am." refilo "Não pode ficar para mais tarde?!" pergunto enquanto bocejo.
"Só se me fizeres uma massagem." negoceia.
"Okok, mas depois deixas-me dormir!" concordo.
Ele tira a t-shirt que tinha vestida e deita-se de barriga para baixo. Vou buscar um creme calmamente e volto para a cama, sentando-me em cima do seu rabo. Coloco um pouco de creme nas suas costas e vejo as suas costas arquearem-se ligeiramente devido à diferença de temperatura. Começo por espalhar o creme pelas suas costas, seguindo de movimentos de pressão sobre estas. Ouço alguns grunhidos de contentamento por parte dele, e sorrio por estar a fazer um bom trabalho de mãos. Oh não, bato-me mentalmente por este pensamento, não parece nada meu, este tempo todo com Cameron deixo-me um pouco diferente. Há pensamentos e coisas que faço agora, que não faria nem imaginaria se não fosse a sua influência. Deixo-me cair a seu lado, dando a massagem por terminada.
Ouço-o ressonar. Finalmente posso dormir.
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Unloved
Fanfiction"Eu só queria que alguém me fizesse sentir o que eu nunca senti."