Danielle pov
Sugeri a Cameron ir tomar o pequeno-almoço a um café perto de minha casa. Ele reconheceu-o logo como sendo o "magnífico trabalho do meu melhor amigo", palavras dele.
Assim que entramos avisto o rapaz do outro dia, Nash.
Vejo sair de trás do balcão e dirigir-se para perto de Cameron e dando um esquisito aperto de mão entre os dois rapazes, pelos vistos ele é o seu melhor amigo. Assim que o seu olhar se desvia para mim, os seus lábios formam-se num sorriso ao qual eu retribuo. Junto-me a Cameron e Nash, que conversavam. Cameron apresenta-me a Nash mas este diz-lhe que já nos conheciamos. Pedimos e fomos sentar-nos numa mesa. Reparo que Cameron já não está tão bem como à pouco.
"Que se passa?" interrogo.
"nada" responde sem nunca olhar para mim.
"Cameron o que é que se passa? Estávamos a começar a dar-nos bem. O que foi agora?"
"Como é que o conheces-te? Já são tão amiguinhos e tudo."
" wow, isso não é necessário, conheci-o no dia da minha entrevista, mas ele não é meu amigo. Nem falamos mais desde aí." digo dando-lhe um encontrão no ombro, fazendo sorrir e corresponder-me ao encontrão. Comemos e no final Cameron insistiu em pagar, mas realmente era a minha recompensa por isso deixei passar.
"E que tal um passeio?" sugiro
"Adoraria, mas não aconselho." disse apontando para o céu, que não apresentava um aspeto muito agradável. "E que tal se fossemos para minha casa, ou para a tua, ver um filme? É que parece que vai chover."
"Sabes eu só vou aceitar porque se começa a chover pode fazer trovões, e eu não suporte trovões." disse demasiado rápido, fazendo o ar dentro dos meus pulmões escassear.
"Vou fingir que não sei que nem pensaste duas vezes, desde que soubeste que passaríamos o dia juntos e que quiseste aceitar logo, não necessitas de fazer-te de difícil." argumentou.
"Pensei que sempre soubesses." disse piscando-lhe o olho.
Decidimos ir para sua casa, para que ele pudesse tomar banho.
Quando chegamos a sua casa, ele foi tomar banho e eu fiquei na sala a ver televisão. Ouço os seus passos, mas continuo focada na televisão.
"Queres pipocas doces ou salgadas?" quando poiso o meu olhar nele, arrependo-me de imediato. Ele não aprende, está coberto apenas por uma toalha pendurada na sua cintura.
"Cameron!" guincho
"Que foi?"
"Calças." murmuro
Ele apenas se ri, saindo da sala. E já no seu quarto gritar um "desculpa".
Quando volta à sala traz apenas uns calções vestidos. Mas ao menos está vestido. A chuva lá fora faz-se ouvir cá dentro e um arrepio de frio faz-me estremecer.
"Não tens frio?"
"Não, tu tens?"
"Sim, mas deixa estar."
"Não, espera aqui. Já volto." Volta com duas mantas na mão e dois baldes de pipocas. "Como não chegaste a dizer que sabor querias, trouxe dos dois."
"Obrigada, qual é o filme que vamos ver?"
"Sugestões?"
"Vamos ver o filme novo, "Home"." sugiro entusiasmada, sempre adorei desenhos animados faz parte da infância, faz parte da inocência.
"Oh, a sério? E no entanto o jogo das 20 perguntas é que era infantil." diz, rindo-se.
" Oh, cala-te e coloca lá o filme."Adorei o filme e as músicas, embora quase no fim tenha chorado imenso, eu sou muito sensível. E o Cameron como anormal que é riu-se de mim como se não houvesse amanhã. De repente um enorme trovão faz-se ouvir e eu dou um enorme guincho. A luz apagou-se, eu não quero acreditar a luz apagou-se. Tenho medo, tenho imenso medo. Num instante o meu peito já está a subir e a descer, sem qualquer controlo. Ataque de pânico.
"Cacameron?" tento formar uma palavra mas é difícil.
"Danielle, o que se passa? Respira. Expira. Respira. Expira." ele vai tentando acalmar-me ao máximo que pode, ele reagiu da melhor forma possível porque se ele também tivesse ficado em pânico seria pior para mim. Sinto os seus braços rodear-me, deixando um estranho sentimento de serenidade e proteção invadir-me.
Aos poucos e poucos, a minha respiração vai voltando ao normal.
"Vem, vamos deitar-nos" disse segurando a minha mão e puxando-me até ao seu quarto. Sento-me na sua cama enquanto ele me vai buscar uns calções e uma t-shirt para dormir e acende uma vela no quarto de banho para que eu possa me trocar.
Quando já estou pronta a deitar-me, saio do quarto de banho e deito-me na sua cama junto a ele. Ficamos os dois num silêncio, a encarar o teto, um silêncio agradável.
"Como é que sabias que eu estava a ter um ataque de pânico?"
"A minha mãe costumava ter ataques desses quando eu ainda era novo, por isso acabei por aprender a lidar com isso."
"Ela ainda os tem?"
"Não, nunca mais aconteceu, acho."
"Deves achar que sou uma chorona, já não é primeira vez que vês a chorar."
"Nada disso, eu sei que tens as tuas razões, um dia vou saber quais são."
Eu antes não queria que ele soubesse a todo o custo, mas agora já nem sei se me importo que ele saiba.
"Nós somos amigos?" pergunto um pouco envergonhada
"Se tu quiseres ser minha amiga. Queres?"
"Eu não sei, não sei o que é ter um amigo." digo e baixo o meu rosto, encarando o vazio.
"Então eu ensino-te, prometo ser um bom amigo" diz e estica o dedo de mindinho. Eu gargalho de leve mas acabo por juntar o meu dedo mindinho ao seu. Ele abraça-me e deposita um beijo no topo da minha cabeça.
"És o meu primeiro amigo, não me desiludas."
"Nunca o faria."
Sorrio com a sua resposta e deixo a minha cabeça descansar no seu peito enquanto ele me mexe no cabelo, tal como eu gosto.
"Então tens de me apresentar a tua namorada!" acabo por dizer quando ganho coragem. Sinto o seu peito vibrar, deixando uma gargalhada escapar.
"Eu não namoro com ninguém."
"A sério? Pensava que namoravas com a Érica lá da editora. Mas se ela fosse a tua namorada eu não ia apoiar."
"Porquê?"
"Porque ela é falsa e tem uma voz extremamente irritante."
"Porquê é que pensavas que ela namorava comigo?"
"Porque ela está sempre a rondar-te e atirar-se a ti. A sério que nunca reparaste?"
"Nunca."
Conversamos o que pareceram horas, mas já era tarde e eu não eestava propriamente cheia de energia. Sinto os meus olhos pesar e fecho-os. Ainda antes de adormecer consigo sentir Cameron a aconchegar-me e cobrir-me melhor com os cobertores. E assim deixo-me adormecer.
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Unloved
Fanfiction"Eu só queria que alguém me fizesse sentir o que eu nunca senti."