Danielle pov

Eu não consigo perceber o que ele está a tentar fazer, por isso decido falar.
"Ccameron?" sussurro
"sim?" murmura com os olhos sempre colados aos meus
"O que é que estás a fazer?"
"Hum, eu?" pergunta raspando os seus lábios nos meus.
"Ah, ssim ttu."
"Nem eu sei."
"Nós não devíamos"
"Não estamos a fazer nada de mal" diz, continuando a raspar os seus lábios nos meus.
"Ttu ttens namorada." mas que merda? Porque raio não paro de gaguejar.
"Não, não tenho."
"Ai não?" pergunto, confusa.
"Não, ela é apenas minha prima."
"Deixa-me que te diga, ela é irritante."
"Podemos parar de falar?" diz tentando premir os seus lábios contra os meus, mas eu não o permito, empurrando o seu peito de leve, fazendo-o recuar.
Vejo-o sentar-se no chão, ao lado da cama e encarar o vazio.
"Sabes, já é a segunda rejeição que me dás."
"Cameron, se eu não sei ser tua amiga como hei eu de saber ser mais que isso?" questiono "Eu só quero perceber o que sinto, eu não sei o que sinto. Eu não sei o que é gostar de alguém. Percebes? Eu não sei se gosto de ti, eu nunca gostei de ninguém antes. Eu só sei que gosto de estar contigo e és a única pessoa que eu tenho. Se estás disposto a ter algo comigo vais ter de ser paciente e saber esperar, ok?" digo
"Eu acho que posso tentar." Diz, fazendo-me sorrir.
Deito-me na cama sendo seguida por ele.
"Sabes?" pergunta
"O quê?"
"És a primeira pessoa que eu realmente me importo. Desculpa se já me estava a adiantar. Eu não te quero magoar. Apenas desculpa-me." diz. Sorrio-lhe e deixo um suave beijo na sua bochecha.
"Tu sabes que amanhã trabalhamos , certo?"
"Não, se eu for o sobrinho do dono e o chefe."
"Nem penses, nós vamos trabalhar. Tens de aprender a ser responsável. Tu és o chefe, tens de dar o exemplo. E tu quase nunca apareces lá, a partir de agora vais entrar a horas."
"Então, repete lá, quais são os benefícios da amizade?" questiona com uma sobrancelha erguida, fazendo-me rir.
"Cala-te lá."
Olho para ele e vejo-o fechar os olhos, pondo-se mais à vontade.
"Quê? Vais dormir aqui?"
"Não vejo porque não. Estás-me a mandar embora?" pergunta indignado.
"Eu? Era incapaz" gozo
Vejo-o levantar-se tirar a t-shirt e descalçar as suas sapatilhas, quando ia despertar o seu sinto, tapo de imediato os meus olhos.
"Cameron" guincho "És sempre a mesma coisa." digo fazendo-o rir. Ouço as suas calças cair no chão e sinto a cama descer com o aumento de peso.
"Já podes olhar." goza comigo e tira as minhas mãos da frente dos meus olhos. " Tu sabes que sempre que eu dormir aqui, que agora vão ser muitas vezes, que eu vou dormir apenas de boxers."
"Apetece-me esbofetar-te" digo, dando-lhe um murro no braço.
Sinto-o puxar-me para cima do seu peito e sorriu com o gesto. É engraçado como as coisas mudam, ainda à uns meses, eu não o podia ver há frente e agora sou sua amiga e estou disposta a conhecê-lo melhor. Se me dissessem que eu seria amiga do Cameron e que estaria na mesma divisão com ele sem que eu ficasse irritada, eu diria que estariam doidos. Não vou dizer que estou demasiado bem para ser verdade porque a vida tem se mostrado irregular, e agora pode estar tudo bem e amanhã já não. E a minha vida é a prova viva disso. Antes nem chegava a estar bem nem que fosse por uma hora, por isso agora dou-me por feliz com esses momentos de felicidade, porque a felicidade não é constante, é apenas um estado de contentamento, mas um estado de contentamento que faz o ser humano sentir-se bem, e eu quero sentir-me bem, todos os dias, todos os meses , todo o ano.
É estranho, que na minha vida eu tenha apenas uma pessoa especial. Uma pessoa que eu pensei ser irritante, irresponsável e desagradável, mas que no fundo é querido, preocupado e boa pessoa. Se me arrependo de ter trazido o meu chefe alcoolizado a casa? Não, nem um pouquinho. Porque ganhei um amigo. Arrependo-me de ter passado as minhas mini férias todas a sofrer o meu vizinho irresponsável? Não, pois só conheci melhor o otário, que digo ser meu vizinho. As minhas férias, mini férias, passaram a correr. Tudo o que é bom acaba, e depressa. O Cameron ainda insistiu que tivéssemos mais férias, mas eu neguei. Não é ficar em casa que vou receber o meu ordenado, e nem é justo para os outros funcionários. Tento levantar-me, mas a sua mão impede-me.
"Onde vais?"
"Beber água, queres?"
"Hum, não, despacha-te. Quero dormir."
"Sempre podes dormir, não precisas de mim."
"Não é a mesma coisa." ainda ouço dizer antes de chegar à cozinha.
Pego num copo, encho de água e bebo-o num só gole. Volto para a cama, e Cameron apressa-se a voltar a pousar a minha cabeça sobre o seu peito. Com os dias há de se tornar hábito. Eu nem sei se é normal dois amigos dormirem regularmente juntos, mas não importa porque durmo melhor. E na realidade, quando durmo com ele não tenho pesadelos, até pode ser psicológico, mas não há como negar. Não sei como criei esta afinidade tão grande com ele, e tão depressa. Sempre fui reservada, ao ponto de ter o meu primeiro amigo aos 22 e ser um rapaz. Sempre li em revistas e reportagens sobre adolescentes que os rapazes são mais leais e melhores amigos. Por isso se calhar, dou-me melhor com rapazes por serem leais. Eu nem sei, porque ele é o meu primeiro amigo.
"Danielle?"
"Hum?" murmuro, mantendo os olhos fechados.
"Sabes que eu estou aqui para ti, certo?"
"Sim, e?"
"O que é que te faz ter aqueles pesadelos?" aí, está um assunto que me irá perseguir até ao fim dos meus dias.
"Talvez um dia eu te conte." digo e sinto-o brincar com o meu cabelo.
"Compreendo." diz, beijando o topo da minha cabeça e voltando a brincar com os meus cabelos.
"Boa noite Cameron."
"Boa noite sweat heart." sweat heart? Ia-lhe perguntar à cerca das suas alcunhas esquisitas, mas o sono já era muito, e acabou por ganhar, fazendo-me adormecer.

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