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Danielle pov

Trabalhar numa editora conhecida durante 4 meses é extremamente cansativo, nunca pensei que ler e corrigir livros fosse tão cansativo, mas ao menos gosto do que faço. Uma vantagem de trabalhar numa editora conhecida são as conferências que temos. Depois do Natal vamos ter uma conferência em Veneza, VENEZA meu deus. Será a primeira vez que saio de Seattle. Deve ser lindo. Vou passar o Natal, pela primeira vez, sozinha. Não que os natais em família fossem dos melhores, porque não eram. O Natal é daqui a 1 semana e eu não tenho decorações nenhumas, tenho mesmo de ir às compras. Hoje é sexta-feira. Último dia de trabalho, depois tenho uma merecida semana de férias, mesmo a calhar. Não tenho tido pesadelos e o Cameron passa a vida em minha casa. Só vai a sua casa trocar de roupa praticamente. E por isso estou atrasada para o trabalho porque o meu melhor amigo insite em ir comigo para o trabalho. Saio disparada de minha casa e toco descontroladamente na campainha do meu vizinho.
"Já vou, calma, já vou." ouço-o gritar atrás da porta.
Quando abre a porta fico extremamente irritada, ao ver um Cameron apenas de toalha. Viro-lhe costas e começo a gritar-lhe
"CAMERON TU SÓ PODES ESTAR A GOZAR COMIGO, EU ESTOU ATRASADA PARA O TRABALHO QUASE MEIA HORA E TU AINDA SÓ TOMAS-TE BANHO." Apetece-me espanca-lo. A sua gargalhada,faz-se soar através do extenso corredor. Ele só pode estar a brincar. Sinto os seus braços rodearam-me por trás, fazendo as minhas costas encaixarem-se no seu peito. Viro-me de frente para ele e dou-lhe um soco no peito.
"Hoje, o chefe avisou-me que só entrávamos ao meio dia. "
"Já conversamos sobre isso." aviso-o.
"Só hoje" pede, fazendo beicinho.
"Como queiras, mas não se volta a repetir." cedo "E veste qualquer coisa" ordeno, fazendo-o rir.
Entramos dentro de sua casa, ele foi vestir-se, enquanto eu fiquei a observar a sala que tanto conhecia.
O que era estranho, era ele não ter fotos nenhumas nem com família, nem com amigos.
"hey, o que foi?" pergunta ao sentar-se ao meu lado no sofá.
"Hum, nada?"
"Não tentes enganar-me, o que é que te vai na cabeça?" perguntou fixando-me com os seu olhos cor avelã.
"É que... é que..." tento pensar noutra possibilidade.
"Diz lá." eu não quero que ele reaja mal sobre o que estava a pensar, ele nunca falou da sua família, por alguma razão é.
"Bem, é que... eu estava aqui a pensar, eu nunca vi uma foto da tua família e..." não consigo terminar pois a sua voz corta-me.
"MAS TU PENSAS QUE ÉS QUEM?" grita-me, fazendo-me tremer.
"Eu não..." não consigo terminar, pois ele volta a interromper-me.
"SAI DA MINHA CASA." olho-o perplexa.
"Mas..."
"AGORA" grita.
Baixo o meu rosto, pego na minha mala e saio de sua casa. Assim que me encontro dentro da minha casa, todas as lágrimas que segurei escorrem-me pelo rosto. Eu sei que não devia ter tocado no assunto, mas não era preciso reagir daquela maneira. Quando ele me perguntou sobre a minha família, eu apenas pedi que não insistisse. Ele magoou-me ao falar-me daquela maneira. Vou ao quarto de banho, lavo a minha cara, pego na minha mala e saio de casa. Já estou o suficiente atrasada, e ainda vou ter de ficar até mais tarde a trabalhar para compensar o meu atraso de quase 4 horas. Eu estava triste, agora estou furiosa, atingi o máximo de bipolaridade. Arranco com o carro a uma velocidade que se a polícia me apanha, sou capaz de me arrepender, mas agora não quero saber, a raiva corre-me nas veias. Com a escassez de trânsito, chego à editora em 10 minutos. Saio do carro, trancando-o de seguida. Apresso-me a entrar no meu escritório, aproveitando o facto de não estar ninguém a trabalhar, pois estão na sua hora de almoço, e assim não tenho de falar com ninguém.
Passo o resto da tarde a acabar de ler e a corrigir o manuscrito que pegara esta semana, agora comecei a ler outro mas não me cativa e está cheio de erros, não vale a pena. Coloco-o no lixo e observo o relógio no meu pulso, são exatamente 20:30. Já concluira as horas que me faltava, pelo atraso de manhã. Pego na minha bolsa e saio da editora, avisto a senhora Raquel a acenar-me para ir até junto dela.
"Está tudo bem?" pergunto assim que chego junto a si.
"A menina sabe se passou-se alguma coisa com o menino Cameron?"
"Ah, não... Era suposto saber? Porquê?" pergunto, confusa.
"Não, não. Ele apenas não veio trabalhar hoje e achei estranho, pensei que a menina pudesse saber como moram no mesmo apartamento." engulo em seco.
"Ah, não. Não sei de nada. Se não precisa mais de mim, com licença, mas tenho de ir."
"Vá, então. E boas férias." sorriu-lhe, uma última vez antes de entrar no elevador. Saio da editora, entro no meu carro e sigo para casa.
Quando já estou à porta de minha casa, ouço uma fechadura abrir-se, somos os únicos neste andar, não é a minha, concluo que só pode ser a de Cameron. Apresso-me a procurar as chaves na mala e a colocá-las na fechadura da minha porta. Quando estou quase a por o meu pé dentro de casa , sinto uma mão no meu ombro, mas ignoro-a e entro dentro de casa à velocidade da luz, fechando-lhe a porta na cara. Ele toca várias vezes à campainha, mas eu ignoro. Sinto o meu telemóvel vibrar, mostrando que recebi uma mensagem. Desbloqueio o aparelho eletrônico, vendo que a mensagem era de Miriam.

Miriam
Hey lindona, hoje vamos sair e como nunca mais falamos, lembrei-me de ti. Alinhas? Passo por aí para irmos juntas. O pessoal lá da editora também vai.

Eu nunca sai antes, e estou a precisar de espairecer. Não sei o que vestir para sair, depois vejo. Eu vou, estou a precisar. Sempre é melhor do que ficar em casa a deprimir.

Eu
Hey Miriam, sim eu vou . Passa cá às 23:15 para irmos.

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