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Danielle pov

O Natal é amanhã e eu não tenho nada para oferecer a Cameron. Será que ele me vai oferecer algo? Não interessa, vou comprar-lhe algo, mesmo que ele não me dê nada, eu quero dar-lhe algo. Algo especial. Mas o quê? Nunca ofereci nada a ninguém.
Saio as portas do meu prédio e entro no meu carro. Conduzo até ao shopping mais perto e estaciono. Entro no grande centro e um aglomerado grupo de pessoas anda pelos corredores aceleradamente. Nota mental: nunca mais deixar compras de Natal para a última da hora. Entro numa loja para homens e logo reconheço o empregado.
"Nash?" mas ele não trabalhava no café?
"Danielle! Hey, tudo bem?"
"Sim, mas não trabalhavas naquele café?" não queria parecer intrometida, mas a minha curiosidade leva sempre a melhor.
"Parece que fui despendido." diz coçando a parte de trás do pescoço. "Mas em que te poço ajudar?" pergunta, relembrando-me do que estava ali a fazer.
"Ah sim. Eu estou à procura de algo para uma pessoa especial." digo, passando uma vista de olhos à loja.
"Cameron?" pergunta e eu apenas assinto.
Depois de procurar muito acabo por comprar relógio de homem.
Mas não fico satisfeita. Despeço-me de Nash e saio da loja. Passeio pelo centro comercial e acabo por entrar numa ourivesaria. Uma pulseira para homem salta-me à vista. Era de prata e podia ser gravado algo na pequena placa. Peço ao senhor que me grave  "Um verdadeiro amigo surge do nada, ou nosso caso, na porta ao lado" em letras pequenas na parte da frente, para que coube-se tudo. E na parte de trás peço que grave o meu nome. Assim Cameron nunca se esquecerá de mim.Peço também que faça o mesmo numa de mulher, mas com o nome de Cameron. O senhor informa-me que as pulseiras estarão prontas em duas horas. Saio da ourivesaria e vou em direção ao Macdonald's. Já tinha fome, e por agora apenas um delicioso hambúrguer me iria contentar. Peço, e espero pacientemente pelo meu hambúrguer. Em menos de 15 minutos é me entregue o meu pedido e eu dirijo-me a uma mesa vazia. Como lentamente, saboreando o meu almoço. Quando acabo de comer coloco o meu tabuleiro no devido lugar e saio do restaurante de fast food. São apenas, uma da tarde quando olho para o relógio. Como a pulseira só está pronta daqui a uma hora decido ir ver algumas lojas femininas. Compro alguma roupa, sapatos e acessórios para mim, também mereço. Saio da loja e decido passar pela ourivesaria, para levantar a pulseira. O senhor que me tivera atendido à pouco entrega-me as pulseiras e eu faço o pagamento. Saio da loja, desejando uma "boa tarde" ao senhor e vou diretamente para o meu carro. Chega de compras. A viagem até casa é curta e eu não podia estar mais grata. Não sei porquê, mas sinto-me cansada. Levo os sacos para cima e a custo tento abrir a porta, como eu disse, tento. Sinto o peso dos sacos diminuir e franzo as sobrancelhas.
"Precisas de ajuda?" questiona a voz tanto conhecida por mim nos últimos tempos.
"Dava jeito." sorrio-lhe e abro a porta.
Ambos entramos dentro de minha casa, que já se encontrava decorada com luzinhas e bonecos natalícios.
"Bem, eu estive a pensar e..." começa, pondo os sacos em cima do sofá. "...é que tu sabes, amanhã é Natal e..."
"E?" incentivo-o a continuar
"É que eu pensei que como eu ia passar o Natal sozinho, podíamos passá-lo juntos, mas só se não tiveres planos."
"É claro que sim, eu ia passá-lo sozinha."
"Boa." diz.
"Boa." repito e sorrio.
Acabei por arrumar tudo no meu quarto para que um menino curioso não estraga-se a surpresa. Decidimos passar a tarde a ver filmes de Natal. Sinto-me finalmente em casa, não podia pedir melhor. Não há dinheiro no mundo que pague algo assim. Ter alguém é realmente uma sensação muito boa e acaba por ser uma forma de alívio, por ter um suporte. Não consigo descodificar os meus sentimentos por Cameron, e isto deixa-me frustrada. Seria mais simples se já tivesse sentido isto antes, eu conseguiria perceber se possuía sentimentos mais fortes que uma simples amizade por ele. Se o sinto, com o tempo hei de perceber. O meu receio, é Cameron gostar de mim como amiga, querer envolver-se comigo e depois descartar-me como um objeto. Eu sou inexperiente, mas não sou tola. Sei muito bem o que vai na cabeça de muitos homens hoje em dia. E eu não quero ser como muitas mulheres que foram tratadas muito mal. Não permitirei. Já me bastou ser mal tratada durante muitos anos pela minha própria mãe. Aconchego-me melhor nos cobertores, e Cameron parece perceber a minha inquietação, pois corta o silêncio.
"Estás preocupada com alguma coisa?"
"Quem? Eu? Não, estava só a pensar."
"Sim, claro." diz e puxa-me para o seu peito. "Conta-me"
"É que, eu preciso de saber uma coisa."
"Estás à vontade."
Fico a ganhar coragem durante algum tempo. Se não fizer uma boa seleção das palavras que vou utilizar, posso transmitir mal o que estou a pensar e ele pode interpretar mal. E eu não quero. A última coisa que quero é que um episódio como o último, se repita. Se algo que aprendi, foi não deixar que a minha curiosidade leva a melhor com Cameron, especialmente se o assunto for a família. Ele demonstrou ser um assunto muito sensível. Eu quero perguntar-lhe o que é que ele sente à cerca de nós e até onde ele quer chegar com isso tudo. Porque já cheguei à conclusão que apenas amigos não somos, mas muito mais que isso também não. Para que fossemos namorados ou algo do gênero teria de haver algo para além daquilo que eu nunca passei, mas não há. Cameron continua a encarar-me à espera que o aborde com o que quer que seja, e eu continuo em silêncio, a refletir na melhor maneira de o dizer.
"Nós somos o quê?" penso que foi a maneira mais delicada de o perguntar.

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