Por causa da tempestade de neve que vinha do norte do país, as aulas foram suspensas e os trabalhadores ganharam uma folga por dois dias. Isso era extremamente bom para Kevin, que não precisaria se preocupar com o ocorrido no dia da festa, pelo menos não por hora.
Hunter estava ficando preocupado com a ausência do amigo no aplicativo de mensagens; ele nem havia visualizado. Pensou em ligar para o outro, mas desistiu, porque tentou entender o que poderia estar passando pela cabeça do melhor amigo, então só decidiu esperar até o dia em que iria vê-lo na escola para não incomodá-lo, concluindo que a mente de Schlieb poderia estar confusa o suficiente.
E Emily, havia ficado gripada. A mudança climática repentina fez com que sua rinite atacasse e estava muito mal para olhar o celular. O máximo que fez foi trocar duas mensagens com o namorado, avisando do seu estado e que provavelmente faltaria durante os três dias úteis que haviam sobrado na semana.
Quando chegou quarta-feira, Sylvester percebeu que o loiro de olhos azuis que estava sempre em seus pensamentos não havia chegado para lhe buscar, como costuma fazer. Resolveu que iria pegar uma carona com o seu pai, ficando em silêncio o caminho inteiro, já que não queria dizer o motivo de Kevin não ter vindo naquela manhã, afinal nem ele sabia ao certo. Na escola, o dia pareceu se arrastar e, coincidentemente, sempre que Schlieb ia para um lugar tinha que sair de lá o mais rápido possível, já que Hunter estava lá antes, acabando por matar algumas aulas só para evitar o maior e ter que encarar a verdade.
Como sabia que não poderia ficar fugindo para sempre, pensou que seria “mais fácil” terminar com Spector primeiro, depois se resolveria com o amigo. Logo, quando o sinal tocou, foi correndo até a saída, para concluir o seu objetivo pendente; antes que perdesse a coragem.Na porta da casa onde a namorada morava, Kevin, tocou a campainha, ficando aliviado por ter sido atendido depressa por sua sogra, já que o vento frio batia forte em seu rosto.
ーKevin, querido! Entre, entre... A Emily está lá no quarto, tão caidinha, coitada. Pode ir lá, só deixe a porta aberta, ouviu?
ーClaro, claro. Vai ser rápido... Só vim trazer a matéria para ela.Disse sorrindo para a mais velha, inventando uma desculpa plausível para aquele momento, afinal não iria dizer que estava planejando terminar tudo com a filha dela.
Subindo as escadas, pôde avistar sua “futura ex” namorada deitada no quarto do final do corredor, pela fresta. Antes de entrar, bateu na porta, pedindo permissão e a abriu lentamente, dando um sorriso tímido para ela.ーOi... Veio me ver?! –a mesma perguntou com a voz rouca tossindo um pouco, provavelmente pela dor de garganta, ajeitando-se no colchão e se sentando com calma, abrindo um sorriso, que fez o de óculos desistir da ideia na hora. Ela estava frágil demais, não queria deixá-la pior.
ーOi, Em... Trouxe a matéria das aulas de hoje. Como você está?
ーNão tô no meu melhor estado, mas tô acostumada. Já vai passar...O loiro reuniu o último pingo de força que tinha para fazer suas pernas se aproximarem da cama e sentou na beirada, tirando algumas anotações da mochila e entregando para a garota.
ーObrigada... Acho melhor você ir agora. Não quero que fique doente por minha causa.
ーAh, não se preocupa. Já quer me expulsar? –disse num tom de brincadeira, tentando ficar menos tenso e ouviu a risada dela.
ーDe forma alguma. Mas, sério, estou até evitando ficar próxima da minha mãe, para que ela não pegue esse resfriado também.
ーBem, já que você insiste, ‘tô indo. Melhoras.Ele se levantou e caminhou até a porta, um pouco melhor por ela não ter se importado com a mensagem não respondida no dia da festa.
ーKev, só mais uma coisa que eu estava para te perguntar... É sobre a festa...
Respirou fundo, tentando se controlar. Será que para ela não estava tudo bem? Ela desconfia de alguma coisa? Alguém contou o que aconteceu, ou melhor, o que acham que aconteceu no jogo de pegação?!
ーS-sim...?
ーVocê se divertiu? Eu queria ter ficado mais, bom, você sabe... –seus ombros relaxaram, enquanto virava para olhar na direção de Emily.
ーFoi, sim. Se você estivesse lá, teria sido melhor, óbvio.Ela pareceu gostar de ouvir aquilo, já que ficou um pouco vermelha, mais do que já estava pela febre e soprou um beijo para o menor, que saiu disparado, dando um “tchau” breve para a namorada e para a sogra.
Se sentiu mal mais uma vez. Quando havia se tornado um mal caráter? Primeiro traiu a namorada, agora quando vai terminar com ela começa a mentir também? Quando estava beijando outra pessoa nem havia pensado em Spector e, se ela estivesse lá, não poderia ter descoberto sobre os sentimentos de Hunter e muito menos sobre os próprios sentimentos em relação ao amigo, que há tanto tempo estavam adormecidos.
Estava sentindo o caos tomar conta de si e que já não estava mais sobre seu controle. Não sabia o que faria a seguir, o que iria dizer, como reagir, se resolveria os seus problemas ou se apenas os deixariam acumulando, igual às bolas de neve que as criancinhas jogavam umas nas outras na rua. Só que a sua bola de neve de problemas crescia gradativamente e já estava enorme.
Provavelmente só esperaria a avalanche de uma vez por todas, pois, quando cruzou a porta de seu apartamento, se jogou no sofá e se entregou às duras lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
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Metal Boyfriends
FanfictionHunter Sylvester é um adolescente rebelde, o clássico bad boy do ensino médio, que demonstra sua ousadia através de seu estilo, sua personalidade e, principalmente, de sua banda, onde toca guitarra e é o vocalista, com músicas do gênero post-death m...