Metal Boyfriends

✎🎸„22 .ཻུ۪۪⸙͎

Hunter abriu os olhos e tateou a cama, ao seu lado, percebendo que estava sozinho. Levantou do colchão e abriu as cortinas, fazendo com que o sol queimasse levemente seus olhos, deixando sua visão embaçada; não tinha se acostumado com a claridade ainda e o sol estava forte. Assim que pensou em chamar por Kevin, percebeu que os pertences dele ainda estavam no sofá, do mesmo jeito que ele havia deixado, “ele ainda está aqui”, o que o fez sorrir.
Começou a subir as escadas e a cada degrau um cheiro maravilhoso invadia suas narinas, o que o levou até a cozinha, se deparando com o mais novo cozinhado panquecas. Ele ainda estava com o moletom de Sylvester e parecia radiante enquanto preparava o café. Hunter olhou para o relógio na parede e viu que logo mais deveriam estar almoçando, mas, sinceramente, não importava, era domingo.
O maior chegou por trás devagar, tão vagaroso que Schlieb não havia notado sua presença até sentir sua cintura ser rodeada pelos braços fortes do mais velho, o que arrancou-lhe um sorriso bobo.

ーBom dia. –Kevin disse ajeitando seus óculos e voltando a virar uma das massas.
ーBom dia, Kev... –respondeu ele de volta, com sua voz rouca por ter acabado de acordar.

O calor de sua voz e sua rouquidão ao pé do ouvido do loiro, o fez se arrepiar e fechar brevemente os olhos, logo Hunter beijou a nuca dele e levou suas mãos para de baixo da blusa, ouvindo-o o arfar, porém, não querendo estender a ação, se afastou um pouco, ainda segurando a cintura do outro.
Talvez ele não quisesse continuar com aqueles toques e, mesmo se quisesse, não poderiam, pois o Sr. Sylvester apareceu no cômodo, dando um pigarro, fazendo-os se distanciarem de imediato e Kevin percebeu que, por pouco, não havia queimado as panquecas.

ーAh, não reparem em mim... Só vou tomar um golinho de café. –disse ele indo até a cafeteira e colocando duas cápsulas, deixando sua caneca quase transbordar.
ーBom dia, pai...
ーBom dia, senhor.
ーHm, bom dia.

Respondeu o mais velho entre os presentes e tomou todo o conteúdo numa só, sem se importar se estava quente. Schlieb levou as panquecas até a mesa, no cômodo ao lado, deixando o pai e o filho sozinhos. Antes de Hunter sair do ambiente, seu pai deu um cutucão nele.

ーE aí, rolou? –perguntava curioso, segurando a caneca vazia.
ーNão... –respondeu cruzando os braços, fazendo o pai levantar uma das sobrancelhas, descrente.
ーMas vai rolar?
ーSim. –disse ele sorrindo.
ーEntão, é pra valer? –fez mais uma pergunta, fazendo o de cabelos longos afirmar com a cabeça, deixando o pai animado. ーAí, sim, filhão! Te disse que tava no papo.
ーMenos, pai...
ーO que foi? Estou feliz, ué. Meu filho vai finalmente namorar e com um rapaz muito boa pinta. O Kevin vai ser um ótimo genro, já é o meu preferido.
ー"Boa pinta"? –ele riu, mas abraçou o pai, que só deu tapinhas nas costas do filho e voltou para o seu quarto, no segundo andar.

Depois de tomarem café da manhã juntos, Kevin apenas vestiu uma calça, pegou o que tinha trago e se despediu do mais velho, dando um beijo na bochecha dele, indo para casa. No seu apartamento, esperava encontrar sua família, mas assim que passou pela porta avistou Emily esperando no sofá da sala. Sua mãe foi para o quarto, gesticulando e os deixando sozinhos.
A garota sorriu para ele e deu alguns tapas no sofá, como se o loiro fosse a visita e não ela. Após se sentar, Kevin, deu um sorriso sem graça.

ーO-oi...
ーOi...
ーMe desculpa. –ambos disseram, em uníssono. ーVocê primeiro. –riram levemente por terem falado juntos mais uma vez.
ーOk, eu começo. –disse Spector. ーEu não deveria ter beijado o Henri, eu sinto muito por isso... Muito menos deveria ter dito aquelas maldades. Você não é "uma vadia do Hunter"... Eu sinto muito.
ーNão, Em, eu é quem sinto muito... Eu te traí primeiro. Não foi certo.
ーVocê disse que planejava me contar... Eu deveria ter imaginado que seria difícil para você, poxa, não considerei te deixar terminar de falar naquele dia. Você não ia me chamar para o baile, ia?
ーHm, não. –ele respirou fundo, tentando sorrir para ela. ーFoi mal por isso. Me sinto horrível por ter te dado tantas esperanças. Quase um ano juntos! Eu sou péssimo.
ーNão, Kev, você não é péssimo. Quero dizer, foi um baque, claro, me senti uma otária por ter acreditado que você me amava do mesmo jeito que eu te amava. A questão é que não é a sua culpa.
ーEu sei, mas me desculpa, Emily, me desculpa mesmo.
ーPare de se desculpar! Eu já te perdoei, sério...
ーSério? Sem nenhum rancor?
ーNadinha, prometo. –ela dizia sorrindo. ーAfinal, eu te procurei para resolver isso. Eu fiquei, sim, triste com a notícia... O problema é que "querer" que outra pessoa nos ame não é suficiente. A gente não manda no coração e o seu coração não me quer...
ーEm... Você me amava?
ーVocê não tem ideia... Mas quando um não quer, dois não se entendem. Eu não posso te segurar se o seu destino não é comigo. Você precisa voar.
ーNossa, porque parece que as mulheres são sempre mais maduras e bem resolvidas?
ーÉ um segredo do universo. –ela riu. ーBrincadeirinha. Nem todo mundo precisa ser "bem resolvido". Ainda mais a gente, estamos no ensino médio. Eu fico feliz por você querer se assumir para mim, mesmo que não tenha sido como você queria. Até me sinto importante.
ーVocê é importante, você sempre será importante para mim. Fico extremamente grato por te ter como amiga.
ーEu também fico. Te amo, amigo.

Ela riu levemente e abriu os braços, o convidando para um abraço, que logo foi aceito.
Quando se separaram, Kevin se ajeitou e pegou uma almofada, enquanto Emily também se ajeitava no sofá.

ーPosso admitir algo? –a menina quebrou o silêncio.
ーSim.
ーEu meio que sabia... Que você ia terminar comigo.
ーEspera, como?
ーAh, bem, eu percebi que você estava distante, meio aéreo, sabe? Só comentei sobre o baile, porque não queria que fosse verdade... Minha intuição dizia que tinha algo errado.
ーMinha mãe sempre fala que intuição feminina não falha.
ーNão vai nessa, no dia do jogo eu disse que percebia o jeito que ele ficava quando eu e você estávamos juntos e perguntei para o Hunter o motivo dele não querer namorar ninguém, sendo que o Clay estava praticamente de quatro para ele.
ーVocê nem imagina... Mas, o que ele disse?
ーSó deu a entender que já gostava de outra pessoa. Se a minha intuição fosse boa de verdade, eu teria me ligado de que ele estava falando de você e que ele não estava mal por ficar de vela e, sim, porque ele estava com ciúmes.
ーVocê não suspeitou... Tipo, da gente?
ーUm pouquinho, né. Vocês me evitaram legal depois da festa... Foram dois idiotas.
ーTotal idiotas...
ーEu entendo os motivos, então, relaxem.
ーEmily, você e o Henri... Foi só uma ficada?
ーAi, Kevin... Queria te dizer que sim, mas desde que ele surgiu na minha vida, fiquei totalmente balançada. Sem ofensas.
ーNão ofendeu... Eu meio que ‘tô aliviado por você ter encontrado um cara legal e que gosta de você de verdade. E, cá entre nós, ele é realmente gato.
ーPode tirar o olho, cowboy.
ーEle não é o meu tipo. –disse o loiro ajeitando os óculos e ficando vermelho. ーMinha vida amorosa, agora, está indo na direção certa.
ーUh~ –ela cutucou a barriga dele com os indicadores, fazendo-o gargalhar. ーQue bonitinho.
ーP-para. –o mesmo deu uma almofadada leve na outra, pelas cócegas.
ーEntão, vocês passaram a noite toda juntos?
ーSim, conversando. Quero ir com calma.
ーE ele também?
ーPor incrível que pareça, sim.
ーE eu pensando que na primeira oportunidade em que vocês dois ficassem sozinhos ele iria te atacar com tudo.
ーA-ah, não, não... Queremos que seja especial.
ーIsso é fofo... Mas, fala sério, não imaginei que Hunter Sylvester, o maior pegador da escola, iria "esperar".
ーBem... Ele não é muito bom esperando.
ーDisso eu sei. Acho que se ele ficasse uma semana sem transar ele entraria em colapso. –a mesma deu uma risadinha, deixando óbvio que estava brincando.
ーAh, isso não é mais verdade... Depois de ontem, ele disse que comigo seria diferente.
ーEspera... O que você quer dizer com "depois de ontem"?
ーEu nem te conto... O Clay estava lá quando eu cheguei.
ーNão! O quê?!
ーHuhum...
ーPode me falar tudo.

Spector disse dando uma leve almofadada nele, esperando o seu ex, ou melhor, seu amigo contar sobre os últimos eventos. A realidade era que tudo tinha se resolvido da forma como tinha que ser. Mesmo se tivesse acabado mal, continuaria sendo um aprendizado e certas situações na vida devem acontecer, mesmo quando queríamos ter mudado algo. Tudo precisa acontecer, sem tirar nem pôr.