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O dia mais aguardado do ano havia chegado. Diversos artistas amadores do colégio se reuniam para competir diante de uma platéia. A batalha das bandas, sem sombra de dúvidas, seria o assunto mais comentado do bairro, quiçá da cidade. E a Skullflower estava preparada. Hunter, Kevin e Emily estavam preparados. Mais do que isso, tinham a convicção de que o mashup que tinham feito há uns dias seria o ganhador do concurso.
Após tanto ensaiarem e colocarem o tempo perdido para focarem na batalha, parecia mais do que certo que era essa vida que eles queriam. Eles compartilhavam do mesmo sonho e serem artistas era de uma unanimidade maravilhosa. Talvez esse dia fosse até mais importante do que a formatura e, bom, talvez para os três fosse mesmo. Tudo o que queriam no momento era passarem de ano juntos para se formarem e vencer a batalha das bandas e, como as notas já haviam saído, meio caminho já estava andado.

No grande dia, a Skullflower havia chegado mais cedo ao colégio para fazerem um ensaio geral e fazer uma passagem de som antes de todo mundo; afinal, ainda não tinham tocado sua nova música, ‘Martírio da Alma’, -tirando o dia da festa na casa de Clay-, muitos ainda não haviam escutado e eles não iriam se dar ao luxo de estragar a experiência de alguém.
Kevin estava com os seus fones de ouvido fazendo algumas batidas, enquanto Hunter aquecia sua voz e Emily afinava seu violoncelo elétrico auro.

ーVocê acha que iremos vencer...? -a garota levantou o olhar para Hunter, que estava de pé ao microfone
ーVocê tem alguma dúvida?
ーVocê não? Sinceramente, se isso não der certo, não sei o que será do meu futuro...

Sylvester limpou a garganta e se aproximou da amiga, agachando ao lado dela.

ーEi, ei, ei... Sem pensamento negativo hoje, Em... É o nosso dia, ok? Você é a melhor violoncelista que eu conheço e sabe compor melhor do que ninguém. O único futuro que eu vejo a partir disso é brilhante. Nós já somos fodas e essa cidade não é suficiente para todo o nosso talento.

Emily sorriu, concordando com a cabeça e voltou a afinar seu instrumento, tocando algumas notas em seguida.

ーValeu... Acho que eu estava precisando ouvir isso.
ーNão tem de quê... Mas, sério, nunca duvide da sua capacidade, senhorita.
ーPode deixar... -Spector olhou para Schlieb, ainda concentrado demais para perceber o mundo a sua volta. ーAcha que ele desconfia de algo?
ーO Kev? Não, provavelmente não.

Hunter se levantou e foi até o namorado, que tirou os fones de ouvido e sorriu para o maior.

ーOi...
ーEstá tudo bem? –o mais velho se inclinou para puxar um banco e se sentar ao lado do loiro.
ーEstá, sim, acho que é só ansiedade...
ーA gente vai conseguir.
ーSim, a gente vai...
ーPronto?

Kevin voltou a segurar suas baquetas firmemente e afirmou com afinco.

ーPronto.
ーE você, Em? –Hunter perguntava se levantando, pegando sua warlock e voltando ao seu lugar.
ーPronta... Vamos.

Os três se entre olharam e concordaram com a cabeça para, assim, começarem o último ensaio antes do show em algumas horas.

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É chegada a hora da batalha. Todas as bandas se preparavam nos bastidores do palco. Emily havia sido a primeira a chegar, com seus cabelos num penteado meio solto meio preso para valorizar seus cachos, uma saia mullet preta picotada para complementar seu body, de mesma cor, com tiras, mangas transparentes e que caíam em seus ombros, estando com uma meia calça rasgada em furos irregulares e uma bota scorpio moon de primeira. Se alguém em algum momento duvidou do poder que ela tinha, agora precisaria mudar de opinião, era fato.
O segundo a chegar foi Kevin, que só precisou trazer suas baquetas e sua força de vontade. Sua ansiedade havia sido controlada na base do calmante, então, nada o faria duvidar de que iria entregar o melhor de si. Suas vestimentas foram simples, com uma regata preta estampada, uma bermuda jeans desfiada, uma bota bondage antiga e pulseiras grossas com detalhes pontudos. Assim que a garota o viu, sorriu para ele e correu em sua direção, para finalizar o look dele, com um delineado simples.
E, não muito tempo depois, Hunter chegara ao camarim improvisado, trajando uma regata preta rasgada ao meio, que dava um aspecto de cropped, uma calça cargo com correntes e suas botas pretas de combate, de sempre.

ーE aí, estou atrasado? –Sylvester dizia deixando sua guitarra ao lado da penteadeira.
ーNão... Ainda tem 3 grupos na nossa frente. –Emily respondeu.
ーTemos tempo de sobra. –Kevin completou.
ーÓtimo... –o maior respirou aliviado, se sentando ao lado dos amigos.
ーEspera um pouco... -a garota analisou as roupas de Hunter. ーVocê vai se apresentar assim?
ーQual é o problema...? Achei que estava bom. –ele ajeitou a postura e flexionou levemente seus músculos enquanto tentava achar alguma falha.
Bom até demais... -Schlieb respondeu, ficando vermelho em seguida por ter deixado escapar.
ーNão. Estou falando do seu cabelo. Onde já se viu ter um cabelão lindo desses e não fazer uma gracinha? Eu resolvo isso agora mesmo.

Hunter acabou por dar uma risada e agradeceu, deixando-a fazer uma trança holandesa de cinco fios, mostrando seus side cuts. Agora que os três estavam fatalmente bem vestidos, era só esperar a vez deles.
Não demorou muito para chegar, mas ainda parecia um pouco irreal escutar as pessoas chamando por eles. Parecia realmente um sonho, que eles não queriam que acabasse tão cedo. Subindo ao palco, cada um se posicionou em seus lugares, recebendo gritos e aplausos.

ーPara quem não conhece a gente, sou Hunter, essa é a Emily e aquele é o Kevin. Somos a Skullflower! –ele dizia apontando para cada um deles, sorrindo ao escutar a reação da multidão. ーEspero que gostem.

Então, eles abriram o show com Maquinário do Tormento, que já havia se tornado um clássico na região e, após o solo de Hunter, logo embalaram em Martírio da Alma, que tinha o incrível solo de Emily, mas, após terminarem, Sylvester e Spector olharam um para o outro e continuaram tocando, porém Kevin não reconheceu a melodia e estava tão confuso quanto sua legião de fãs.

ーAntes do show acabar, eu queria tocar mais uma para vocês... –Hunter limpou a garganta, ainda tocando alguns acordes. ーEssa música é inédita, mas, antes que comemorem, a história por trás dela é extremamente triste...

Emily começou a andar na direção de Schlieb, que a encarou tentando descobrir o que estava acontecendo.

ーEm... Do que ele está falando?
ーSó segue o roteiro. –ela piscou e o entregou um papel levemente amassado, sendo uma espécie de partitura que ele deveria acompanhar.

Assim que Spector voltou ao seu lugar, o mais velho continuou, percebendo que todos esperavam inquietos e curiosos.

ーEu compus essa música após o meu namorado ter sido brutalmente espancado pelo próprio pai... –ele olhou para o menor, que estava com seus olhos levemente marejados, porém sorriu, permitindo que o outro continuasse. ーE queria dizer ao mundo, de alguma forma, toda a raiva que eu senti... Tudo o que eu senti por saber que eu não poderia fazer nada. E, foi quando a nossa Emily bem ali, virou para mim e disse "quem falou que iremos ficar calados? Transformaremos em música". E, meus queridos colegas, foi exatamente isso o que a gente fez. –ele sorriu para Emily, que sorriu para Kevin e voltou a olhar para a platéia. ーEssa música se chama Morbidez do Divino e fala sobre preconceito, fanatismo religioso e umas coisas a mais... Porque, se tem uma coisa que eu aprendi, é que esses filhos da puta têm que ir tudo ‘pra casa do caralho!

E, desse jeito, regados a aplausos e gritos contagiantes, a Skullflower terminou seu show, com mais um hit de post-death metal, cheia de significado e com um solo de bateria de Kevin, afinal, a história era dele e ele merecia extravasar de alguma forma. Após o término da música, os três agradeceram e se despediram, saindo do palco.

ーEu não acredito que vocês fizeram isso... C-como... Quando? –Kevin secava suas lágrimas, abraçando os amigos
ーQuando dormimos na sua casa... Depois que você apagou, ficamos a madrugada inteira trabalhando nessa música. –Emily dizia, orgulhosa.
ーVocê gostou? –o mais velho perguntava, ainda em êxtase pela apresentação.
ーEu amei... Muito obrigado. Essa surpresa foi incrível, gente... –o loiro beijou o mais velho e abraçou a amiga.
ーE agora...? –a garota enrolava suas mechas de cabelo nervosamente.
ーAgora, esperamos o resultado.

Respondeu Hunter, cheio de determinação.

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