Capítulo 4

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Soraya borrifou o perfume para finalmente ir ao encontro de Simone. Já havia deixado a filha na casa de uma amiguinha, avisou a Carlos César que iria à um jantar com as colegas professoras da ONG. "É algo casual para jogar conversa fora antes da volta às aulas", argumentou, com medo de ser pega na mentira. Felizmente, o marido estava preocupado com outra coisa e não deu a devida atenção. Sentia-se nervosa, mas decidida. Queria aquilo mais que qualquer coisa, só de pensar na possibilidade de estar mais uma vez na presença da morena, sentia o meio de suas pernas umedecer. Saiu de casa, a caminho do endereço enviado minutos antes pelo WhatsApp.

Era um apart hotel em um bairro nobre de São Paulo. Observou o local ainda dentro do carro, riu sozinha. Não acreditava que estava ali, logo ela, sempre tão controlada. Nunca cedeu fácil aos desejos de seu corpo, sempre pensou primeiro nos outros, em sua filha e marido por exemplo. Iria desistir? Ainda dava tempo. Não conseguia mover-se. O celular vibrou, era uma mensagem de Simone: "Sei que já está aí. Sobe. Não vou fazer nada que você não queira. Quero te ver, falar com você. Sua companhia me faz bem".

Suspirou, era tudo o que precisava para sair daquele carro. O romantismo, as palavras certas, todas usadas em uma única frase. Já era. Saiu decidida, adentrou o lugar e não pensou duas vezes ao apertar o andar onde a morena se encontrava.

Simone a recebeu com um sorriso. Sua voz já estava na tonalidade que Soraya conhecera no quarto, na noite do beijo. Aveludada, segura e muito sexy. Entrou, e não parecia nada com um quarto de hotel. Era mais um estúdio, e tinha a cara de Simone. Era moderno, bem decorado, com elementos e objetos que remetiam a um espaço próprio para a fotografia.

— Uau — Foi tudo o que conseguiu dizer.

— Gostou?

— Na verdade, eu não imaginava que seria assim.

— Eu não te chamaria para qualquer lugar, Soraya.

A loira passeava pelo espaço, observando todas as fotos e detalhes. Simone estava logo atrás, perto demais, tão perto que a mais nova conseguia sentir o calor do corpo da outra. Virou-se abruptamente, sem nenhuma intenção, mas acabou sendo amparada pelos braços da morena. Finalmente. Ia acontecer de novo, os lábios se unindo em um beijo sensual e intenso.

As mãos de Simone eram ágeis, sabiam exatamente onde é que queriam chegar. Abaixou as alças do vestido de Soraya com cuidado, sem desgrudar as bocas sedentas uma pela outra. O vestido preto deslizou pelas curvas da loira, parando no chão. E só então Simone se afastou, queria contemplar a visão da mulher seminua. Além de gostosa, Soraya era tímida A lingerie branca era como um sinal de que a mulher tinha muito mais em comum com a figura de um anjo e que estava pronta para ser profanada.

Soraya cobriu os seios com as mãos, podia sentir sua bochecha corar.

— Ei, não. Não faz isso. Deixa eu te ver. Você é tão linda — Voltou a se aproximar. Agora, tocando o colo da outra com as pontas dos dedos, deslizando até chegar entre o espaço que separa os seios.

Soraya tremeu ao sentir a mão da outra fechando e apertando cada um de seus seios, deixando escapar um longo suspiro. Foi a sua vez de iniciar de novo aquele beijo gostoso. A boca da morena era macia, as línguas avivadas disputavam quem mais queria se entregar àquele misto de sensações. A cama do loft estava terrivelmente longe, e o tapete parecia muito convidativo.

— Quero você agora. Vem — Pausou o beijo e sussurrou no ouvido da mais nova, guiando-a pelas mãos a se ajoelhar consigo no tapete felpudo.

Estavam frente a frente. Soraya estava nitidamente nervosa.

— Está tudo bem. Você não quer? — Simone acariciava o rosto de Soraya com o polegar.

Seu cérebro não conseguia raciocinar, com os olhos fechados, a loira só gostaria que o toque se prolongasse. Queria sentir as mãos de Simone em todo o seu corpo. Ela queria responder, mas não conseguia.

As coisas que perdemos nas sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora