Capítulo 10

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— E este é o seu quarto. Quer dizer, o quarto que você vai ficar com o seu marido — A morena revira os olhos ao pronunciar a palavra marido.

— Simone, sua casa é linda. Eu estou apaixonada, é tudo de tão bom gosto — Soraya entrou no cômodo, observando tudo com atenção, principalmente uma sacolinha pequena em cima da cama — O que é isso?

— É um presente para você.

— Sério? Não precisava, nós já estamos aqui, te dando gastos, trabalho e…

— Para de bobeira, So. Abre logo. Eu vi e pensei que ficaria perfeito em você.

A sacola de grife indicava que o presente havia sido caro.

— Você ein, não tem jeito.

Abriu o embrulho com cuidado, e logo descobriu um biquíni com o logotipo da marca famosa. Sorriu involuntariamente. Não era ligada a luxos, mas se sentiu honrada ao ganhar algo tão bonito e de tão bom gosto.

— Gostou?

— É lindo. Eu amei, muito obrigada.

— Coloca ele pra mim então. Deixa eu ver como ele vai ficar no seu corpo perfeito.

As bochechas de Soraya coraram e logo em seguida Carlos César, Eduardo e Nana invadiram o quarto.

— Mamãe, vamos para a cachoeira? Por favor, por favor.

— Filha, cadê seus modos? Não cumprimentou a Simone.

Nana tinha o gênio forte como o do pai, impaciente, revirou os olhos antes de responder:

— Falei sim, mas você estava dormindo no carro e ela ficou para te acordar.

— Realmente, sua princesa é muito educada, Soraya — A morena respondeu, afagando os longos cabelos da menininha — Mas deixemos esses modos de lado, não? Vamos para a cachoeira.

— O que é isso em suas mãos? — Carlos César perguntou e antes mesmo de Soraya pensar em uma resposta coerente, Simone contestou:

— É um biquíni, Carlinhos — Usou o apelido que o marido havia mencionado mais cedo — Eu comprei para mim, mas não serviu, ficou grande, foi comprado em uma viagem, sem possibilidades de trocar, aí quis presentear a So.

— Que gentileza, Simone.

— Sim, Simone é muito gentil — Eduardo respondeu e Soraya pode sentir a ironia em sua voz.

— Bem, de qualquer forma. Vamos deixar vocês se trocarem para irmos explorar a cachoeira e aproveitar a piscina — Simone basicamente puxou Eduardo para fora da casa.

— Ebaaaaa — Nana vibrou.

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Toda a fazenda era lindíssima, mas a cachoeira tinha um toque todo especial. Desde muito nova Soraya adorava o contato com a natureza, seus pais tinham uma pequena chácara e seus fins de semana eram imersos no riacho e nos afazeres da casa simples com as tias, primas e primos. Dava cada passo encantada com cada coisinha vista naquele cenário incrível. Enquanto Eduardo, César e Nana iam conversando na frente, Simone a observava de longe, encantada com o deslumbre nos olhos da mais nova por algo tão banal.

— Sabe, venho neste lugar desde novinha. Trouxe muitos amigos e ninguém nunca ficou tão impressionada como você.

— Isso é ruim? Você deve me achar uma boba, caipira não é — Soraya riu, encabulada.

— Não, claro que não — Foi a vez de Simone sorrir. — Na verdade, eu estou achando lindo a forma como você se apaixona por coisas tão simples. Fico pensando se um dia você vai me olhar com tanto fascínio assim.

As coisas que perdemos nas sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora