Pov Soraya
Entre beijos, carícias e de mãos dadas, subimos para o andar onde ficava o quarto. Me sentia tão à vontade, como se fossemos intimasnhá anos, como se já tivessemos feito sexo muitas e muitas vezes. Simone me beijava com mais calma, e eu também não sentia mais a necessidade de correr como fizera a pouco. Ajoelhadas sobre a cama, frente a frente, ela me deixava explorar o seu corpo. Com a mão em minha nuca, enquanto a outra deslizava pela lateral das minhas pernas, me puxou, iniciando mais um beijo, desses de tirar o fôlego, com direito a chupadinhas nos lábios. Algo se reacendeu em mim. Sua pele quente, entregava que ela também não estava imune a todas as sensações.
- Vem, é isso que eu quero te mostrar - A morena sussurrou em meu ouvido
Com toda a sua maestria, Simone nos colocou em posição de tesoura, iniciando uma fricção gostosa. Me fazendo constatar que assim como nossas bocas, nossos corpos também se encaixavam perfeitamente. Comecei a sentir um prazer que nunca havia sentido, e não é como se minha vida sexual com Carlos fosse inexistente. Pelo contrário, nós éramos bem ativos, apesar de algumas inibições, sempre gostamos de experimentar coisas novas. Mas nada, nada se comparava com o que sentia naquele momento. Eu fazia movimentos com os quadris, procurando aprofundar o contato. Nossos gemidos e suar se misturavam conforme a minha boceta ia de encontro com a dela. O som dos nossos sexos encharcados e o cheiro de sexo me faziam delirar. Ainda na mesma posição, com a cabeça jogada para trás, explodi em um orgasmo avassalador, sendo acompanhada por ela alguns segundos depois.
Quando nossas respirações se normalizaram, fui puxada por Simone para me aconchegar em seu corpo. Ela brincava com os dedos sobre a minha pele. Eu tinha muito para falar, para realizar, mas o cansaço começou a tomar conta do meu corpo. E assim, adormeci. Durante as horas dentro daquele loft, me esqueci de quem eu era, dos meus problemas, filha e marido, Da vida que me aguardava, e que acabara de ficar muito mais difícil depois daquele encontro.
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Pov Simone
Ela era realmente espetacular. Não era a primeira vez em que dormia com uma mulher hétero. Se é que podemos usar essa nomenclatura, afinal, de alguma forma, elas chegavam até mim e gostavam. Mas Soraya era diferente. Apesar da timidez, ela era curiosa. Sem falar do seu corpo, seu gosto, que tornou tudo ainda mais excitante. Após o segundo orgasmo, percebi que ela já estava cansada. Não sou do tipo carinhosa, e nem dessas que dorme junto após o sexo. Aliás, não durmo junto nem com o meu marido. Nós tínhamos quartos separados, e isso foi uma das minha condições para aceitar o casamento.
No entanto, ali com Soraya, senti a necessidade de ficar por mais tempo. O rosto sereno, os olhinhos fechados, e os suspiros que ela soltava durante o sono tranquilo me fizeram sentir uma paz inimaginável, algo nunca antes sentido. Nem sei por quanto tempo fiquei a observando, os cabelos dourados espalhados pelo travesseiro, o corpo nu, coberto pelo fino lençol branco, um contraste delicioso com o bronzeado de seu corpo. Foi quando os primeiros raios da manhã me fizeram acordar para a realidade. Senti um medo absurdo ao finalmente entender que estava fazendo exatamente a única coisa que Eduardo me fizera prometer não fazer. Eu acabara de levar aquela mulher de um metro e meio, um corpo que mais parecia um desrespeito de tão gostoso para a minha vida real. E por que? O que Soraya tinha de tão especial? Um medo gigantesco começou a crescer dentro de mim. Levantei depressa, precisava sair dali. Eu já tive o que queria. Tivemos uma noite gostosa, de sexo e carícias. Já era hora de parar com aquilo. Sobre as fotos na tal ONG, era só falar para Elizabeth que desistira. Crianças não eram mesmo o seu forte. Era isso, fim. Eu precisava sair dali.
Troquei de roupa em silêncio, não queria acordá-la, mesmo sabendo que deveria. Já era tarde, sabia que Soraya teria problemas com o marido. Talvez ela devesse mesmo ter. Quem sabe assim aprendia a não ser tão irresistível gostosa.
Desceu as escadas para sair. Tocou a maçaneta e parou para pensar mais uma vez se deveria voltar e chamá-la. Saiu sem dar ouvidos a sua consciência. Assim, a loira a odiaria e daria por acabado todo esse envolvimento insano e intenso.
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Soraya acordou pouco tempo depois com a claridade que invadia as janelas do quarto. Esfregou os olhos, ainda sem perceber o quão ferrada estava. Foi quando reparou o horário em um relógio que ficava estrategicamente de frente para a cama.
- Não...- Levantou em um pulo, desesperada.
Eram 7h da manhã, não só havia passado a noite fora, mas a madrugada e o início da manhã também. Sua cabeça doía, lembrou da Tequila e consequentemente de Simone. Notou que ainda estava nua, enrolou-se no lençol e seguiu pelo corredor, procurando pela morena.
- Simone? - Falou mais de uma vez, não acreditando que ela havia ido embora sem avisá-la.
Não obteve respostas. Suspirou. Não sabia se estava mais desesperada pelo o que aconteceria com Carlos César ou por Simone ter a deixado ali, sozinha. Em meio a toda confusão, ouviu alguém a chamar.
- Oi... Soraya, não é?
- Sim... - Respondeu timidamente, reconhecendo a mulher à sua frente. Se cobriu, subindo mais o lençol.
- Eu sou a Vanessa. Trabalho para a Simone. A gente se viu no parque. Ela pediu para eu vir te acordar, mas acho que você foi mais rápida.
- Onde ela está?
- Quem? A Simone? - Vanessa riu, não chegou a ser uma gargalhada, mas também não foi um riso contido.
- Eu... Só preciso me trocar.
Soraya entendeu o recado. Pegou sua roupa pelo chão e antes de precisar perguntar, Vanessa apontou para o banheiro.
- É ali.
Enquanto se vestia, pensava se deveria mesmo sentir aquele mal estar tão grande. Simone não havia lhe prometido nada. Elas não tinham um caso, um romance. Mas poxa vida, ela ao menos podia ter se despedido. Será que a experiência foi tão ruim que a morena perdera até a cordialidade?! De qualquer forma, tinha problemas maiores para se preocupar.
Ao sair do apartamento, Soraya foi interrompida por Vanessa.
- Ei, eu não deveria te dizer isso, mas você parece legal. A Simone é um caos, Soraya. Não que ela seja ruim, ela não é, mas isso que vocês tiveram acaba por aqui. Você foi só mais uma das tantas mulheres que passam pela cama dela. Não se sinta mal, mas esquece, tá?
A loira sorriu. Achou a fala da mais nova de uma arrogância.
- Ela te pediu para dizer isso?
Vanessa ficou sem graça.
- Foi só um conselho de amiga.
- Não somos amigas - Soraya respondeu enquanto pegava a bolsa para sair.
- Aliás, quem disse que eu esperava algo a mais? Diga para a sua chefe que meu marido vai adorar saber os detalhes sórdidos da nossa noite. Adoramos esse tipo de brincadeirinha - Mentiu, esperando que a assistente entojada acreditasse que ela tampouco esperava mais.
Saiu do local sem olhar para trás, tremendo de ódio. E decidida que aquilo não a abalaria. Foi só uma noite, sexo casual. Fim.
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Oiii, leitoras.
E aí, vocês acham que foi sacanagem da Simone não ter ficado e se despedido? Pra mim, o pior foi não ter acordado a querida. Aliás, o que será que Carlos César vai fazer? Será que ele vai acreditar na mulher? Menos de um mês que Soraya conheceu Simone e a pobre já mentiu e traiu o marido KKKKKKKKKKKKKKK CONVERSEM CMG SOBRE A HISTÓRIA PQ JÁ PENSEI EM MIL RUMOS POSSÍVEIS. Spoiler: todos são trágicos porque eu gosto é do sofrimento
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As coisas que perdemos nas sombras
FanfictionNem todas as histórias falam sobre amor. No mundo real, o desejo e o prazer costumam ser colocados à frente de qualquer outro sentimento. Para Simone, uma professora de fotografia, seus caprichos e vontades valiam muito mais do que qualquer outro...