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Cinco anos atrás

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Cinco anos atrás

— Me avisaram que queria me ver — Sue disse ao entrar no escritório, sentindo seu estômago se contorcer de nojo. Na sua frente, estava Santiago, um dos Grão-Feéricos que escravizavam os humanos da aldeia, sentado atrás de sua mesa, lendo alguns documentos. Ele era quem aplicava as punições nos escravos.

Séculos atrás, após o fim da guerra e o Tratado ser assinado, um grupo de Feéricos se recusou a simplesmente desistir de todo o conforto que tinham. Se recusaram a abrir mão dos humanos, portanto, usaram magia para manter sua terra escondida.

Talvez as rainhas humanas soubessem do que estava acontecendo, na verdade. Ninguém tinha certeza. A vila deles não era muito grande, e eles não pegavam mais humanos para si, apenas não libertaram os que já tinham e os obrigaram a se reproduzirem.

Vilarejos dos arredores ouviam boatos sobre a tal vila Feérica de escravos. Algumas pessoas até mesmo compravam produtos produzidos lá. Outros, ainda mais ricos, faziam negócios.

Era comum que os humanos ali fossem chicoteados, ou espancados pelos Grão-Feéricos por demorarem a fazer o trabalho, mas em casos mais sérios, de desobediência e ousadia, Santiago era quem aplicava quantas chibatadas ele achasse necessário no escravo, que era acorrentado em um grande mastro, e era punido na frente de todos.

— De fato — o macho assentiu uma vez com a cabeça, girando em sua mão uma moeda de ouro —, preciso que limpe meus sapatos.

Ele se levantou, esticando a perna para que Sue visse as botas sujas de lama, e ela sentiu o sangue ferver. Santiago tinha as sujado de propósito. O sol brilhava do lado de fora daquela mansão, e não chovia há uma semana.

Mais uma vez, como em todos os seus dezenove anos de vida, ela engoliu o orgulho, vendo Santiago voltar a sentar em sua cadeira.

Se aproximou do macho, tirando o lenço do bolso de suas calças sujas de tecido barato. Torceu a mandíbula ao se ajoelhar a frente dele, odiando-o com todas as forças que tinha.

Conforme a observava limpar suas botas, um sorriso satisfeito cresceu nos lábios do macho de cabelos castanhos, amarrados para trás por uma fita em um rabo. Sua cicatriz rosada que cortava o meio de sua sobrancelha e terminava um pouco acima da bochecha brilhava graças à luz do sol vinda da janela.

— Está com quantos anos? — perguntou ele, observando-a de cima. Pegou uma mecha castanha que caiu sob o rosto de Sue e a pôs atrás da orelha.

— Dezenove, senhor. — respondeu baixinho, disfarçando o tremor que o toque gélido do macho causou em sua pele.

— Acho que já está na hora de colocarem-a junto com as outras reprodutoras — ele se referia ao grupo de mulheres da idade de Sue que eram obrigadas a fazer sexo com outros escravos, várias vezes ao dia para engravidarem e gerarem outros humanos para serem escravizados.

𝗘𝗠𝗣𝗧𝗬 𝗦𝗢𝗨𝗟𝗦, acotar; azriel Onde histórias criam vida. Descubra agora