Eu já havia perdido a noção de quanto tempo estava estudando em Hogwarts. A maior parte do tempo eu passava irritada de mais para pensar em qualquer coisa então decidi focar nos estudos dos N.O.M.s e Hermione nos N.I.E.Ms. E por mais que me doa admitir, ela era boa em praticamente tudo.
Apesar do meu mau-humor constante, ela negava a se afastar 100% de mim. Talvez ela não fosse tão inteligente quanto eu pensava.
Durante meu tempo livre, foquei em tentar descobrir a descendência da minha mãe, afinal, era por causa de seu sangue que eu estava em Hogwarts.
Fechei a porta do box do banheiro, totalmente perdida nos meus pensamentos. Como ela pode me esconder algo desse nível por tanto tempo? E porque?
-Isso é novidade.
Ouvi um riso estridente por cima da cabine. Instantaneamente meu rosto corou e o mais rápido possível eu me ajeitei dentro da cueca. Que porra era aquela? Uma merda de fantasma?
-Mas o qu... - Seu riso se tornou ainda mais estridente. Caralho, eu queria socar minha cabeça nessa porta até ter um traumatismo. - Quem é você? E porque caralhos está espiando por cima da cabine? Mas que merda. Me mijei toda.
Sentei no vaso com a cabeça apoiada nas mãos. Como eu ia sair agora? Pensei em todos os feitiços possíveis, quem sabe existia algum que pudesse secar a porra da minha calça.
-Meu nome é Murta. Minha alma está presa nesse banheiro, condenada a reviver a minha morte de novo e de novo... - Seu tom foi ficando cada vez mais choroso. E eu achando que era dramática. Eu usava essa merda de banheiro porque era o único que ficava praticamente vazio o tempo inteiro. Agora eu sei o porque - Não que eu tenha algo mais agradável para fazer o meu tempo passar.
Pensando bem. Ficar preso em um banheiro por anos e anos pode ser considerado um castigo divino. Se é que isso existe... Mas espera...
-Murta. É Murta né? Que história terrível. Posso perguntar a quanto tempo está aqui?
-O fatídico dia foi 13 de junho de 1943. Eu me lembro como se fosse ontem. Eu estava cuidando da minha vida quando... Quando.
Percebi que a garota estava a beira de um colapso. E com medo de que ela sumisse antes de me dar qualquer informação a interrompi da forma mais educada que conseguia.
-Murta. Querida. Não precisa me contar se não quiser, não quero te fazer sofrer desnecessariamente - Meu Deus, que cara de pau. Cocei a nuca tentando manter meu melhor sorriso. A garota sorriu de volta. Tirei minha calça e estendi na porta da cabine, me sentando de cueca no vaso. Ela já tinha visto tudo mesmo. - Eu estava pensando, faz um bom tempo que está aqui, deve ter feito muitas amizades.
-Não muitas na verdade. As pessoas vem aqui para rir de mim. Atirar coisas.
Sua voz se tornou chorosa novamente, e cada vez eu me sentia mais culpada. Ninguém deveria ser tratado dessa forma.
-Sinto muito. - Falei sincera. Me lembrando de quantas brigas eu me meti apenas por ser eu mesma - Acho que pelo pouco que viu pode imaginar que minha situação não é tão diferente da sua. - Ela balançou a cabeça. Murta percorria o banheiro voando de um canto ao outro - Sabe, a pouco tempo eu nem mesmo sabia que tinha magia no meu sangue, sempre fui tratada como inferior ou aberração, e agora eu estou tendo a chance de mudar isso... Eu tava pensando, você poderia me ajudar em algo. Se quiser, é claro.
-Humrum... Você me diz primeiro e eu penso se te ajudarei.
-Por acaso você pode ter ouvido falar de uma Morgana Borges?
-A brasileira? - Balancei a cabeça vendo sua cabeça surgir do chão. Cobri meu colo, desconfortável com sua aproximação - Ela vinha aqui e chorava por horas. Foi uma bagunça enorme quando ela ficou grávida. E tão jovem.
-Desculpa, grávida?
-Ela tentou esconder por um tempo. - Murta parecia feliz com meu enorme desconforto, tanto pela sua proximidade quanto pelo assunto. - Sirius nunca assumiria uma menina de sangue ruim, não naquela época. Uma hora ela simplesmente parou de vir aqui chorar. Na verdade, acho que ela parou de estudar.
-Não, não, você não pode estar lembrando da pessoa certa, el...
-S/n? - Me calei de imediato. Droga, parecia perseguição - Eu sei que está aí, eu ouvi sua voz. E porque suas calças estão penduradas?
-Acidente de percurso.
Falei rindo de nervoso. Murta voltou a voar pelo banheiro rindo alto. Essa garota estava decidida em fazer o inferno na minha vida.
-E com acidente de percurso quer dizer o que?
-Vai me fazer dizer mesmo? - Me levantei do vaso. - Você estuda a anos aqui e esqueceu de me dizer que tinha a porra d um fantasma nesse banheiro?
-Ok. Eu sei que você se assusta fácil. Mas fazer xixi nas calças?
-Foi eu quem me assustei. - Murta falou voando de um lado para o outro. Inferno - Uma grande surpresa.
-Hermione. Pelo amor de Deus, me arruma uma calça e me tira daqui.
Falei sentindo vontade de deitar no chão e morrer ali mesmo.
-É o que assustaria a Mur...
-Hermione. - Gritei. Ouvindo o fantasma rir ainda mais. - Por favor.
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-Agora pode me explicar o que aconteceu?
Caminhávamos lentamente de volta a Hogsmeade. Apesar do começo estranho, o dia havia seguido normalmente, e graças a Hermione não precisei usar uma calça mijada o dia inteiro.
-Tá, uma hora ou outra você ia descobrir mesmo. - falei coçando a nuca - Eu vou no banheiro do primeiro andar porque é o mais vazio. Exatamente para não causar esse tipo de situação. - Suspirei alto vendo sua atenção completamente voltada a mim. - Sou intersexual Hermione.
-Ó, isso eu...
-Pois é. - Comentei ainda envergonhada com o rumo da conversa - Mione, a Murta é confiável? Quer dizer, dá pra confiar nas coisas que ela diz?
Hermione ainda parecia perdida. Demorou algum tempo para finalmente me responder. Não a culpo, não é uma coisa que se escuta todo dia.
-Confiável? - balancei a cabeça - Sim... Ela tende a ser. Mas porque pergunta?
-Eu acho que talvez aquele velho caduco da loja de varinhas não fosse tão louco assim.
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Olha só quem voltou rapidinho kkk. Desculpem qualquer erro. Como minhas preciosas estão? Gostaria de agradecer Td mundo que vem comentando e dando estrelinhas, vcs me fazem querer levar essa história até o fim. Agradeço de coração ❤️ e espero que estejam gostando
Beijo nessas bundas goxtosas :3
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Novo começo (g!p)
RomanceS/n vivia em uma família totalmente desestruturada. Após a morte do seu pai, (que a abalou emocionalmente muito mais do que gostaria de admitir), havia percebido que estava sozinha. Sabia melhor do que qualquer outra pessoa que quando nos sentimos d...