Novo começo (g!p)

Cap17

-Nem me pergunta nada.

Falei fechando a porta atras de mim. Sett me seguia pela casa. Depois que comecei a trabalhar com Yan retornei o contato com o meu velho amigo. Logico que ele ficou tão maravilhado quanto eu quando comecei a contar o motivo do meu sumiço repentino. O cara era meu irmão, e apesar das circunstâncias, eu obviamente o procuraria uma hora ou outra. Sett era a única pessoa em quem eu confiava agora.

-Ta, você some por quase um mês e quando volta, ta acompanhada desse ruivinho aí. - Gesticulou para o homem ao seu lado. - Nada contra você cara. - Bufou, suas mãos inquietas. Aquela mania de falar gesticulando sempre me irritou um pouco, mas com o tempo comecei a simplesmente ignorar. -O mínimo que você me deve é uma explicação.

-Não na frente dele. - Apontei para a porta. Sett saiu bufando, batendo a porta como um adolescente raivoso. - Fica aqui. Eu falo sério, se fizer alguma gracinha não é só a sua vida que está em perigo.

Segui atras de Sett pela casa, ouvindo o ruivo pronunciar algo do tipo "certo, certo". Meu estomago embrulhava sempre que eu ouvia sua voz... Tentei não pensar muito, eu precisava manter meus pensamentos no lugar.

-O que quer saber?

Perguntei me jogando no sofá impacientemente, eu sabia que o mínimo era uma explicação, mas meu espírito estava tão cansado que aquilo parecia um sacrifício enorme.

-Que tal começar do começo? Quer dizer, desde que apareceu aqui eu nunca te cobrei nada, e Deus sabe que eu faria qualquer coisa por você. - Suas mãos agora estavam em ambos os lados do meu rosto. Segurei sua nuca encostando nossas testas, era incrível como eu me sentia confortável ao seu lado. - Droga S/n, se olha no espelho. Eu te conheço até melhor que sua própria mãe pra dizer que algo definitivamente não ta certo. - Suspirei, nunca senti meu corpo tão cansado como naquele momento. - Sabe que pode confiar em mim.

Fechei os olhos me lembrando da maldita hora que aceitei trabalhar junto com Yan. Nunca aceitei a proposta por saber que ele poderia me ajudar a controlar aquela merda de obscuro, e sim pelos contatos que ele parecia ter no ministério.

Minha mãe foi levada pelo assassinato do meu tio, mas não antes de contatar Yan e pedir sua ajuda. O arrombado tinha tantos contatos dentro do ministério que em pouco tempo conseguiu virar toda a culpa do ocorrido para Nicholas, e eu? Virei uma maldita sombra, a sua sombra, o acompanhando e fazendo o trabalho sujo. Em pouco tempo pessoas como meu tio tiveram o mesmo destino que o dele, e eu fui inocente de mais para perceber que aquilo ia muito além de uma alma generosa em busca de justiça. Yan queria ser reconhecido, e sem que eu percebesse, foi o que eu lhe dei.

-Eu só. - Balancei a cabeça, não conseguia encontrar as palavras. - Merda Sett, eu estou tão cansada, eu só queria nunca ter aceitado seguir Yan, queria poder voltar no tempo. - Respirei fundo, contendo as lagrimas, sentindo minha garganta apertar. - Eu acho que estou morrendo.

-S/n...

-Não. - Me afastei. Não suportaria olhar em seus olhos e encontrar qualquer tipo de pena. - Eu realmente não me importava, é algo que eu tenho consciência de que está muito próximo de acontecer. Mas Mione, ela... O que ela falou. Merda.

-Mione? A garota?

-Sim. A garota.

Escondi meu rosto entre os dedos, apoiando a cabeça na palma, desejando ser capaz de fazer meus pensamentos se calarem. Um filho? Como isso pode acontecer?

-Eu sempre soube que seu fim seria um rabo de saia. - Ri baixo, sem conseguir acreditar que até em momentos como aquele Sett tentava ser engraçadinho. - Lembra da Tatiana? Deus, eu estava a ponto de me matar, só pra não ouvir você choramingando pelos cantos.