32- pov: Liz Carter

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Depois do dia de ontem, dormi como pedra. Acordei às 11:00, tomei um café reforçado enquanto via as notícias sobre a prisão de ontem.
O feriado de ação de graças estava chegando, seria quinta. Combinei que amanhã iria pra Staten Island ficar meus pais e na quinta todos iriam jantar lá.
Liguei pra Matt para almoçarmos juntos, já que no domingo fomos atrapalhados pela ligação da Olívia.
Depois de resolver algumas coisas sobre ontem, preparei o almoço, organizei a mesa e aproveitei pra tomar um banho. Vesti um vestido soltinho, prendi meu cabelo e me perfumei.
Poucos minutos depois o porteiro anunciou a chegada de Matt.
Ouvi a batida na porta e segui pra abrir.

— Oi, amor! — Sorri ao abrir a porta e vendo Matt ali. Dei um selinho nele.

— Oi linda. — Ele suspirou, seu semblante triste me fez erguer as sobrancelhas.

— Tudo bem? — Perguntei, trancando a porta.
— Precisamos conversar. — Ele engoliu seco.

— O que aconteceu? — Ele pegou na minha mão, me guiando até o sofá onde sentamos lado a lado.
Antes de falar, Matt respirou fundo e limpou a garganta.

— Sabe essas reuniões que eu estou tendo com meu pai? — Balancei a cabeça em afirmação depois que ele falou — Então, eu recebi uma proposta de emprego, onde eu teria minha própria empresa, em parceira com o maior escritório de arquitetura... de Londres.

Respirei fundo ao ouvir a última frase.

— E você aceitou? — Meu sorriso havia desaparecido.
— Meus pais também receberam uma proposta, eles são grande amigos dos políticos e a oferta foi ótima. O sonho deles sempre foi voltar pra Londres. — Suas mãos trêmulas seguraram as minhas.

— E o seu sonho também não é? Você aceitou? — O questionei de novo.

— Sim. — Ele respondeu seco. Seu olhar seguia triste. — Eu seria um egoísta se pedisse pra você ir comigo, com sua promoção, e com sua família toda aqui. Mas.. ter minha própria empresa, no lugar que eu nasci, sempre foi meu sonho. Eu sinto muito. — Ele tocou na minha bochecha.

— Não precisa sentir. Se é o seu sonho, quem sou eu pra te impedir. Além de tudo, torço por sua felicidade. — Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e Matt a enxugou.

— Eu poderia até pedir pra continuarmos juntos, você é muito importante pra mim, Li. Mas eu não acredito nisso de namoro à distância.

— Seria impossível, Matt. — Eu já não conseguia manter meu olhar firme no olhar dele. — Então, é o fim?

— Eu não queria que fosse. — Ele levantou meu rosto devagar, me fazendo olhar pra ele. Seus olhos também lacrimejavam.

O silêncio pairou sobre a sala.

— Quando vocês vão? — Quebrei o silêncio.

— Amanhã à noite. — Ele respondeu, seu olhar evitava o meu.

— Amanhã? Por que você não me contou antes? — Falei com a voz mais firme.

— Eu ainda não tinha certeza sobre o que eu ia decidir.

— Quando você recebeu a proposta?

— Um dia antes do seu aniversário.

— Isso já faz tanto tempo, Matt.

— Me desculpa, ficou tudo em cima, eu não quis atrapalhar seu dia, nem sua promoção.. eu não sabia o que fazer. 

— Você não deveria ter escondido isso de mim.  

— Eu não queria, eu sabia que você poderia me ajudar... mas foi uma decisão difícil.

— Ver você se distanciando e escondendo foi difícil também Matt.

— Sinto muito que acabe desse jeito, Li. Você merece ser feliz. Com quem você ama de verdade, e eu sei que essa pessoa não sou eu. — Ele disse com o tom de voz mais firme. O olhei confusa.

— O que isso quer dizer? — Perguntei.

— Que eu sei, Li, que você não gosta tanto de mim o quanto eu gosto de você. E mesmo que você diga que é feliz comigo, eu sinto que não sou quem você realmente queria estar.

— Do que você está falando? Você quer cobrar amor depois de me dizer que vai embora do país?

— Não quero te cobrar nada. Só quero que você vena a realidade.

— Você só pode tá de brincadeira. — Bufei. Não sei como uma conversa triste terminaria em uma briga. Eu levantei do sofá e logo Matt levantou ficando frente a mim.

— Você não me ama, não é Liz?

— Por que você quer falar de amor Matthew? A gente nunca disse isso um pro outro, e por que diabos você falaria sobre isso depois da gente terminar? — Meu tom de voz já havia aumentado, mas algumas lágrimas desciam em meu rosto

— Porque eu quero saber se esse tempo todo eu fui um trouxa, que tapou o buraco do seu coração.

— Como você pode insinuar isso? Você foi o primeiro que eu gostei de verdade depois de tudo que passei. Eu não seria idiota de te usar, Matthew. Minha ideia não é que você vá embora e a gente termine assim, brigados. Então, acho que é isso. Eu desejo que você tenha muito sucesso e seja muito feliz. Boa viagem pra você e seus pais. — Falei tentando segurar as lágrimas.

Adeus, Liz. — Foi sua frase final. Antes de ir, ele me abraçar pela última vez
Senti nossos corpos queimar no pequeno tempo que ficaram juntos.
Observei ele abrir a porta e ir embora.

Minha vontade era jogar pela janela aquele quadro idiota que ele me mandou antes do primeiro encontro. Quebrar no chão aquele vaso de rosas ou rasgar alguma roupa dele que estivesse no quarto.
Deixei as lágrimas rolarem, enquanto me servi com vinho da minha estante. Me joguei no sofá, deixando as lágrimas rolarem.

Senti uma frustração, raiva, e de certo modo, alívio.

Meu momento decepção foi interrompido quando ouvi a porta bater.
Quem diabos seria?
Limpei as lágrimas e atendi.

— Chris? — Estranhei ao ver ele ali.

— Oi Li. Eu.. recebi o e-mail de demissão do Matthew. Vim saber como você está. — Chris logo me puxou pra um abraço forte.

— Eu estou bem, vem entra.

— Com você ele foi mais homem e falou pessoalmente? — Ele parecia bravo.

— Sim. Infelizmente sim. — Falei indo até a cozinha.

— Você já almoçou?

— Não, eu saí do escritório assim que soube. Mas não quero incomodar, eu só quero saber se você está bem.

— Por que incomodaria? — Dei de ombros e levei a comida até a mesa. — E não é o meu primeiro término, Chris. Não precisa de preocupa.

— Eu pareço mais chateado do que você. — Ele logo procurou seu uísque e se serviu.

— Isso eu concordo. — Ri sem graça.

— Desculpa te metido você nessa. — Depois de beber sua dose, ele sentou em uma das cadeiras da mesa principal.

— Para de bobagem. A culpa não é sua.

— É que depois do ano que tivemos, ele simplesmente me mandou um e-mail dizendo que iria pra Londres, que idiota. — Ele serviu a comida no prato.
Ri da frustração dele — Pois é. Imagino como você se sente. — Falei me servindo também.

Chris tentou me animar durante o almoço. Conversamos e ele se ofereceu até pra lavar a louça.

— Você pode, não falar pra Sofia? Por favor. Ela vai surtar e eu não quero mais drama, não hoje. A gente se vê lá nos meus pais, e lá eu solto a bomba. Pode ser? — Falei acompanhando ele até a porta.

— Vai ser difícil. Mas eu não vou contar. — Ele me abraçou de novo. — Fica bem.

— Obrigada por vim. — Sorri pra ele que retribuiu e saiu.

Durante o dia recebi uma mensagem de Olívia comunicando que teríamos o resto da semana de folga, devido ao feriado e como uma gratificação pela finalização do caso.
Tentei me distrair com qualquer coisa que passasse na TV e além de tudo, tentei dormir para esquecer os últimos acontecimentos...

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