Capítulo 1

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O asfalto era uma mancha negra sob os pés de Sohyun quan­do trocou a corrida esportiva por uma fuga pela vida

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O asfalto era uma mancha negra sob os pés de Sohyun quan­do trocou a corrida esportiva por uma fuga pela vida. Na umidade tropical da noite de verão, todo o corpo se cobriu de suor. Consciente das respirações frenéticas atrás dela, forçou-se a não sentir a dor do esforço.

Fuja, não deixe que apeguem.

Não conhecia aquele bairro, mas sabia que era a linha de demarcação onde os subúrbios se encontravam com a região industrial no norte de Twin Cities. Não era o melhor lugar para uma mulher sozinha correr, especialmente com as luzes das ruas queimadas. A única iluminação vinha dos anúncios de néon de uma fileira de boates apertada entre armazéns de quatro e cinco andares.

Aumentando a velocidade e ignorando a dor nos tendões das pernas, subiu na calçada. Graças a Deus não escorregara; eles a pegariam e a roubariam ou morderiam ou...

O que eram? Tinham dentes, dentes longos. Haviam ros­nado e exibido as presas. Quando começara a correr, deram-lhe uma dianteira, rindo, como homens faziam quando queriam amedrontar uma mulher. Rezara para que apenas ficassem lá e não a perseguissem, mas sua oração não fora atendida.

Estavam perto, os pés batendo no asfalto no ritmo de seu coração disparado. Jamais seria capaz de fugir deles. Mas tal­vez pudesse se esconder. A direita, na esquina, um armazém escuro parecia chamá-la, as imensas portas duplas abertas.

Sohyun correu para dentro e, tarde demais, percebeu seu erro. Caíra numa armadilha, ninguém a ouviria gritar. Os pulmões prestes a explodir, lutou para se manter sobre as pernas trêmulas.

A escuridão era tão intensa que mal podia perceber as pa­redes em torno, as janelas como bocas sem dentes abertas contra o céu negro. Massas escuras de grandes objetos empi­lhados a obrigaram a andar com mais cuidado.

Pisou numa tábua solta e perdeu o equilíbrio. Os braços batendo no ar, virou-se, tentando evitar uma queda. Mas não conseguiu.

Antes que atingisse o piso de concreto, mãos fortes a agar­raram pela cintura e a puxaram para a escuridão.

O homem que a segurava respirava pesadamente, como se estivesse tão cansado como ela. O hálito quente lhe atingiu o rosto. O cheiro era fortemente masculino, terreno. Não era um dos perseguidores de dentes longos, mas não conseguia saber se estava a salvo.

Os braços fortes a apertavam, circulando-a, mantendo-lhe os braços presos. Ele recuou um passo, puxando-a para um ponto ainda mais escuro. Uma janela à esquerda, fechada com tábuas mal pregadas, deixava entrar tênues raios da lua crescente. Uma farpa de madeira lhe feriu o ombro e um pre­go lhe agarrou a camiseta, Sohyun lutou.

— Solte-me. Quem é você?

— Eu a salvei daqueles idiotas loucos lá fora. Não vai me agradecer?

— Se me soltar.

Ele roçou o nariz em sua testa, como se lhe sentindo o cheiro.

— Acho que não.

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