Capítulo 19

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Estava sendo um canalha. Dois dias haviam se passado des­de o ataque e Jungkook usara as desculpas de instalar novas janelas, verificar os terrenos e renovar o estoque do arsenal para limitar seu tempo com Sohyun.

Inferno, queria ir para ela, abraçá-la, beijá-la, fazer amor com ela e encontrar de novo seu lugar dentro dela. Mas o cheiro de vampiro persistia e não queria que soubesse que o repugnava. De uma certa forma, era verdade e não era. No entanto, sabia que era estupidez pensar que ela não sentia sua relutância.

Racionalmente, sabia que nada mudara entre eles. Era a mesma mulher a quem amava, que queria que fosse sua com­panheira pelo resto de suas vidas. Ilogicamente, seu cérebro a considerava repulsiva. Encolhia-se cada vez que via a mar­ca vermelha em seu pescoço, que já estava desbotando.

Vampiros haviam matado cruelmente seus pais e o es­cravizado. Guerrearam contra as bruxas sem nenhum res­peito pela vida humana. Vampiros eram criaturas malignas e nojentas.

E logo Sohyun se tornaria uma delas.

Não podia afastá-la, porém sabia que ignorá-la era muito pior. Precisava dele tanto quanto ele precisava dela. Não era vampira ainda. Se não pudesse aceitá-la agora, como pode­ria, depois que se transformasse?

Porque estava começando. Na noite anterior, ela gemera no sono, um gemido profundo, ansioso, que não era sexual. A fome de sangue começara a se infiltrar em seu sistema. Cada noite, depois que ela dormia, ficava sentado na poltro­na do quarto, sem dormir. Não dormia havia dias e, embora exausto, continuaria a vigiá-la. Para descobrir mudanças, para saber suas necessidades. Beije-me.

Ela dizia isso todas as noites antes de entrar debaixo dos lençóis. Mas não olhava para ele, como se soubesse que não lhe encontraria o olhar. Idiota!

Não seria vítima de pensamentos tortuosos. Seu cérebro o convencera de uma coisa irracional. Faria o melhor que pudesse, precisava fazer. Quanto mais tempo ficasse longe dela, mais se separariam. Ele a queria e iria para ela.

Sim, ele a beijaria e tudo seria como sempre fora. Ou pre­feriria morrer.

Sohyun procurou na gaveta de camisolas. Normalmente dor­mia nua, mas vinha usando pijamas porque ultimamente sen­tia frio na cama.

Jungkook estava dormindo na poltrona, assim não a roçaria por acidente. Provavelmente achava que ela não sabia, mas estava consciente, durante a noite, quando seu sono era leve, que ele a observava. De longe.

Estremeceu e segurou uma vontade desesperada de chorar. Pensou que tinha coisas mais importantes para pensar do que no namorado confuso. Como descobrir uma forma de lidar com o que estava se tornando. Podia sentir as mudanças.

Colocou um dedo na base do pulmão, onde o anseio co­meçara. Era uma queimadura, uma ânsia que precisava ser satisfeita.

A fome de sangue, pensou, o lábio inferior tremendo. Não queria fazer aquilo, não queria beber sangue. Seria muito mais fácil... Se tivesse apoio. Uma lágrima desceu.

— Sohyun?

Tirando a camisola de seda rosa da gaveta e segurando-a contra o corpo nu, ela se virou e viu Jungkook em pé no outro lado da cama. Calça de couro, peito nu, tão bonito.

Mas não era mais dela.

— Alguma coisa errada?

— Sim, tudo — disse ele, um suspiro erguendo-lhe o pei­to. Contornou a cama e se aproximou. Não ficava tão perto há dias. Lentamente, ergueu uma das mãos e passou um dedo pelo braço dela. O calor dele, seu cheiro másculo a tomaram, a pele tensa em antecipação.

MOON KISSOnde histórias criam vida. Descubra agora