Capítulo 3

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A música que pulsava no clube Silver escapava pelas por­tas de trás e animava o grupo que não conseguira entrar e dançava no estacionamento. Era assim todas as noites, e a gerência pensava em servir bebidas para os que não tinham sido escolhidos.

Jungkook parou no canto da frente do prédio de três andares, observando a fila diante da porta enquanto alguns tinham permissão para entrar e outros não.

Com a mão no bolso da jaqueta de couro marrom, tentou entender a letra, mas tudo o que distinguia era o ritmo pesa­do. Não tinha importância, não gostava mesmo daquele tipo de som. Mas gostava da atmosfera, do barulho e dos corpos que dançavam.

Andou até a entrada e observou a limusine preta estacio­nada do outro lado da rua. Vampiros, sem dúvida. Jungkook de­testava todos aqueles presas longas horríveis, menos alguns poucos com quem tivera a oportunidade de se relacionar ao longo das décadas.

O ar quente de agosto estava impregnado do cheiro de gasolina, do asfalto amolecido pelo calor, bebida derramada, xixi de gato e perfume. Quando tantos cheiros se combina­vam, podia facilmente sentir acima deles, por assim dizer.

Desapareciam nos bastidores como sombras, permitindo-lhe sentir cheiros distintos.

Um cheiro em particular se impôs. Era familiar, rico e atraente. Tivera uma prova dele e queria mais. Daquele pe­queno coelho trêmulo que fugira de vampiros e caíra diretamente nos braços dele. Tinha penetrado nele como um coquetel intoxicante de medo, adrenalina e... Embora ela negasse... Excitação. Doce. Ainda podia lhe sentir o gosto na língua e nos poros.

Jungkook entrou no Silver com apenas um aceno para os porteiros.

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Jin tocou o último lançamento de música eletrônica e a multidão pula­va, brilhava e dançava na pista sob as luzes pulsantes. Sohyun abriu caminho pela rampa de entrada e avaliou as chances de chegar à cabine do DJ. A pista de dança se encontrava lotada e Jin estava em sua gaiola, os punhos batendo no ar no ritmo da música, mas ela conseguiu chamar sua atenção e lhe fazer um cumprimento com a mão.

Essa noite precisava se perder na música alta e pulsante e desviar seus pensamentos de outras coisas, coisas que a atormentaram toda a tarde. Ainda estava chocada com as re­velações de Jin, mas essa noite tudo seria bom, assim que tomasse seu primeiro cosmopolitan.

O caminho mais curto para o bar era através da pista de dança. Encantada com o ritmo, Sohyun se misturou à multidão. Preferia outras músicas, como o flamenco, mas podia se me­xer bem com qualquer uma.

Dançou com sua saia curta vermelha diante de um cara sexy. Ele a acompanhou. Era muito divertido e os dentes dele brilhavam.

Girando, Sohyun ficou entre duas mulheres que colidiram sem intenção nela, o que a fez rir. Ergueu os braços e decidiu que a bebida podia esperar. Entregar-se ao ritmo a levava para um lugar maravilhoso.

Mãos masculinas passaram por seus braços e lhe rodea­ram o quadril. Ela e o carinha de dentes brancos giraram num círcu­lo amplo, era uma dança abertamente sexual, mas ela não se sentiu ameaçada como no dia anterior. Mesmo os dedos que passavam pela barra de sua saia curta não a ofenderam.

Aqui estava no controle, ninguém a perseguiria ou tenta­ria se aproveitar dela, a menos que quisesse. E jamais pediria que alguém a controlasse, o controle era dela. Sua vida não funcionava sem ele. E essa noite pretendia recuperá-lo.

O cheiro de álcool e de alguma coisa como maçãs verdes lembrou-lhe de seu objetivo inicial. Abrindo caminho dan­çando, Sohyun percebeu um lugar vago no bar e se sentou no banco de plástico prateado. Conhecia o bartender e sorriu para ele, que lhe deu um olhar e começou a preparar sua be­bida usual, então a fez escorregar pelo balcão e negou com a cabeça quando ela tirou o dinheiro.

— O primeiro é de graça para você, Sohyun.

A bebida era doce com um toque amargo. Cruzando as pernas e virando-se para observar a pista de dança, ela mo­veu os ombros no ritmo.

Atrás dos vidros da cabine do DJ, podia ver Jin dan­çando e erguendo os punhos no ritmo da música que to­cava para a multidão. Ele arrepiava os cabelos nas noites em que trabalhava e sua aparência ficava bem diferente da usual.

Namorando uma mulher vampiro?

Não pense sobre isso Sohyun, tome outra bebida.

Estava prestes a fazer um sinal para o bartender quando a bebida foi posta diante dela. Contente por ele perceber o que ela queria sem que dissesse, Sohyun abriu a bolsa para tirar o dinheiro, mas uma grande mão colocou uma nota de cinco dólares sobre o balcão. Sohyun se sentiu acalorada enquanto uma voz masculina sussurrava:

— Disse que a encontraria.

MOON KISSOnde histórias criam vida. Descubra agora