XXII

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Capítulo 22: Um novo integrante na família.


A rotina em família está sendo uma sensação nova para mim, porém muito boa. Tem algo a ver com dormir e acordar ao lado da pessoa amada. Passar longas horas lendo na cama, aconchegados em lençóis que cheiram a jasmim, trocar beijos roubados de bom dia, sentir cheirinho de café fresco pela manhã e conversas animadas.

Com minha nova rotina — que prefiro dizer; um homem noivo e pai de família — algumas responsabilidades vieram com isso, como, por exemplo, cuidar do meu filho. Sozinho.

Harry teve uma reunião de emergência e precisou viajar para a Itália a negócios. Sinto falta dele o tempo todo. Cada minuto e segundo. Nós só estamos longe um do outro três dias. Não só eu, mas Ciel também sente muita falta da mamãe.

Apesar de conversarmos todas as noites pelo FaceTime, a falta não diminui, muito pelo contrário, só aumenta. Mas prometi a Harry que manteria tudo sob controle e estou fazendo isso — ou tentando.

O café da manhã tem sido totalmente por minha conta - algo que faço muito bem, modéstia à parte. Ciel geralmente come salada de frutas e um pãozinho com uma carinha sorridente. Na minha cabeça seria muito fácil, não haveria segredos, afinal era só um pãozinho.

Deus, eu estava muito enganado.

—— Papai, isso não é uma carinha sorridente, — Ciel diz com um olhar crítico, franzindo o nariz. —— na verdade, está mais uma carinha assustada.

Olho para a carinha feliz/assustada, tentando achar uma solução que a deixe mais apresentável, mas não adianta.

—— É a primeira vez que faço isso, dá um desconto pro papai, hm? Sou novo neste mundo de café da manhã com carinhas felizes, mas prometo melhorar. — Eu explico dando a ele um sorriso reconfortante pelo café da manhã perdido. —— Ainda tenho muito que aprender com sua mãe.

—— Está tudo bem, papai. Podemos ir tomar café da manhã na minha padaria favorita, o que você acha? — Ciel sugere entusiasmado e eu não posso recusar. Coloquei o casaco de patinho em Ciel e então seguimos para a padaria.

𓈈

Após o café da manhã, estamos voltamos para casa. Observo as folhas caindo no chão com a chegada do inverno, tudo tão frio e aconchegante. Ouvimos um miado atrás de nós e nos viramos para encontrar um filhote de gatinho. Sua patinha está machucada e seu pelo branco está sujo. Ele parece solitário e com frio.

Lentamente, ele se aproxima de Ciel como se pedisse carinho. Ciel então se abaixa e alisa o pêlo do gatinho que se aconchega a ele.

—— Ele é muito fofo, papai — Ciel diz com um sorriso. —— E ele parece estar sozinho... podemos ficar com ele?

Ciel faz aqueles olhos suplicantes e junta as mãozinhas. E o gatinho parece compartilhar os mesmos olhos suplicantes.

Está frio e não vai demorar muito para começar a chover. Não posso deixar o gatinho sozinho na rua. Mordo o lábio pensando; podemos levar o gatinho e depois conto a surpresa a Harry. Ok, é isso. Harry vai adorar.

—— Acho que ele gostou de você, estrelinha — Digo com um sorriso, vendo Ciel pegar o gatinho nos braços que parecem feitos exclusivamente para aconchegá-lo de forma fofa e segura. —— Nós vamos levar, mas não diga nada a sua mãe ainda. Vamos fazer uma surpresa.

—— Eba! — Ciel comemora abraçando o gatinho que de alguma forma parece saber que agora tem um novo lar. Uma nova família.

𓈈

𝗅𝗂𝗄𝖾 𝗂𝗍'𝗌 𝖺 𝗀𝖺𝗆𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora