𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐨𝐧𝐞

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Sou tirada de meu sono por leves batidas na porta do meu aposento. Abro os olhos rapidamente xingando internamente o responsável por me acordar tão cedo, é o que indica a vista do outro lado da minha janela, enquanto coloco os pés no piso de madeira gélido abaixo de mim inspirando fundo quando a sola entra em contato com a temperatura baixa daquele chão.

Peço para seja lá quem esteja do outro lado da porta esperar um momento quando dou um impulso para o meu corpo me colocar de pé e seguir para o outro lado do cômodo. Pouso a palma da mão sobre a maçaneta a girando cuidadosamente e empurrando a porta para a minha direção para que eu possa ver quem está do outro lado.

— Pois não? — Falo, a voz saindo mais rouca e sonolenta do que eu planejava. Pressiono os fios de cabelo arrepiados com as palmas das mãos tentando os abaixar mesmo sabendo que não será o suficiente para melhorar minha aparência atual.

— Mil perdões por atrapalhar seu sono, Alteza. Mas, a Rainha convoca sua presença até a sala do trono. Disse que é de extrema importância. — Explica a senhora Mariana, uma das muitas criadas do castelo, que antes, era encarregada de cuidar de mim quando mais nova, mas, que agora, está mais para uma segunda mãe para mim.

Pisco várias e várias vezes até meus olhos realmente se focarem na figura da mulher mais velha parada na minha frente. A postura impecável como sempre. Os olhos, inexpressivos. As mãos postas atrás do corpo. Os cabelos levemente grisalhos e a pele com as marcas do tempo me lembram de como era alguns anos atrás antes de eu realmente conseguir cuidar do meu próprio nariz.

— Claro. Eu descerei em breve. Obrigada por avisar, Mariana. — permito-me dar um breve sorriso antes de fechar a porta novamente.

Franzo as sobrancelhas pensando nos milhares de assuntos que minha mãe precisaria conversar comigo para ser de tamanha urgência.

Me certifico de fechar as longas cortinas postas na frente da imensa janela do meu quarto antes de tirar a camisola que cobria meu corpo, e o esquentava, até o momento.

Cambaleio para o banheiro sentindo os lados inferiores das minhas coxas nuas roçarem uma na outra enquanto ando, é uma sensação que não me desagrada.

Me ponho de joelhos em frente à banheira escorando meu corpo para alcançar a torneira com jato quente de água fechando os olhos com força ao sentir o acrílico gelado em contato com a pele da minha barriga exposta.

Me levanto quando a banheira começa a encher e me ponho em frente ao espelho. Prendo as mechas de cabelo em um coque apertado por nada mais que os meus próprios fios de cabelo em um nó que não sei se serei capaz de desfazê-lo ao final desse banho.

Desço os olhos para o meu corpo nu mais uma vez o admirando, julgando, observando enquanto ouço o som da água caindo sobre ela mesma enquanto preenche a banheira.

Quando olho para a banheira ela já está com a água na altura perfeita para receber meu corpo sem que transborde. Então, dou passos preguiçosos até o objeto e mergulho meu corpo na água morna, perfeita em minha opinião, deixando meus membros submersos até o começo do pescoço. Escoro minha nuca no material gelado sentindo meus músculos relaxarem aos poucos.

(...)

Desço as escadas em direção à sala do trono onde Mariana me informou que minha mãe aguardava pela minha presença. Lembro-me de chutar o vestido a cada degrau que desço para que não sofra uma queda em frente a todos os criados e guardas presentes no cômodo imenso.

Quando finalmente piso no último degrau daquela escada enorme de pedra lisa, respiro fundo expulsando toda a ansiedade de meu corpo ao expirar, o que não foi lá muito eficiente, já que meu coração permanece acelerado e as mãos levemente trêmulas com medo do que me espera. 

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