𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐟𝐢𝐟𝐭𝐞𝐞𝐧

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Pela primeira vez em dias, eu consegui ter um sono razoavelmente bom, mas não durou por muito tempo. Quando despertei, estava com toalhas frias na testa e nos pulsos, imagino que seja pelo mal estar que andei sentindo nas últimas horas. Rolo meus olhos pelo quarto procurando o homem que cuidou de mim por todo esse tempo, mas não o encontro. Será que eu estava alucinando?

Me lembro claramente dos seus cuidados comigo, ele me acolheu enquanto eu chorava e me deu banho da forma mais respeitosa possível, confesso que foi gentil de sua parte.

Olho para o lado da minha cama e acho um copo de água cheio, mas não quero beber essa água. Não quero me mover, na verdade.

Ouço batidas na porta e logo em seguida o barulho dela sendo aberta, esperava vê-lo, mas quem aparece é Mariana.

- Vejo que acordou, Alteza. Se sente melhor? - Ela indaga com cautela e eu balanço a cabeça em afirmação e ela vem até mim tirando a toalha fria que cobria minha testa e pondo a mão em minhas bochechas. - Sua febre parece ter baixado. Fico feliz que Sohan tenha conseguido cuidar de você, e fico feliz que esteja bem também. - Ela sorri com gentileza.

- Onde ele está? - Tiro forças que não sabia que tinha para falar, minha voz sai rouca e falha, um tanto aguda, mas pelo menos saiu.

- o Príncipe? Disse que tentaria descansar um pouco e que era para eu avisar quando a senhorita acordasse, eu vou chama-lo. - E então, ela sai.

Encaro um ponto vazio no chão do meu quarto e vejo tudo ficar embaçado outra vez, eu estou chorando em todo o tempo que passo acordada, mas não consigo controlar as lágrimas que insistem em sair.

Estou a todo o tempo me perguntando como eu pude deixar que isso acontecesse, e o que minha mãe fez para merecer a morte, ainda mais tão cedo. A imagem da sua expressão vazia não sai da minha mente, me assombra noite e dia, tudo que eu mais desejo agora é tê-la de volta, mesmo sabendo que não é possível. Eu daria tudo, tudo para fazê-la voltar, pagaria qualquer preço, daria a minha vida para encontrá-la mais uma vez e pedir perdão antes que fosse tarde demais.

Dói o fundo da minha alma quando penso que ela deve ter partido com o pensamento de que eu a odeio, ou qualquer coisa do tipo, que não a perdoei pelo que fez, que a culpo por tudo. Queria desmentir tudo para ela, dizer que nada disso é verdade e que eu a amo mais que tudo. Queria abraça-la e sentir seu cheiro novamente. Queria passear com ela pelo jardim e colher flores para decorar o salão de festa quando um baile estava próximo.

O que será de mim sem ela?

Ouço mais três batidas leves na porta e dessa vez o meu palpite está correto, Sohan passa por ela e acho que vi sua expressão de preocupação por um momento, mas não tenho certeza. Ele vem até mim e limpa o meu rosto com as mãos, só agora percebi que meu rosto já estava encharcado de novo.

- Vejo que você não bebeu a água que deixei para você, não é? - Ele diz, brincalhão e suave, quase conforta o meu coração, se a tempestade não estivesse tão intensa dentro de mim.

Ele rodeia a cama e pega o copo ainda cheio, se senta no lugar vazio ao meu lado e me encara por um momento. Apesar de tudo, eu queria poder ler mentes nesse momento e saber o que ele pensa quando me olha dessa maneira. Será que sente dó? Empatia? Arrependimento?

- Vamos lá, precisa beber bastante água para melhorar. - Sohan leva a mão para o meu queixo o levantando de leve e traz o copo até a borda encostar nos meus lábios, ele inclina o copo devagar. - Beba.

Meio sem escolha, eu fecho a boca sobre o copo e tomo alguns goles da água, o máximo que consegui foi um terço do copo.

- Muito bem, fez um grande progresso. - Ele sorri e coloca o copo onde estava anteriormente. - Precisa comer um pouco, está muito fraca. Acha que consegue comer um pouquinho? Não vou te forçar, mas você precisa fazer um esforço.

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