𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐭𝐞𝐧

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Duas semanas se passaram e eu ainda não me acostumei com a ausência de Sohan. Não é como se eu sentisse falta, mas é estranho viver sem ele quando eu já havia me acostumado tanto com sua presença e suas provocações diárias.

Clarisse vem ao Palácio com mais frequência para que eu não me sinta sozinha, a minha vida realmente voltou ao normal, a diferença, é que agora eu vivo como antigamente, com memórias de alguém novo.

Minha mãe me deu uma grande bronca após a família Carbon deixar Vadon, nunca a vi tão decepcionada e isso dói no fundo da minha alma de uma forma inexplicável. Quero de volta seus mimos e elogios, os apelidos que ela dava para mim e os nossos momentos juntas. Sinto falta de tudo isso.

Não sei se a culpa de tudo isso estar acontecendo é minha, por ter dito tudo aquilo, ou de Sohan, por ter levado minhas palavras tão a sério e por ter feito o que não devia.

Essa história toda está me enlouquecendo de uma forma que eu nunca havia presenciado antes.

Eu sinto raiva, raiva de mim, raiva de Sohan e raiva de sua família por terem vindo com essa proposta idiota de casamento por conveniência, se eles não tivessem vindo com essa ideia, nada disso estaria acontecendo.

Eu não acredito em destino, mas se me dissessem que isso foi obra dele, eu o amaldiçoaria pelo resto da minha vida só por estar me fazendo passar por situações desnecessárias como essa.

A porta do meu quarto se abre lentamente, revelando Clarisse com uma bandeja em mãos com vários petiscos para comermos enquanto conversamos. Ela fecha a porta com o quadril e vem até minha cama deixando a bandeja sobre o colchão. Pego uma torrada temperada e dou uma mordida, ouvindo o som crocante preencher o silêncio que reinava no quarto até o momento, e dissipando os pensamentos que transbordavam em minha cabeça.

- Você está desanimada esses últimos tempos. Tem a ver com a partida do Sohan? Sabe que se tiver se arrependido, ainda pode mandar uma carta à ele e ele mudará de ideia em um estalar de dedos, não sabe? - Clarisse diz, supondo a situação inteira e ainda oferecendo soluções. É fofo de sua parte a preocupação, mas está errada.

- Eu não ligo que ele tenha partido, ligo para o tempo que perdi enquanto ele estava aqui. Eu poderia ter feito tantas coisas focando apenas em mim, quando esse idiota estava aqui tomando o meu tempo e a minha atenção cada segundo do meu dia. - Eu piso em todas as suas expectativas com minhas palavras, o que faz o semblante de Clarisse ficar sério de repente.

- Você sabe que se arrepende. - Me acusa.

- Eu não me arrependo nem por um segundo. - Me defendo.

- Eu ainda acho que essa história ainda não acabou e vocês ainda terão mais algumas linhas no livro de vocês. Como os livros de contos de fadas que você lia para suas irmãs antes de elas dormirem, onde o Príncipe corre atrás da Princesa com um cavalo branco implorando para que ela fique, e eles se casam e são felizes para sempre. - Resume a história com uma falsa voz sonhadora e as mãos juntas ao lado de seu rosto em uma pose dramática.

- Você sabe que isso não é um conto de fadas, eu não sou como aquelas Princesas sonhadoras e inocentes que esperam por um Príncipe e vivem por isso, a vida acabou com as minhas esperanças e eu quero viver apenas por eu mesma, e mais ninguém. E mesmo que eu fosse, é tarde demais para ele vir com o seu cavalo branco e me buscar.

- Pare com isso! Você sabe que sente alguma coisa, assuma! - Clarisse me balança pelos ombros, indignada.

- Sinto, sim! Sinto desgosto! - Tento me soltar de suas mãos, mas é inútil. Ela continua balançando e gritando coisas como se fossem entrar na minha cabeça dessa forma.

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