𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐟𝐢𝐯𝐞

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Quando meus olhos se abrem, ainda estou na cama de minha mãe, o quarto está mais escuro do que quando eu entrei mais cedo, os lençóis estão bagunçados e eu estou estirada no colchão como uma estrela do mar, e sozinha.

Me sento sobre o colchão olhando em volta e congelo em meu lugar quando vejo Sohan parado em frente a porta. Me olhando.

Talvez não esteja tão sozinha assim.

— Deus! o que está fazendo no quarto da minha mãe? — Puxo o cobertor para o meu pescoço por instinto. Não estou nua, mas o jeito como ele me olha me faz sentir como se estivesse.

— Ela me mandou aqui. O jantar está na mesa e só falta você para comermos. — Ele fala friamente. Nem mesmo se parece com o garoto irritante com que estava acompanhada pela manhã.

— E por que não me acordou antes? Precisava ficar me encarando como um psicopata? — Levo meus joelhos até meus seios.

Céus, pare de me olhar assim.

Ele se vira me deixando sem resposta alguma. Abre a porta e sai. Simples assim?

— Que mal educado. — Murmuro e me levanto encarando meu reflexo no espelho ao lado da cama. Aliso meus cabelos com as mãos e ajeito o vestido sobre o comprimento das minhas pernas.

Respiro fundo sentido o ar encher meus pulmões e o esvaziar logo em seguida. Dou mais uma conferida em minha aparência e saio do quarto de minha mãe me certificando de que fechei bem a porta antes de iniciar meu caminho em direção à sala de jantar.

Logo em um dos corredores encontro Sohan cutucando um quadro pendurado na parede, ele desliza o quadro para um lado e para o outro, clica em pontos específicos. Não sei o que ele procura, mas não deve ser coisa boa.

Acelero meus passos até sua silhueta e agarro seu ombro rígido o empurrando para ficar de frente para mim. O empurro contra a parede com pura fúria em meus olhos, nos dele, vejo apenas surpresa e confusão em uma mistura homogênea.

— O que você pensa que está fazendo mexendo nas coisas que não te pertencem?! — Pergunto não medindo o tom da minha voz que sai alto e completamente raivoso. A expressão de surpresa que dominava seu rosto agora se torna apenas uma expressão de tédio.

— Não te interessa. Me deixe em paz. — Ele diz e a raiva que eu sentia aumenta cada vez mais, aumento a força do aperto em seus ombros mas ele não dá nenhum sinal de que sente dor.

— Claro que me interessa! Esqueceu que essa propriedade é minha? Me fala o que você quer. — Sussurro entre dentes fincando minhas unhas em seus ombros por cima do tecido da camisa que ele veste.

Sinto suas mãos em meus ombros de supetão e percebo que ele está trocando as posições. Agora quem está encurralada sou eu.

— Como eu lhe disse antes, Princesa... — Ele cospe o apelido, o mesmo que há dias atrás parecia mais um apelido entre amigos, agora parece que sente nojo ao pronunciar a palavra. — Não é da sua conta.

Aperto o maxilar, sentindo um incômodo em minha arcada dentária pelo ato e levanto meu joelho acertando entre suas pernas com toda a força que possuo em meus membros inferiores e o observo apertar seus olhos e se ajoelhar no chão enquanto geme de dor.

Eu abaixo em sua frente segurando seu queixo com os dedos e lhe ofereço um sorriso inocente.

— Não ouse falar assim comigo novamente, ou vai sofrer as consequências. Não tenho medo de te machucar e posso acabar com a sua vida com apenas uma acusação e algumas lágrimas. — Solto seu queixo me levantando e bato a poeira da parte de trás do meu vestido e junto as mãos na frente do meu corpo. — Não me subestime.

Undecided HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora