𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐞𝐥𝐞𝐯𝐞𝐧

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No fim, eu não saí do quarto de Louise. Fiquei sentada no chão com ela no meu colo e só fui para a cama quando ela havia adormecido. Fiquei encarando seu rostinho sensível e inchado pelo choro contínuo, meus dedos acariciando a testa quente da minha garotinha e meus olhos reparando a respiração regulada, o peito subindo e descendo lentamente e ás vezes, alguns soluços saíam durante o sono, e cada um deles me quebravam ainda mais.

Mas lembro que ainda tinha que esclarecer assuntos pendentes com a minha mãe. Deposito um beijo demorado na testa de Louise e sussurro um "eu não demoro" antes de sair pela porta do quarto e andar com passos duros pelo castelo até entrar no aposento da Rainha, onde imagino que ela esteja a essas horas.

Assim que a minha genitora me vê, pula da cama andando em minha direção com passos rápidos.

—  Finalmente. Estava ficando angustiada com a sua demora. Como ela está? — Ela pergunta, aflita, e tenho vontade de gritar, de jogar a culpa nela mesmo sabendo que não mudará nada na situação atual, mas não tenho forças para isso.

—  Ela está péssima, ouviu tudo que conversamos. Ela chorou desde que ouviu e só conseguiu dormir minutos atrás. — Cruzo os braços liberando todo o ar dos meus pulmões.

—  Me desculpe, querida...eu realmente não queria que tivesse sido assim, não sabe o quanto me arrependo de ter feito aquilo. — Ela diz, já em prantos. Deve ter chorado tanto quanto eu nas últimas horas.

—  Agora não tem mais nada que possa fazer, já está feito, e ela já sabe de tudo.

—  Ela ia descobrir um dia, de qualquer forma.

—  Mas não agora, ela é só uma criança! Não deveria estar passando por isso. Deveria estar saltitante pelo castelo e dançando por aí, conversando alegremente com Helena e invadindo o meu quarto sempre que lhe dá vontade. E agora, eu acho que nunca vou vê-la dessa forma novamente. E tudo isso por culpa daquele homem! Ele apareceu quando tudo estava bem e acabou com a vida de Louise! E agora ela nunca mais vai ter a vida normal. Mande aquele homem embora, eu juro que se ver ele mais uma vez, eu o mato. — Digo entre dentes, cada frase saindo cada vez com mais ódio do que eu esperava e seguro as lágrimas de raiva que querem cair e controlo minha voz ao máximo para que ela não falhe.

— Não posso... – Minha mãe diz, baixo. — Ele está com problemas financeiros e não tem onde morar, eu ofertei um quarto para ele no Palácio e ele ficará aqui até que encontre um lugar para viver...Eu prometi que protegeria meu povo acima de tudo e querendo ou não, ele faz parte do meu povo.

—  eu não acredito que você manterá este homem na nossa casa enquanto a sua filha chorou por horas no chão por culpa dele.

—  Não é só culpa dele, a culpa também é minha, e principalmente minha.

—  Mas ele quem apareceu mesmo sabendo o que poderia causar na nossa família. — Eu respiro fundo passando as mãos no rosto. — Eu quero que ele fique o dia fora e apenas volte para dormir, quero que ele leve a comida dele e viva fora, não quero vê-lo aqui ou farei alguma besteira. Não faça por mim, faça por Louise, ela não deve vê-lo aqui em momento algum, quero que ela esqueça da existência desse homem.

—  Você tem razão...eu farei o possível para mantê-lo longe daqui, e farei com que ele saia o mais rápido também. É uma promessa. — Ela diz e eu confirmo com a cabeça.

—  Espero mesmo que sim. Ele não é um homem bom, mãe. Soube assim que o vi naquela sala.

—  Denzel pode ter feito o que fez, mas ele não é um homem mau, eu o conheço. — Ela insiste.

—  Não confie nele, mãe. É tudo que peço. — Digo, por fim e saio do quarto seguindo novamente para o quarto de Louise para conferir como está.

Undecided HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora