Undecided Heart

𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐭𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐭𝐡𝐫𝐞𝐞

Meus olhos se abrem automaticamente antes do sol raiar, não posso dizer que tive a melhor noite de sono da minha vida, mas não dormi mal. Me levanto da cama e arrumo os lençóis e cobertores assim como estavam quando eu cheguei. Passo os dedos no cabelo rapidamente e abro a porta lentamente fazendo o que posso para não fazer nenhum ruído, ando na ponta dos pés até chegar no quarto que era para eu ter passado a noite mas não cheguei nem perto disso.

Bato na porta devagar e espero alguma resposta, mas aí penso que Sohan provavelmente deve estar dormindo uma hora dessas e abro a porta lentamente. Entro ainda na ponta do pé desviando de todas as peças de roupa que foram deixadas no chão na noite anterior e me aproximo da cama.

Sohan está deitado de bruços com o rosto escondido no travesseiro ao lado, suas costas estão nuas deixando visíveis todos os seus músculos. Seu cabelo está bagunçado de uma forma até charmosa e seus braços rodeiam o travesseiro em que está deitado confortavelmente.

Me aproximo ainda mais aos poucos até meu joelho encostar na cama e eu perder brevemente o equilíbrio, fazendo-me apoiar no colchão para que não caia. Ponho a outra perna agora ficando de joelhos na cama e a curiosidade toma conta de mim quando me abaixo para tentar ver seu rosto.

Tiro cuidadosamente o travesseiro que escondia seu rosto e os primeiros raios de sol iluminam sua face adormecida.

Ele é lindo.

É lindo demais.

Deslizo a ponta do dedo indicador delicadamente sobre sua testa na intenção de tirar a mecha de cabelo que a cobre, ele se mexe em reação ao toque e eu me afasto rapidamente, mas ele não despertou ainda.

Decido me deitar ao seu lado quando lembro que o arcebispo visitará nosso quarto a qualquer momento para conferir se o ato foi consumado e me lembro da atitude de Sohan de cortar sua própria mão para despejar seu sangue sobre o lençol e enganar a todos os fazendo pensar que aquele sangue era meu.

Ajeito o travesseiro sobre minha cabeça quando me deito ao seu lado e puxo o cobertor para cobrir meu corpo do vento que gela o quarto. E então o encaro novamente, por mais que tente evitar a vontade que me invade de tocá-lo, sei que não consigo. Sei que seu rosto me atrai ao ponto de que não consigo ficar sem tocá-lo.

Levanto uma das mãos acariciando a lateral de seu rosto relaxado, seus lábios entreabertos chamam meus olhos e me instiga a chegar cada vez mais perto. Sua respiração calma acaricia certos pontos em meu rosto e eu fecho os olhos sentindo a pele macia do seu rosto em minha mão.

Abro os olhos abruptamente quando ouço um farfalhar no meu travesseiro e vejo que seu braço está se movendo. Tiro minha mão do seu rosto com medo de que o acorde e observo que suas pálpebras praticamente não se movem.

Mas quando seu braço rodeia minha cintura e me puxa para mais perto, desconfio de que esteja realmente dormindo. Sinto seu corpo quente e seu peitoral se mexendo calmamente conforme respira tranquilamente contra meu rosto.

— Por que parou? Eu estava gostando. — Sua voz rouca e baixa soa no espaço entre nós fazendo todos os meus pelos possíveis se arrepiarem.

— O que? — Pergunto, confusa. — Estava acordado esse tempo todo e se fingindo só para receber carícias?

— Eu ouvi suas batidas, queria ver o que iria fazer quando entrasse e me visse dormindo. Então, sim, eu estava fingindo. — Ele sorri com falsa inocência convincente.

— Você é um idiota. — Afirmo e tento me afastar de seu corpo, mas o aperto na minha cintura me impede.

— Por que está tão irritada?