Comunidade Indígena de Sípal.
05 de fevereiro de 2019.
— Levanta logo que aqui não é a casa da mãe Joana. — Maiara disse jogando um balde de água fria sobre a bisneta. A garota dormia feito pedra, a velha mulher já tinha tentado acordá-la de todas as maneiras possíveis e jogar água sobre Kaolin parecia ser a melhor opção de todas elas.
— Hmm...só mais 5 minutos vozinha. — murmurou puxando a coberta molhada para cima.
— Nem pensar, já deixei você dormir mais do que o necessário, agora levante já está tomada banho, vá se vestir. — Maiara respondeu dando leves tapinhas nas costas da adolescente.
A mulher riu da preguiça da garota puxando a cortina e abrindo a janela, deixando assim a luz da manhã entrar, sentindo a brisa do vento bater em seu rosto.
Kaolin passou a mão pelo rosto tirando o excesso de água encarando Maiara com ódio, a jovem índia só gostaria de dormir mais um pouco pra esquecer das responsabilidades que foram jogadas em suas costas, mas não a garota agora encontrava-se fazendo os exercícios físicos na base e força do ódio, enquanto Maiara e Tainá a observavam debaixo da sombra de uma das árvores do pátio principal.
— Está bem. TEMPO! — Maiara gritou levantando da cadeira e caminhando até a bisneta.
— GLÓRIA! — Kaolin gritou caindo de joelhos — Eu sabia que a senhora era uma alma piedosa, nunca critiquei...
Maiara revirou os olhos vendo ficar de pé em sua frente séria, a mais velha chamou a garota de cabelo azulado para perto segurando um arco e algumas flechas atrás.
— Você agora terá que desviar das flechas de Tainá. — sorriu.
— O QUÊ? O PLANO NÃO ERA TENTAR ME TREINAR PRA NÃO MORRER PRA UM DEUS? QUE EU JÁ ACHO DIFÍCIL SOBREVIVER? — Kaolin gritou encarando Tainá posicionar o arco em sua direção.
A mulher puxou a orelha da neta ouvindo alguns uns murmurinhos e sentindo as mãos da mesma dando tapas em sua coxa para que soltasse.
— EU NÃO SOU SURDA DESGRAÇA! — gritou soltando a menina, voltando a juntar as mãos — Bom...diga-se de passagem que Tainá é a melhor com o arco e flecha aqui em Sípal. — Kaolin ainda acariciava a orelha para passar a dor do puxão — Aliás me desculpa querida. — sorriu docemente.
— Essa mulher é perversa, apenas parece um amor. — Kaolin comentou em voz baixa sentindo a bisavó lhe encarando.
— De toda forma você tem intervalos de 10 segundos para tentar desviar-se das flechas. — falou tranquilamente — É um treino fácil.
— Esquecemos de colocar no fogo. — Tainá comentou séria entregando as flechas a Maiara. — Verdade, bem lembrado. — riu observando Kaolin tremer-se.
A garota sentia que seria queimada de diversos modos possíveis, e no final seria servida de churrasco para sua avó e a sua nova amiga.
— Relaxa você não vai morrer. — Tainá tentou acalmar a amiga com um sorriso no rosto que ia de ponta a ponta.
— Será apenas uma experiência de quase morte. — Maiara entregou as flechas — Que os jogos comecem.
— Apenas? Vou virar churrasco isso sim. — Kaolin disse ouvindo as risadas dos garotos que estavam escorados na parede.
A morena não teve muito tempo para pensar, simplesmente sentiu o ar quente passando de raspão por sua bochecha, embora sendo ágil o suficiente para desviar do ataque, a jovem índia agradecia mentalmente aos irmãos por insistirem nas aulas de ginástica quando criança.
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Kaolin e os Mistérios da Floresta
FantasyOnde uma jovem indígena descobre que pertence a uma família de Guerreiras Amaldiçoadas, obrigada a sair de Gramado às pressas, Kaolin descobre que é a chave para desvendar os mistérios que aguardavam pela sua volta ao estado do Ceará. Com a ajuda de...