Capítulo 19: Herdeira Adoecida

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— Ela exagera demais, mal sabe utilizar esses tais poderes. — Ivo
disse ajudando Koda a carregar o corpo de Kaolin.

— Kaolin é teimosa e isso foi inesperado, todo esse poder que
rodeou ela. — o rapaz respondeu descendo do barco e pisando
na entrada da floresta.

— Ela ainda não sabe controlar esses impulsos, apenas aparece por meio de uma emoção forte e eu precisarei ajudar ela para que isso não se repita. — Tainá disse acariciando a testa da amiga.

O lugar era mais belo do que todos descreviam, as árvores
tinham um verde vivo em cada uma, a terra com algumas folhas
secas caídas e o frescor do vento no rosto dos jovens, era o lugar
perfeito para se passar as férias ou uma bela tarde se esquecessem a ideia de predadores a sua volta.

— Certo, huh... – Ivo arrumou Kaolin no ombro de Koda, ao
mesmo tempo em que Xombari abria sua mochila avermelhada
retirando uma pequena quantidade de um pó prateado.

— Acho que estamos na Terra do Nunca e ninguém nos contou.
— cochichou Kauê para Tainá que teve uma crise de risos sem
fim.

Ivo ignorou o comentário do rapaz e soprou o pó sobre os jovens
para que ficassem protegidos dos espíritos malignos que
rondavam a floresta.

— Isso é pó ou vidro triturado? — Koda reclamou limpando a
pele — Isso arde em contato com os ferimentos...

— Digamos que isso vai proteger vocês por um tempo até que eu
os leve para tribo indígena mais próxima. — o caipora disse
ajudando os jovens entrarem nas trilhas da floresta — Kaolin e
vocês estão muito debilitados tentarei ao máximo ajudar, porém
não sei se o caso dela tem solução... Nunca vi alguém estar
em tais condições.

— Claro que nunca viu, ela lutou com uma divindade mano. —
Xombari respondeu com rindo.

O caipora calou-se revirando os olhos caminhando trilha a
dentro, a floresta apesar de tranquila era rodeada por diversas
criaturas perigosas que aos olhos de Ivo eram inofensivas, mas
para a vida de seus novos amigos era fatal.

Kaolin continuava febril e pouco consciente, os lábios da garota
estavam brancos e tanto suas pernas como braços encontravam-
se dormentes, a garota poderia morrer a qualquer momento se
não fosse levada às pressas até a tribo dos Mauémes, eles eram
uma das tribos que não eram isoladas justamente para ajudar os
feridos encontrados na mata.

— Estamos chegando, só precisamos ter... — a voz de Ivo falhou
ao ver uma onça pintada cercando os jovens.

A onça caminhou lentamente ao redor de Ivo, observando Kaolin
adormecida aos olhos do caipora, os jovens paralisaram na
mesma hora, a onça tinha tamanho pequeno, era um filhote e aparentava não
querer atacar os adolescentes pelo contrário, o animal
aproximou do rosto da garota alisando a cabeça de Kaolin, todos
não entendiam bem o que estava ocorrendo e quem eram eles
para contrariar uma onça.

— Onde tem um filhote tem a mãe. — Xombari disse com medo — Vamos andando antes que a dona onça mãe venha atrás da cria.

Koda revirou os olhos pousando a mão na cintura rindo da medrosidade do amigo que se tremia só de pensar na hipótese de ter outro animal caminhando pela área.

— Será que ela sabe quem Kaolin é? — Kauê perguntou curioso
escondendo Koda atrás de si.

— Talvez, mas pouco provável, ela é apenas uma mera onça. —
Ivo respondeu arrumando Kaolin em suas costas recebendo um
olhar de desdém da onça.

Kaolin e os Mistérios da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora