Capítulo 18: Boiúna

3 1 0
                                    

[. . .]

— O QUE VAMOS FAZER? — Kaolin gritou sendo protegida pelo
escudo de Xombari.

— EU REALMENTE NÃO SEI! — Xombari gritou espantado.

O garoto envolveu seu braço na cintura de Kaolin apertando forte para que não saísse da sua vista, ela era delicada como um lírio e Xombari amava lírios, e talvez ao fim de tudo ele chamasse ela para sair e lhe daria um buquê de lírios, mas por enquanto essa ideia permaneceria longe, ao menos até toda a missão terminar.

Ivo os encarou tentando redirecionar o barco para que não caíssem com a ajuda de Tainá na sala de controle, no entanto não conseguiram impedir que o barco
caísse por completo no rio, as portas foram
trancadas instantaneamente a medida que a água entrava em
contato com o barco, o que dificultou a saída dos meninos no
quarto e na sala de controle.

— É pouco provável que saíamos daqui vivos. — Tainá disse
encostada na parede — A água está entrando aqui, isso é
desesperador. — a azulada passou a mão pelo cabelo úmido
respirando fundo para manter a calma e a mente focada, ficar
desesperada não ajudaria em nada.

— Relaxa, vamos sair daqui sim, só precisamos pensar um
pouco. — Ivo respondeu sentando no teto do barco — De cabeça
pra baixo.

Tainá riu levando a mão a boca se tranquilizando com o
comentário, quebrar a porta de vidro com a perna não seria fácil
ainda mais de baixo da água, Ivo não tinha nenhum material
cortante que pudessem quebrar o vidro, mas talvez a azulada
tivesse.

— Por que você tá mexendo na minha bolsa? Não tem saída
aqui, fazer isso é em vão Ivo. — a índia disse chutando a porta
sentindo a água encher na altura de suas coxas.

— Não, não é em vão. — falou procurando alguma faca, o rapaz
passou a mão pelo cabelo avermelhado quase surtando, Tainá
era rápida ao tentar quebrar o vidro, tinha algumas rachaduras mas
não o suficiente para saírem dali — Pera, seu bracelete é o
mesmo que Maiara usava quando jovem...

— É ela nos deu antes de sairmos de Sípal, se jogá-lo para cima
ele se torna uma arco e flecha. — a azulada comentou batendo o
cotovelo na porta.

— É ISSO TAINÁ! — Ivo pulava de alegria no pequeno espaço
com um sorriso — Me dê isso aqui, acho que sei como podemos
sair daqui.

A adolescente o encarava confusa entregando-lhe com receio o
bracelete, Ivo agradeceu com um sorriso maroto jogando o
bracelete para cima, o vendo transformar-se em um arco e
flecha, o rapaz passou o arco pelo ombro, enquanto quebrava o
vidro com a ponta da flecha.

— Você é um gênio! — elogiou a garota cobrindo o rosto.

— Que nada, sou mais burro do que você pensa. — riu
conseguindo quebrar a porta de vidro sentindo a água invadir a
pequena sala de uma só vez.

Ivo segurou Tainá pela cintura nadando com a garota até a
superfície da água, onde conseguiram subir no barco
equilibrando-se para não cair novamente no rio fundo, o caipora
estava um pouco mais tranquilo agora que todos estavam
sentados em cima do barco, embora sua preocupação fosse o
motivo da qual Boiúna teria despertado, afinal não tinha com o
que se preocupar com a presença dos jovens na floresta, Ivo era
um guardião e o passe livre para que nenhuma criatura os
machucasse.

A água estava bastante agitada desde que nadaram até acima do
barco, a cobra grande se movimentava rapidamente de baixo da
água criando um pequeno redemoinho, era quase impossível
ficar no barco sem quase cair no rio cinco vezes seguidas. De
todos ali presentes Kaolin era a mais prejudicada, a garota
encontrava-se doente a dias e não tinha remédio ou chá que
ajudasse Kaolin a melhorar. Foram dias e noites mal dormidas,
sem contar os desmaios que a garota tinha por causa da febre
alta.

Kaolin e os Mistérios da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora