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— Está confortável? — Tainá perguntou ajustando seu banco e o de Kaolin. A garota balançou a cabeça positivamente observando a paisagem pela janela que estava pouco coberta pela pequena cortina avermelhada.
Kaolin parecia não se importar com o barulho dentro do ônibus e nem ao menos com as discussões bestas dos garotos como Tainá, a morena só queria um pouco de paz no seu coração e em sua mente ainda tinha muita coisa que deveria descobrir.
Como por exemplo quem era a mulher de seu sonho e qual era sua relação com a mesma? A única pista que Kaolin tinha em mãos era o fato de Kendra fazer parte da família Guanabara, além da própria Kendra falar o quão parecidas eram, sem contar do colar que estava guardado na caixa e ao mesmo tempo no pescoço de Kaolin. Tudo ainda era muito suspeito, conforme tudo passasse a índia encontraria todas as respostas que faltavam naquele quebra-cabeça.
— Vocês querem calar a boca? Tentem descansar um pouco, minha cabeça está a um ponto de explodir. — Kauê se pronunciou encarando os dois garotos que brigavam — Façam como a Kaolin e a Tainá durmam ou ouçam música não somos obrigados a ouvir as vozes irritantes de vocês. — o moreno concluiu um pouco irritado.
Um silêncio invadiu o fundo onde se encontrava os jovens, fazendo com que Kaolin sentisse um pouco mais calma e pudesse descansar sem os gritos de Koda brigando com Xombari ou de Tainá tentando acertá-los com uma almofada.
— O que você acha que vai acontecer daqui pra frente? — a azulada perguntou para Kaolin que se virou ao ouvir a pergunta da amiga.
— Eu realmente não faço a mínima ideia... Pensei que por você conhecer melhor minha bisavó saberia, ainda sou muito nova nesse lance de família, magia e maldição. — a morena disse encarando os dedos rindo.
Tainá suspirou olhando o teto e voltando a atenção a amiga.
— Maiara é imprevisível e se tratando de uma maldição sabe-se lá como iremos reverter essa situação. — a garota falou com um tom de seriedade — Mesmo que você não tenha culpa de nada, você está incluída na linha de sucessão da família Guanabara.
Kaolin revirou os olhos cobrindo-se com sua manta verde antes de cruzar os braços inquieta com o frio do ar-condicionado do ônibus, a garota apenas encarava fixamente o banco da frente analisando cada detalhe tentando matar o tédio em silêncio até dormir, ao menos se a curiosidade que emanava em seu ser a fizesse ficar quieta.
— E quanto a você? E sua família? — Kaolin tinha tocado em um assunto que Tainá não falava desde que tinha perdido sua mãe.
A garota observou a feição entristecida de Tainara, o sorriso tinha sumido do rosto lentamente e foi quando Kaolin percebeu o quão indelicada tinha sido ao fazer aquela pergunta, Tainá ainda não tinha superado bem a morte da mãe e muito menos a ausência do pai em sua vida, embora a intenção de Kaolin não tenha sido relembrar coisas ruins ou ofender a amiga lembrando disso.
— Ai meu pai amado... Desculpa Tainá. — Kaolin disse tampando o rosto com as mãos envergonhada.
— Tudo bem, não faz mal... — a azulada sorriu fraca.
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— Não posso cuidar dessa criança, ela não é minha! — Benício disse antes de fechar as malas.
— Tudo bem que você não seja o pai dela, mas você a viu nascer e estava lá quando viu o meu desespero e o de Maiara. — Iacina disse segurando a filha nos braços — Você sabe que ela estaria em segurança com você.
— Desculpe Cina eu não faço caridade. — falo ríspido arrumando o terno — Tivemos um caso, foi lindo, adorei viver esse romance com você, mas não posso ser responsável por essa criança, você sabe que ela estaria em perigo mesmo com o mais forte dos feitiços.
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Kaolin e os Mistérios da Floresta
FantasíaOnde uma jovem indígena descobre que pertence a uma família de Guerreiras Amaldiçoadas, obrigada a sair de Gramado às pressas, Kaolin descobre que é a chave para desvendar os mistérios que aguardavam pela sua volta ao estado do Ceará. Com a ajuda de...