O peso de não ser amado, um mundo abandonado por Deus e o efeito borboleta.

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Um metro

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Um metro. Essa era a distância segura para se manter de seu pai e não ser pego por um golpe surpresa. Neil chegou a esse cálculo com oito anos de idade depois de tanto ser surpreendido por golpes violentos e inesperados. Não entendia porque sua mãe não tinha o mesmo raciocínio e sempre estava na cola dele como uma serva tentando o agradar. Sempre que as coisas não iam bem nos negócios de Nathan ele procurava o saco de pancadas mais próximo que na maioria das vezes era Mary, Nathan a espancava não importa quem estivesse por perto, ele confiava na sua soberania.

Neil sempre se encolhia no canto, engolia o choro e alimentava o ódio pelo pai. A primeira vez que tentou entrar na frente da mãe, Nathan torceu o seu braço ficando muito pouco de quebrar, ele se lembrava bem, mesmo que fosse ainda uma criança muito pequena. Naquele dia, com sua mãe caída no chão completamente machucada, Nathan segurou o rosto do garoto o olhando com uma fúria psicótica.

"Entenda uma coisa Nathaniel, mulheres nunca vão te ouvir se você falar manso. Elas precisam entender quem manda, elas precisam apanhar até se tornarem obedientes o suficiente, entendeu?"

Nathan apertou o rosto dele, Neil tentou com todas as forças que tinha, segurar o choro mas não conseguiu. Ele apanhou naquele dia e em todas as vezes que se permitiu ser criança e soltar seus sentimentos.

"Porque o papai não me ama?" Ele perguntou quando estava sozinho em um dos quartos com a mãe, ela havia trancado a porta e tentava sozinha fazer curativos em si mesma.

"Você não precisa do amor de ninguém"

Isso era mesmo verdade?

Ele abaixou a cabeça, pensando nos filmes que assistia onde os pais eram carinhosos com os filhos, onde as crianças não eram condicionadas a serem mini adultos como ele. Ele estava prestes a explodir aguentando tanta coisa, ele abriu a boca e começou a chorar como um bebê desesperado. Era um pedido de socorro. Era um desabafo de uma criança que não entendia seus sentimentos e que estava cansada de não poder ser criança.

Será mesmo que ele não precisava do amor de ninguém? Será que ele não merecia ser amado?

"Cala a boca, Nathaniel" Mary segurou nos braços dele e gritou na sua cara. " Você é um Wesninski, você não chora."

Ele começava a ver que sua mãe era uma mentirosa, ou aquilo talvez fosse só efeito Nathan Wesninski. De qualquer forma, ela deveria ser mesmo muito fraca e influenciável para deixar ele a controlá-la daquela forma.

"Eu te odeio" ele soltou raivoso bem na cara dela. De certo modo ele a culpava por uma parcela do que acontecia naquela casa. Não que Mary fosse negligente, mas sim omissa, não sabia qual dos dois era pior.

"Eu sei."

"Porque não vamos embora daqui? Mamãe, eu quero ir embora."

"Não vamos a lugar algum, aqui é nosso lar."

Eu, você e o fim do mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora