Dores do passado

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Amores e amoras, voltei de novo... mas, volto com um aviso sobre esse cap. Ele esta pesado, tem gatilhos, tem abuso e tem dores que doem na alma. Vai ser a historia de como Ines virou a Cuca... Então, se não estiverem prontos aconselho a pular.

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Inês parecia estar tendo uma crise de pânico ou de desespero, não dava para entender bem ao certo, ela só chorava e caminhava de um lado para o outro dizendo não poder seguir em frente, nesse momento Marcia se levanta rápido da cama e vai até ela, dando um abraço, mas o que era para acalmar, parece ter feito o contrário, porque nesse momento Inês parece se desesperar mais, suas pernas enfraquecem e ela vai ao chão, trazendo Marcia com ela.

Marcia não soltou ela do abraço, mas em sua mente havia uma confusão e medo, medo de ter feito algo que magoasse Inês, ela se questionava se havia feito algo de errado, se tinha ido muito rápido ou o que fez. Inês por sua vez, não conseguia falar, pois as lagrimas não deixavam, era um choro com misto de dor e medo. Após alguns minutos de choro, Marcia cria coragem de falar e tentar se desculpar por algo que nem ela sabia ao certo o que errou.

- Me perdoe Inês, não queria forçar a barra, me perdoe. Eu sou uma idiota por fazer você chorar.

Em meio aos soluços causados pelas lagrimas, Inês tentava falar que a culpa não era de Marcia, mas sim de algo do seu passado, mas as palavras pareciam travadas em sua garganta como se a sufocassem, como se a fizessem prisioneira de um trauma.

- N-não, Marcia, não foi você, sou eu...

As palavras pareciam sair como facas que rasgavam a pele já tão ferida, cada palavra vinha acompanhada de dor, medo e angustia. Era como se a dor que Inês estava sentindo pudesse ser palpável, podia ser vista e sentida por Marcia, que também já controlava as lágrimas.

- Se acalme Inês eu estou aqui, você não está sozinha e nunca mais irá ficar, o que aconteceu para você ficar assim? Sabe que pode confiar em mim, faço o que for para te proteger.

Inês nada falava, só chorava. Isso já estava angustiando Marcia, mas ela resolveu esperar o tempo dela, pois sabia que quando estivesse mais calma ela falaria o que havia acontecido. Após vários minutos de choro incessante Inês parecia começar a se acalmar, ainda no chão envolvida pelos braços de Marcia, seu coração literalmente doía, e sua mente divagava, mas ela sabia que precisava dar uma explicação para quem estava ali a protegendo de seus demônios do passado. Mas como falar sobre algo que durante toda a eternidade ela escondeu e evitou até pensar? Ela trazia isso em sua alma, trancado na parte mais escura, como se fosse um demônio acorrentado, mas que nesse momento havia conseguido arrebentar com as corretes e voltou com toda a fúria, e era como se Marcia estivesse frente a frente com ele, pronta para dar fim em tudo, ou para ser morta por ele.

Ela solta um suspiro pesado, carregado de medo, e antes que Marcia pudesse perguntar algo ela começou a contar a sua história, a história da Inês, a humana, antes de virar a poderosa e temida Cuca.

- Antes de eu virar a Cuca, eu era normal, tinha uma vida normal. Nunca fui de ter muitos amigos, sempre fui mais reservada, era muito focada em livros e histórias. Era uma criança sonhadora. Minha família era de classe média alta, não éramos os mais ricos, mas tínhamos conforto e privilégios que outros não tinham. Eu era a mais velha entre 4 irmãs, mas também era considerada a mais rebelde, eu não seguia os padrões da época, não queria nem ouvir falar em casamento ou algo do tipo, minha vontade era ser livre para viajar o mundo e conhecer lugares diferentes. Isso era algo inaceitável, pois mulheres já nasciam quase que com o destino traçado. Eu era uma jovem muito bonita, o que me dava muitos pretendentes, mas eu sempre recusava todos. Meu pai me apoiava muito e comprava muitos livros para mim, sempre que eu recusava um pretendente ele mesmo o botava para correr. Mas minha mãe era diferente, ela parecia ter um misto de vergonha e raiva de mim, ela sempre dizia que eu estava sujando o nome da família, e que acabaria por prejudicar a todos assim.

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