Ele não queria olhar nos olhos castanhos mais uma vez, e perder sua órbita.
Não queria pensar naqueles lábios vermelhos, que de repente ficaram atraentes demais, porque a cerveja em sua mão começava a pesar uma tonelada a cada centímetro que Tyler ultrapassava, e a avalanche de consequências poderia o soterrar, sufocar, flutuar, lhe roubar o ar. Josh não queria isso. Não.
Josh queria estabilidade, certezas. Queria voltar para o primeiro dia em que reparou no olhar de Tyler sobre si no refeitório, e simplesmente voltar a dormir; aconchegado em sua própria confusão - que nunca precisou ser domada por ninguém.
★★
Já se passava das dez e quarenta quando Josh tragou o baseado mais uma vez, soltando a fumaça no telhado banhado pelo luar azulado. Ao seu lado, Tyler repetia o mesmo processo.
- Cara - Tyler começa, respirando fundo e apoiando o peso de seu corpo nos cotovelos, ficando praticamente deitado -, aliens não existem.
Joshua pisca, encarando um rapaz sozinho deitado na grama abaixo deles. Provavelmente também havia fumado maconha.
- Eu discordo. - mais uma piscada, mais lenta dessa vez. - Chega a ser egoísta pensar isso.
- Se eles existissem teriam entrado em contato.
A lua brilhava muito naquela noite. A música alta ainda não havia cessado e lentamente os carros começavam a ir embora, ao mesmo tempo que outros diferentes chegavam. Josh não tinha horário para voltar para casa. Silenciosamente se pergunta como uma conversa sobre a legalização da cannabis chegou até alienígenas.
- Acho que nós não somos tão importantes. - conclui distante, balançando a terceira garrafa de cerveja esquecida em sua mão esquerda.
Tyler concorda, tragando de novo. Ficam em silêncio. Uma rajada de vento os atinge, e Dun encolhe mais as pernas em frente ao peito.
- Isso é assustador.
- Aliens?
- O universo, Jish. O universo é assustador. Pra caralho.
Josh absorve o comentário. O rapaz deitado na grama agora está cantando alguma música dos Beatles sozinho, e em alto e bom som. Josh se pergunta se ele é um alienígena.
- É fascinante. - outra tragada. O baseado já estava na metade, o deixando cada vez mais relaxado. - E lindo.
- E perigoso. - Joseph sussurra, a voz caindo alguns tons.
Josh se vira para ele, encontrando seu rosto completamente virado para o céu. O nariz apontando para as estrelas como uma bússola, e os olhos brilhando tanto quanto a Via Láctea. O baseado fez efeito. Desvia o olhar.
- Onde seu boné foi parar? - pergunta numa tentativa de disfarçar sua encarada nada discreta.
- Alguém deve ter pegado. - a resposta vem lenta, e eles se olham. - Foram os aliens.
Sorriem e riem. Qualquer um que os olhasse lá debaixo pensaria que eram velhos amigos. Joshua volta para a seriedade quando pensa sobre isso. Tyler volta a se sentar e se aproxima alguns centímetros, ainda sorrindo.
- Você abandonou a chapinha? - indaga, esticando as pernas e analisando os cabelos cacheados.
- Talvez.
Sorriem de novo. O perfume amadeirado do atleta atinge Joshua com a brisa da noite, e sem que ele perceba está o encarando novamente, analisando as orbes castanhas fixas no seu cabelo. Acaba notando que os lábios cheios ficam entreabertos quando Tyler está focado.
- Eu acho que você deveria pintar ele de rosa. - Joseph confessa, hipnotizado.
- Rosa?
- É. Ficaria legal.
- De onde você tira essas ideias?
- Ei, não é uma ideia ruim! - Tyler sorri com a risada suave do cacheado. - Eu pintaria o meu.
- De rosa?
- Por que não?
Josh leva o baseado até a boca, contendo uma risada alta. Sentia seu corpo flutuar no ar, leve e sonolento. No fundo, sua mente ainda divagava sobre o espaço, alienígenas e os olhos brilhantes do rapaz ao lado.
Fascinante, lindo e perigoso.
- Eu duvido, Ty. - diz, soltando a fumaça que abraça o rosto de Tyler. Estavam muito próximos.
Joseph sorri com o apelido, e Josh retoma sua consciência.
O rapaz dos Beatles não estava mais na grama. Os aliens não entraram em contato. O baseado já estava no fim. Ele e Tyler não eram tão próximos ao ponto de terem apelidos íntimos. Josh não queria isso.
Ele não queria olhar nos olhos castanhos mais uma vez, e perder sua órbita.
Não queria pensar naqueles lábios vermelhos, que de repente ficaram atraentes demais, porque a cerveja em sua mão começava a pesar uma tonelada a cada centímetro que Tyler ultrapassava, e a avalanche de consequências poderia o soterrar, sufocar, flutuar, lhe roubar o ar. Josh não queria isso. Não.
Josh queria estabilidade, certezas. Queria voltar para o primeiro dia em que reparou no olhar de Tyler sobre si no refeitório, e simplesmente voltar a dormir; aconchegado em sua própria confusão - que nunca precisou ser domada por ninguém.
Queria não ter aceitado o convite para estar ali, a sós e chapado com Tyler Joseph. Tudo estava errado.
- É o que veremos, Jash. - e como uma maldita peça teatral sádica, Tyler sussurra abrindo um sorriso cafajeste.
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Greek God
Fanfictiononde Josh odeia Tyler, e infelizmente esse sentimento não é recíproco. • fanfic inspirada na música Greek God, de Conan Gray.