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- Perfeito, e... Corta! - A voz de Debby ecoou pelo teatro, causando suspiros satisfeitos de todos os atores presentes no palco. - Vocês foram ótimos!

Josh sorriu silenciosamente, sentado na última fileira de bancos, onde, por baixo dos óculos escuros, possuía uma visão ampla do que acontecia em todo local. Segurava uma latinha de Redbull em uma das mãos e seu celular em outra, os pés descansando em cima de sua mochila jogada no chão.

Sentia orgulho de Debby, apesar de saber que ela seria ainda mais talentosa como uma atriz profissional. Ainda se lembrava de quando eram pré-adolescentes e brincavam como se estivessem em clipes musicais ou filmes famosos - haviam decorado todas as falas de Garotas Malvadas só por diversão.

Não precisava de muitos motivos para se orgulhar da amiga, na verdade. Anos de amizade, com uma confiança inabalável e um amor praticamente fraternal. Eram unha e carne, almas gêmeas.

Motivado pela sensação quente de aconchego que dominava seu peito, Joshua desce a escadaria do teatro em direção ao palco em passos lentos. Sua cabeça parece latejar a cada passo dado, prestes a explodir. Maldita hora em que resolveu beber em pleno domingo.

- Aclamada diretora e roteirista Deborah Ryan. - Anuncia em um tom sofisticado quando chega perto o suficiente para ela ouvir, apoiando sua mochila em um ombro só. - Já pode ser indicada ao Oscar.

Debby segurava uma prancheta em mãos, anotando alguma coisa com um semblante sério. Ao ouvir a voz do amigo, se vira com um sorriso contido no rosto.

- É a peça de Romeu e Julieta, para de exagero. - A garota brinca descendo do palco para chegar até ele. - Que bom saber que você tá bem, na medida do possível.

- É, eu tô bem. - A voz falha de Joshua faz Debby cerrar os olhos desconfiada. - Na verdade, eu tô aqui porque não me lembro de nada.

Debby acena positivamente, sem nenhuma expressão visível no rosto.

- E você acha que eu posso te ajudar com isso?

- É claro. - Josh diz rapidamente. - Quer dizer, você quem me chamou pra sair, e imagino que ficou lá o tempo todo comigo.

A garota acena silenciosamente, o olhar claramente distante e ainda indecifrável. Uma pontada de arrependimento atinge o estômago de Josh, o fazendo se perguntar se fez alguma besteira maior do que sair com os amigos após algumas doses de álcool.

Ele não havia mentido; não se lembrava de nada além de sair de casa pouco antes do anoitecer e voltar ainda sem o sol nascer. Irresponsável, era o que sua mente repetia desde então.

- Na verdade, você ficou mais com o Joseph do que comigo.

Porra, tinha como isso piorar?

- Ah, ele estava lá? - Pergunta, engolindo uma bola de saliva que se formou rapidamente em sua garganta.

- Vou mandar a tia Laura esconder a vodca no quarto de hoje em diante. - A ruiva sussurra para si mesma. - Vocês conversaram e ele te levou pra casa. Se quiser saber de algo, é melhor falar com ele.

Dun concorda quieto. No palco, a atriz principal responsável por interpretar Julieta chama Deborah para rever alguma coisa do roteiro.

- Desculpa. - O rapaz se apressa em dizer antes da amiga ir embora. - Não vai mais se repetir.

Debby sorri gentilmente o puxando para um abraço. Seu perfume de frutas vermelhas invadem as narinas do mais velho como um tipo de tranquilizante, o deixando respirar um pouco mais aliviado desde a tarde anterior.

- Não se desculpa, Jish. Só não faz isso de novo.

★★

O teatro da escola era enorme. Inúmeros corredores que levavam ao palco e pequenas salas de maquiagem, som e figurinos. Um verdadeiro labirinto para a visão ainda confusa do adolescente que tentava encontrar uma saída entre araras de roupas de época carregadas pelas pessoas responsáveis pela organização da peça.

Greek GodOnde histórias criam vida. Descubra agora