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As algas marinhas estavam trabalhando duro naquela tarde quente. Submersas na água salgada do oceano, faziam a fotossíntese de forma habilidosa enquanto dançavam no ritmo das correntes d'água que as arrastavam de um lado para o outro. Os cabelos de Josh não se encontravam em uma situação diferente. Quer dizer, eles não estavam realizando fotossíntese, mas balançavam a cada vento forte que o obrigava a estreitar os olhos em meio a areia quente.

Areia, bichos com ferrões, calor, vozes para todos os lados e a estranha necessidade de expor qualquer parte de seu corpo para não derreter debaixo daquele sol escaldante. Se existia alguma coisa boa nas praias, Dun ainda não a conhecia.

Sendo forçado a se esconder na sombra de uma palmeira esperando sabe-se lá quem aparecer, ele queimou os pés no cimento quente e xingou alto o suficiente para Debby, que estava um pouco longe, ouvir.

- Você é idiota ou o quê? - Ryan perguntou impaciente vendo o amigo refazer o caminho de volta para a areia dando pulinhos na calçada.

- Cala boca. - sim, Joshua era um idiota pois não enxergou seus chinelos jogados ao lado da toalha azul forrada no chão. - Ainda não sei o que tô fazendo aqui.

- Resmungando?

- Não, Deborah. Aqui, gastando metade do meu dia queimando minha pele na porra desse sol.

- Sabia que existe protetor solar?

- Sabia que eu te odeio?

Debby ajeitou o óculos em seu rosto ignorando a última fala do emo.

- Aqui - ela o entrega a embalagem do protetor procurando algo dentro de uma pequena mochila rosa com bolinhas amarelas. -, pode ficar quieto agora.

Josh passou o produto nas partes mais afetadas pelos raios solares em silêncio. Olhando por um lado menos pessimista, sorriu quando duas crianças passaram correndo ao seu lado carregando pás de brinquedo e baldes decorados com estrelinhas neon.

Não era um dia ruim. Bom, pelo menos não era até Tyler aparecer na calçada com uma pequena caixa térmica em uma mão e duas toalhas coloridas na outra.

Dun queria desaparecer. Ser abduzido por uma espaçonave alienígena ou carregado para dentro da água pelas sereias não seria tão ruim quanto ver Joseph se sentando perto de onde estava com aquele sorriso idiota que nunca sumia. Provavelmente é por isso que o odiava. Por isso e pelos cabelos castanhos minimamente cacheados que viviam brincando com os dedos ridículos que ele tinha - sim, Joshua também odiava as mãos do atleta.

Tentando pensar em uma fuga rápida e eficaz, o emo pegou dois dólares no bolso de sua bermuda e foi até quiosque perto das palmeiras, onde vendia água de coco e outras bebidas. Queria matar Debby. Já não bastava ir até a praia para ver sua melhor amiga flertar com outra pessoa, ainda teria que aguentar Tyler? Nunca! Ficaria ali escondido, até o anoitecer.

- Sabia que nós trouxemos água de coco?

Josh quase caiu da banqueta da qual estava sentado. Só podia ser brincadeira.

- Desculpa, não queria te assustar. - Joseph diz, dando uma risada respeitosa em seguida. - Você tá ocupado?

Sim, Joshua, você está ocupado. Invente uma desculpa, tente equilibrar um canudo em cima do outro, finja que está trabalhando no quiosque ou apenas tire a roupa, saia correndo e se jogue no oceano mas pelo amor de Deus, não admire os braços dele nessa maldita regata preta.

- N-não.

O atleta sorriu chamando um simpático atendente e pedindo alguma coisa que Dun não conseguiu escutar o que era.

- Por que fugiu de lá?

- Eu não fugi.

Tyler analisou o garoto estranhamente assustado ao seu lado e, inconscientemente, encarou o piercing prateado que decorava sua boca por mais tempo do que desejava.

- Fugiu sim.

O emo estava em colapso. Queria voltar para a areia, entretanto suas pernas não respondiam aos comandos dados pelo cérebro. Na verdade, a única parte de seu corpo que obedecia era sua garganta que tentava soltar sons agudos como se o mundo estivesse prestes a acabar, e ele estava, porque, em quais circunstâncias normais Joshua Dun estaria sentado conversando com Tyler Joseph como se não o odiasse?

- Eu não fugi, só vim comprar essa água.

- Então vamos voltar.

Um pouco confuso pela insistência do outro, Josh franziu as sobrancelhas enquanto pensava na resposta que escapou por seus lábios mais rápido do que planejou.

- Não.

O moreno pegou a latinha de refrigerante que apareceu em cima do balcão e se levantou com um semblante vitorioso.

- Foi bom falar com você, Joshua.

Dun não conseguiu acompanhar os passos de Joseph para fora do local. Não conseguiu nem se virar, sentia o olhar dele queimando em suas costas e quando finalmente se lembrou que possuía pulmões, soltou o ar pela boca esfregando as mãos suadas no tecido escuro de sua camisa.

Ignorando o nervosismo que acelerou seus batimentos cardíacos e Debby, que naquele momento estava distraída conversando com Jenna, pegou a água de coco e foi para casa, rezando para que aquela estranha conversa fosse levada pelos pássaros que voavam entre as altas palmeiras da praia.

Greek GodOnde histórias criam vida. Descubra agora