Reconciliações à luz da lua

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O NOME QUE MARINA MENCIONOU A DEIXOU PERTURBADA

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O NOME QUE MARINA MENCIONOU A DEIXOU PERTURBADA. SEUS DEDOS, ENTRELAÇADOS NOS MEUS, TREMIAM LEVEMENTE, BUSCANDO CONFORTO. SEUS OLHOS, MAREJADOS, ENCONTRARAM OS MEUS, E UM SUSPIRO ESCAPOU DE SEUS LÁBIOS.

— Nos Estados Unidos... achei que tinha encontrado alguém especial. — A voz dela tremeu, e o aperto em meus dedos se intensificou. — Mas me enganei, e isso virou um pesadelo. — Ela hesitou, lutando contra os próprios pensamentos, antes de sussurrar: — E se eu tivesse feito algo diferente?

Meu coração se apertou ao vê-la daquela forma. A chuva lá fora, incessante, parecia acompanhar a tormenta interior dela. Marina se levantou, inquieta, e começou a andar de um lado para o outro, buscando conforto em gestos repetitivos.

— Tinha medo de contar pra alguém, principalmente por conta do que minha mãe fez... — Ela fala com a voz falhando no final. Os olhos se desviaram, as mãos se fecharam em punhos, e um rubor intenso tomou conta de suas bochechas. Um silêncio pesado pairou entre nós, mais denso do que a chuva que caía lá fora.

Vi seu esforço para conter as lágrimas e manter o controle. Toquei seu braço com cuidado, tentando transmitir calma.

— Não é culpa sua — murmurei, envolvendo-a em um abraço apertado, como se quisesse absorver toda a sua dor. — Sei que isso deve ser muito difícil para você.

Marina respirou fundo, buscando forças em minhas palavras. Ela sorriu, um sorriso frágil que mal escondia a tristeza em seus olhos. Com passos hesitantes, ela se afastou, a figura pequena e frágil se perdendo entre os corredores do hospital. A chuva lá fora diminuía, mas a tempestade que assolava seu coração parecia ainda mais intensa.

O tempo voou e já era madrugada. Enquanto a Marina visitava a Patrícia, eu me mantive ocupado com os pacientes. O hospital, normalmente agitado, parecia mais calmo, mas uma sensação estranha pairava no ar, como um eco da nossa conversa anterior.

Uma enfermeira me interrompeu, com um ar preocupado.

— Doutor Vieira, a irmã da doutora Martins quer falar com o senhor. Urgente.

Fui até o quarto da Patrícia, sentindo que algo importante estava para acontecer. Encontrei a encontrei, Patrícia estava deitada, com a Marina ao lado. O ambiente era tenso.

— Gui, preciso te contar algo. — A voz da Patrícia era baixa, os olhos evitando os meus.

— O que foi, Pati? — perguntei, tentando manter a calma. Ela estendeu a mão, buscando apoio. A Marina me olhou com preocupação.

Patrícia apertou o lençol, com as lágrimas rolando pelo rosto.

— A Marina me contou tudo que rolou de verdade. Eu... me sinto péssima pelo que fiz. Não sei como não percebi antes. — Sua voz tremia.

O ambiente ficou carregado de emoções. As palavras da Patrícia pesavam sobre nós.

— Entendo como você se sente, Pati. — Parei, buscando as palavras certas. — Não precisa se culpar.

Patrícia começou a chorar, e Marina se inclinou para ela, beijando a mão da irmã. As palavras pareciam presas na garganta da Patrícia, mas a presença da Marina ao seu lado lhe dava força.

— Eu... julguei você mal, pensando que você era o responsável pelo que aconteceu com a minha irmã, fazendo-a sair do Brasil de repente. Só agora percebo que me tornei um fantoche nas mãos da minha mãe. — As palavras da Patrícia cortaram o ar com uma sinceridade dolorosa.

O quarto ficou em silêncio, quebrado apenas pelo suspiro da Patrícia. Ela fechou os olhos, buscando uma paz que há muito tempo não encontrava.

— Preciso descansar, mas me sinto mais calma com vocês ao meu lado. — A voz dela foi diminuindo, mas o alívio era evidente.

Marina e eu deixamos o quarto, o silêncio no corredor era agora carregado de uma nova compreensão. A tensão havia se dissipado, dando lugar a um alívio reconfortante.

— Está tudo bem? — Marina perguntou, os olhos fixos nos meus, um brilho de esperança surgindo lentamente.

— Foi reconfortante. Ela foi muito importante pra mim, mas... — respondi, escolhendo as palavras com cuidado. — Mas você é especial para mim. Fico feliz que esteja aqui.

Um sorriso tímido iluminou seu rosto. Ela absorvia minhas palavras, os olhos brilhando com uma mistura de esperança e incerteza.

A Marina desviou o olhar por um instante, os dedos brincando nervosamente.

— Sabe, estou pensando no Leon... tenho medo de que ele me encontre. — Sua voz fraquejou, e a preocupação em seus olhos acenderam em mim um instinto protetor, uma necessidade de mantê-la segura.

Olhei nos olhos dela, um mar de emoções refletido ali, e meus dedos roçaram os dela, um toque suave que transmite conforto e segurança.

— Não se preocupe, estou aqui. — Sorri, esforçando-me para transmitir confiança, enquanto nosso vínculo parecia mais forte do que nunca. Abracei-a, tentando transmitir meu apoio. Ela respirou fundo, relaxando nos meus braços.

Quando finalmente nos afastamos, senti que algo havia se transformado entre nós. Havia um brilho diferente nos olhos dela, uma chama acesa que sinalizava mudança.

— Gui, você pode me dar uma carona pra casa? — ela perguntou, a voz quase um sussurro, como se temesse quebrar o encanto do momento.

— Claro, Marina. Vamos. — respondi, meu coração batendo forte no peito, ansioso por estar ao lado dela.

Saímos do hospital. As luzes da cidade brilhavam ao longe, mas meus olhos estavam fixos na Marina, determinado a protegê-la.

Ao chegarmos à casa dela, o silêncio da noite envolvia o ambiente. Saí do carro para abrir a porta, e nossos olhares se cruzaram novamente. Entre nós, havia hesitação, mas também uma conexão profunda.

— Obrigada por tudo, Gui. — ela disse, dando um passo em minha direção. Seus olhos brilhavam sob a luz da lua.

Ficamos em um silêncio cheio de emoções. Meu coração acelerava, e eu podia sentir a tensão no ar, mas também uma familiaridade, um conforto que só a Marina me trazia, um refúgio em meio à tempestade.

Com calma, me inclinei em sua direção e nossos lábios se encontraram em um beijo repleto de sentimentos. Senti a força do nosso vínculo renascer em meio a tudo aquilo.

Quando nos afastamos, os olhos da Marina brilhavam sob a luz da lua, como se refletissem a beleza da noite e a esperança que renascia em seu coração. Senti que algo havia mudado em mim, um despertar que me enchia de alegria e medo ao mesmo tempo.

— Boa noite, Gui. — Ela sussurrou.

— Boa noite, Mari. — Respondi, ainda sentindo o calor do seu toque.

Eu a observava entrar, queria segui-la e dizer que tudo ficaria bem, mas sabia que ela precisava de tempo. No caminho de volta, me perguntei se esse beijo era uma nova oportunidade ou apenas uma lembrança.

Depois de deixar a Marina em casa, demorei um pouco na frente da porta, observando as luzes da cidade ao longe, ainda sentindo a tensão e o alívio daquele beijo. Aquele momento com ela, tão simples, havia sido carregado de significado. Voltei para o carro, com o coração cheio de pensamentos. O caminho de volta para casa foi silencioso, exceto pelo murmúrio do motor, que ecoava meus pensamentos.

Ao chegar em casa, o perfume dela ainda pairava no ar. Deitei-me no sofá, o rosto da Marina dominando meus pensamentos. Nossa situação era complicada, mas eu sabia que queria estar ao lado dela.

Enquanto o cansaço se apoderava de mim, meus olhos começaram a se fechar lentamente, mas a imagem da Marina continuava viva na minha mente. O que quer que o futuro reservava para nós, enfrentaremos juntos, como sempre fizemos, unidos por um fio invisível que nos conectava para sempre.

Destinados a ficarem juntos © 2023 (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora