No silêncio da dor

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NO QUARTO FRIO DO HOSPITAL, ABRI MEU CORAÇÃO PARA VITÓRIA

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NO QUARTO FRIO DO HOSPITAL, ABRI MEU CORAÇÃO PARA VITÓRIA. Falei com ela sobre os momentos difíceis da minha vida, que tinha medo de contar a alguém.

— Você foi muito corajosa. Como está se sentindo agora? — perguntou Vitória com uma voz gentil e firme.

Desviei o olhar, lembrando de Guilherme. Recordações do sorriso dele, dos momentos juntos e das promessas feitas vieram à mente. Meu estômago revirou, minhas mãos tremiam. Toda a dor que tentei esconder agora estava visível.

— Alguns dias são mais simples do que outros. Alguns são difíceis como um pesadelo — respondi em voz baixa, tentando equilibrar a dor com a esperança.

Vitória permaneceu em silêncio, me deixando tempo para pensar em tudo que eu havia acabado de compartilhar.

— Conversar pode ajudar. Se precisar desabafar, estou aqui para ouvir — disse ela de maneira encorajadora, transmitindo um sentimento de conforto.

No momento em que ela fala sobre isso, senti uma sensação de aperto no peito. Cada palavra não dita parecia pesar mais. Segurei firme o estetoscópio, tentando manter o controle, mesmo com tudo parecendo fora de ordem; não estava preparada para contar o que aconteceu com minha filha.

— Não consigo falar sobre isso agora — falei com a voz tremendo e desesperada.

Vitória olhou para mim com empatia.

— Tudo bem. Há pessoas que se importam com você. Já pensou em conversar com ele? Pode ser um passo importante para lidar com isso — sugeriu, me encorajando com um tom que transmitia esperança.

Eu tinha medo de encarar o passado, porém, suas palavras me deram paz em meio à confusão.

— Vou considerar, Vitória. E você não desista dos seus sonhos, está bem? Sempre há uma maneira.

Vitória sorriu firmemente, destacando-se das sombras da sala. Seu olhar transmite inspiração, mostrando sua história de superar desafios.

— Vou tentar também. Obrigada por estar aqui — disse ela com uma voz suave, porém, firme, que me deu coragem para continuar.

Quando saí do quarto, ainda pensando na conversa com Vitória, ouvi passos firmes no corredor. Olhei para cima e vi Paola se aproximando com um olhar sério e intenso, como se estivesse carregando um peso invisível. Mesmo sendo conhecida por ser eficiente e firme, seus olhos me deixaram nervosa.

— Marina, precisamos conversar — Ela diz com uma voz que não dava margem para questionamentos.

Tentei me acalmar enquanto sentia a ansiedade aumentar no meu peito. O jeito que ela se aproximava mostrava que a conversa não ia ser fácil.

— Claro, o que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma.

Paola olhou ao redor para garantir estarmos sozinhas. Sua cautela me deixou apreensiva. O hospital estava mais silencioso do que o habitual, como se a tensão estivesse afetando o ambiente.

— Notei que você tem se aproximado muito do Guilherme. Só um aviso: fique atenta. — Ela fala com um tom baixo e carregado de ameaças.

O tom de voz dela era fria e calculista; Paola escolhia cuidadosamente cada palavra para passar sua mensagem. Ela sempre encontrava uma forma de ser ouvida e, naquele momento, suas palavras pareciam uma sentença.

Meu coração acelerou. Havia algo possessivo em sua postura que me deixava desconfortável. Desconfiava que eles dois mantinham um relacionamento, já que vi os dois se beijando semana passada, contudo, a maneira como ela abordava o assunto me fazia sentir encurralada.

— Fique atenta? — repeti, tentando entender o que ela queria dizer. — O que você quer dizer com isso?

Ela deu um passo mais perto, com um brilho ameaçador nos olhos que parecia penetrar minha alma.

— Ele é meu. — Afirma, com sua voz carregada de possessividade. — Não aceitarei que você tome o que é meu.

A maneira como ela falava e como se expressava mostrava que estava disposta a defender o que era dela, não importando o que acontecesse. Isso me deixou com medo e confusa, com muitas emoções misturadas que eu mal conseguia entender.

— Olha, isso não é justo... — Comecei a protestar, só que ela me interrompe, e sua expressão ficou ainda mais ameaçadora.

— Você foi avisada — sibilou, estreitando os olhos, com uma frieza que parecia cortar o ar. — Não teste minha paciência. Sei de seus segredos.

A ameaça dela era intensa. Parecia que tudo ao redor estava desaparecendo enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. Respirei fundo para tentar me acalmar. Ela estava determinada a lutar para não perder ele, o que me deixou desesperada e com uma sensação de urgência.

— Preciso ir — digo quase sem voz. Precisava de um tempo para pensar e decidir como lidar com a situação.

Sai de perto da Paola com o coração batendo forte, preocupado com as ameaças e as emoções misturadas que estavam comigo. Fui para a sala dos médicos tentar me acalmar e encontrar um pouco de paz.

Enquanto eu tentava me acalmar, a porta se abriu e Guilherme entrou. Seu rosto cansado e o sorriso familiar me trouxeram um misto de sentimentos. Quando ele me viu, sorriu ainda mais e se aproximou.

— Ei, Mari. Que surpresa boa te encontrar aqui.

Forçar um sorriso foi difícil, mas precisava tentar e não queria que ele desconfiasse de nada.

— Ah, você sabe... apenas mais um dia.

Ele me olhou com preocupação sincera.

— Tenho pensado muito em você, especialmente desde aquele dia.

Senti meu coração acelerar. A lembrança daquele dia fez surgir emoções que tentei esconder. Ele havia me iludido e eu, infelizmente, fui apenas mais uma em sua vida.

— Eu...

Ele me interrompeu, colocando uma de suas mãos em meu ombro.

— Não precisa dizer nada agora. Apenas saiba que estou aqui. — Ele fala.

As palavras dele traziam um conforto que se misturava com um desconforto profundo. Parecia que ele tentava consertar algo quebrado entre nós, mesmo sem desconfiar do que aconteceu há quinze anos.

— Não sei. — falei quase sem conseguir encontrar as palavras certas. Meu coração estava em conflito.

Ele me olhou com calma e compreensão, sem dizer nada. Sem pensar muito, me aproximei e o beijei. Foi um momento cheio de emoções, uma mistura de desejo e tristeza. Por um instante, tudo pareceu perfeito. Ele também correspondia ao beijo, segurando minha cintura com suas mãos.

Quando nos afastamos, a realidade se instalou bruscamente. Recuei, o coração disparado e a mente em turbilhão.

— Eu... eu não devia ter feito isso. — murmurei, me afastando.

Ele tentou chegar perto, mas levantei a mão para impedir. Eu estava tremendo, sem saber se era de medo ou desejo.

— Por favor, não fuja. — pediu ele com uma voz carregada de preocupação.

— Desculpe, não consigo fazer isso. — Então, sem dizer mais nada, saí da sala dos médicos, deixando para trás um monte de sentimentos e lembranças do passado que ainda me causavam dor.

Andei pelo hospital pensando sobre as decisões e preocupações do passado, até que finalmente encontrei um banco perto dali, onde me sentei, respirando fundo para acalmar meu coração e não chorar. O beijo fez com que as feridas antigas se reabrissem, causando dor, mas, apesar de tudo, o meu amor por ele era forte e verdadeiro.

A dor e o peso das decisões continuavam a me acompanhar, mas havia uma pequena esperança para o futuro.

Destinados a ficarem juntos © 2023 (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora