Heloisa - porto seguro

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Eu não poderia fazer diferente hoje, tudo que eu precisava era do colo de Luan e uma tarde chorando e conversando. Só ele me entenderia e me acalmaria.

Assim que acordei, arrumei uma bolsa e decidi passar o dia com ele. Não quis ir pra faculdade hoje, não queria olhar pra ele, não queria lembrar de ontem e não queria me sentir tão suja quanto me senti. Questionei tudo possível, se eu não fosse da vida, seria diferente? Se eu não tivesse aceitado aquele maldito convite, daí ele não pararia de insistir, pararia? Será que eu me insinuei em algum momento sem perceber?

— Ah, gatinha! Eu não consigo nem imaginar você passando por isso, queria que você me apresentasse ele, eu mataria ele com certeza — Luan diz, passando as mãos no meu cabelo. Depois de eu chorar durante toda a tarde, agora apenas estou deitada esperando a vida passar.

— Eu não quero ver a cara dele nem tão cedo — digo baixinho — Está quase na hora de me arrumar mas eu juro que não queria trabalhar hoje.

Levanto e dou uns tapinhas e beliscões leves no rosco para dar uma cor.

— Não acho bacana você trabalhar hoje. Veja bem, o que você passou ontem foi algo pesado, acho melhor hoje você dar um descanso pro seu corpo e pra sua mente — Luan disse, se levantando da cama.

— Eu vou enlouquecer ficando aqui sozinha no seu quarto. Não quero dormir em casa sozinha hoje — digo, fazendo um leve dengo.

— Você não precisa ficar aqui. Pode ficar lá no salão, só coloca uma roupa comum e tenta ficar no bar com o Arthur, ele te faz companhia e você ajuda ele.

Achei uma excelente ideia. Coloquei então uma saia, meia calça e uma blusa de manga preta canelada. Deixei meus cabelos soltos mesmo.

Sexta à noite sempre enche rápido a casa. Mais uma vez, nem sinal de Lúcio, começo a acreditar na teoria de Arthur de que ele morreu. Homens bêbados e maus cantores continuam dando seus shows, as meninas dançando e os quartos enchendo. Arthur e Eu estamos brincando de adivinhar quem aguenta e quem não aguenta mais de cinco minutos na cama.

Estamos num momento mais tranquilo com o bar mais vazio quando vejo aquele par de olhos azuis entrar pela porta, Murilo está vestindo uma blusa polo preta, calça preta e tênis branco. Seus olhos parecem varrer o local a procura de alguma coisa até que encontram os meus. Ele dá um leve sorriso.

— Olha quem voltou — Arthur disse baixinho me dando uma cotovelada.

— Cala a boca, deve ter gostado do karaokê — eu digo disfarçando.

— Ou do seu chá — Arthur respondeu. Coitado, mal sabe ele que o homem não quis nada comigo. Murilo foi se aproximando do bar e logo senti Luan vindo como uma águia na minha direção.

— Oi! — Murilo disse simpático.

— Oi! — Arthur e eu respondemos como duas menininhas bobas.

— Nós podemos...— ele perguntou apontando pro quarto discretamente, mas foi interrompido por Luan.

— Olá, amigo! Hoje a Paloma não está trabalhando mas se quiser, tenho outras dançarinas que você pode gostar — Luan disse, se colocando ao meu lado.

— Eu...é — Murilo ficou sem palavras. Coitado, Luan desconsertou o menino.

— Fica tranquilo, amigo! Eu estou bem — eu digo, me colocando um passo à frente — Vamos?

Murilo faz que sim com a cabeça e vou em direção da porta pra sair de trás do balcão. Luan murmurou que havíamos combinado mas eu finjo não ouvir. Apenas sigo o caminho e subo as escadas com Murilo para o meu quarto.

Amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora