Passo o caminho para casa com uma inquietação imensa tomando conta de mim, uma ansiedade, algo que não sei explicar.
Murilo pergunta sobre o que achei e como estou me sentindo mas eu tento ser básica com as palavras. Eu já estou levemente alterada pela quantidade de champagne que tomei, ele também não parece muito sóbrio, mas está melhor do que eu. Quando o carro para na frente da minha casa, nós dois hesitamos. Ficamos parados, imóveis.
Até que ele sai para abrir minha porta, nesse instante, solto o ar que nem sabia estar prendendo.
Ele me estende a mão e eu seguro para descer do carro.
— Muito obrigado por aceitar o meu convite — ele diz, parecendo querer dizer algo mais.
— Eu que devo te agradecer por tudo. Meu dia foi incrível, parece que eu estava num sonho — eu digo, sendo completamente sincera. Nós dois olhamos para a porta do meu prédio. Seu Zé abre o portão de lá da cabine.
Quebramos o silêncio juntos.
— Você está...
— Você quer...
Rimos de nervoso e eu peço para que ele fale primeiro, mas ele insiste pedindo para eu começar.
— Você não quer subir para beber algo? — pergunto, dando de ombros como quem não quer nada, mas num puro gesto de timidez.
Ele abre um sorriso e olha pro carro.
— Eu vou adorar — ele diz, então ele vai até a janela da frente e diz para Célio ir embora, que se precisar, ele chama um carro de aplicativo. Pagou Célio e o mesmo foi.
Subimos em silêncio no elevador, as vezes pego ele me olhando no espelho e damos um sorriso sem jeito.
Abro a porta de casa e dou passagem para que ele entre.
— Só não repara na bagunça — digo, mesmo sabendo que a casa está extremamente arrumada. Lucinha, a moça que faz faxina na minha casa duas vezes por semana, tinha vindo hoje.
— Adorei a decoração! É básica e minimalista — ele diz, olhando em volta.
— Pode se sentar, fica a vontade. Quer um vinho? — pergunto, mas estou nervosa. É a primeira vez que um homem vem na minha casa, é a primeira vez que eu peço alguém pra ficar e pior, é a primeira vez em tempos, que estou ansiosa para o que vai acontecer entre um homem e eu.
— Aceito, sempre bem-vindo — ele diz rindo — se incomoda se eu tirar os sapatos?
— só se você se incomodar de eu tirar os saltos — digo levando duas taças e um vinho pra sala.
— de jeito nenhum, deixa que eu te ajudo — ele disse, abaixando até meu pé esquerdo, bem do lado da fenda do vestido. Ele me olha de baixo e eu perco meu ar. Ele tira as tiras do salto e depois do outro, se endireita no sofá me dando espaço e eu sirvo o vinho.
Começamos conversando sobre o evento e rindo sobre as fofocas. Lhe dou um outro esporro por ter gastado tanto dinheiro em um quadro. Ficamos ali por, mais ou menos, duas horas, pois o relógio registra uma hora da manhã.
— Está tarde — ele diz, mas seu tom de voz mostra que ele não quer ir. Eu não quero que ele vá.
— Sim — digo, olhando para ele. Observo seu rosto de perfil, a luz que entra pela janela contorna seus traços. Ele também me olha. O silêncio entre nós começa a ficar sufocante, um calor toma conta do espaço e parece que vou derreter. Decido levantar para colocar alguma música — vou colocar alguma música...
Quando vou me levantar, ele segura minha mão. Olho para nossas mãos juntas e depois para seus olhos grandes e azuis que me olhavam com expectativa.
— Não precisa fugir — ele diz baixo. Eu apenas o encaro e ele se endireita para ficar mais próximo de mim. Ele se aproxima de mim e coloca a mão no meu rosto, acariciando minha bochecha. Fecho meus olhos quando consigo sentir sua respiração no meu rosto — Eu só vou se você disser que quer...
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Amor proibido
RomanceATENÇÃO, SE VOCÊ É SENSÍVEL, CUIDADO! PODE CONTER GATILHOS. Uma garota de programa com um passado obscuro de traumas, desacreditada do amor e com o coração blindado. Um jovem empresário bem sucedido em busca de se sentir vivo outra vez, de se apaix...