Murilo - Um novo projeto

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Minha cabeça está latejando de tanta dor, a rotina de reuniões exaustivas estão acabando comigo. Acabo de sair de uma que durou mais de duas horas.

— Senhor - Aline diz levantando assim que me vê.

— Aline, agora não, preciso de um remédio se não vou ter um piripaque — digo massageando a têmpora, indo em direção da minha sala.

— É que na sua sala, senhor — ela diz, quando coloco a mão na maçaneta.

— Por favor, agora não — repito mais alto, quando abro a porta, eu queria muito ter escutado o que ela ia falar. Meu pai está sentado bebendo whiskey com uma jovem loira, magra, de vestido rosa xadrez.

— Filhão, finalmente você chegou — meu pai se levantou ao dizer abrindo os braços. Olho para Aline com a cara fervendo e ela simplesmente dá de ombros e sai. Entro respirando fundo e forço um sorriso para a jovem.

— Prazer, Murilo — digo estendendo a mão.

— Oui, "tu pai" contou de você — ela diz dando um sorrisinho e um abraço em mim. Fico sem saber como reagir mas apenas retribuo.

— Pensei em almoçarmos juntos, meu filho — meu pai disse colocando a mão na cintura da menina. A cena me enoja.

— Infelizmente não posso, tenho reunião durante todo o dia. Aliás, uma começa daqui a dez minutos — digo olhando no relógio do meu bolso. Meu pai reclama sobre eu só trabalhar e não passar tempo com a família. Apenas olho com tédio para ele e ele desiste.

— Tudo bem. Mas não vou desistir de fazermos algo juntos — ele diz, segurando a mão da namorada — Vamos, petit Jolie!

Argh! É incrível como o meu pai é ridículo. Eu realmente não consigo fingir lidar. Respiro fundo assim que eles saem e me preparo para a próxima reunião com o RH e Mídias Sociais.

...

— Um assistente de marketing? — pergunto, pensando na proposta que as mídias sociais sugeriram.

– Sim, pensamos em alguém que criasse um canal de transparência sobre como funciona o trabalho aqui na Flash!, ele pode ir nas distribuidoras, fazer conteúdo sobre como funciona aqui e também atrair engajamento para a empresa — diz Roberta das mídias sociais.

— Por falar em contratação, chefe, precisamos de algum assistente pro RH, agora que estamos expandindo para outros estados, vai ficar pesado para Vitória e eu darmos conta sozinhas — disse Claudia.

— Perfeito, façam o processo seletivo, quero participar de todos. Talvez eu tenha alguém pro RH, mas ainda não darei certeza — uma ideia louca passa pela minha cabeça. Talvez Heloísa goste de trabalhar aqui, mudar de área.

— Com dinâmica, senhor? – Claudia pergunta.

— Sempre! — eu digo – Encerramos?

Elas concordam e eu volto para a minha sala. Como hoje é início de semana, Heloísa deve estar de folga, assim que sair daqui, vou passar na faculdade dela, talvez consiga buscá-la la.

Finalizo tudo que preciso para poder sair cedo. Pelo Instagram, vi onde Heloísa estuda. Sei que parece loucura e stalker, mas foi por uma boa causa.

•••

Jovens saem e entram na troca de turno da faculdade, saudades de quando estudava marketing e administração. Eu não tinha um pingo de preocupação além de me tornar um empresário de renome.

Estou parado encostado no carro quando avisto de longe Heloísa vindo distraída, atrás dela, o cara do bar vem gritando seu nome. Já no portão, ela ouve e para pra falar com ele, é aí que ele me vê. Os olhos dele se arregalam e ele volta a olhar para ela.

— Fala, Diego, que foi? — ela pergunta. Me endireito com as mãos nos bolsos. Ele me olha novamente. É aí que ela segue seu olhar e me vê.

— Nada, esquece — ele diz saindo e seguindo para o outro lado da rua. Ela dá um sorriso e se aproxima de mim.

— Como sabe que estudo aqui? — ela pergunta, de braços cruzados.

— Também estou feliz em te ver — dou um abraço que ela não retribui de início, deposito um beijo na sua testa — O que o merdinha queria com você?

Ela faz um olhar de surpresa e um sorriso engraçado.

— Aquele "merdinha" não falou o que queria quando te viu. Aliás, o que foi aquilo? — ela pergunta e eu recuo.

"Oh oh"

— Não sei. Deve ter visto o quão lindo sou e ficou envergonhado — disfarço. Humor sempre é bom pra sair de ciladas.

— Você é um péssimo mentiroso. Fala — ela diz colocando as mãos na cintura.

— Talvez eu tenha visitado ele com dois seguranças de lá da empresa e pedido com bastante educação dentro do meu carro para que ele ficasse longe de você — eu digo dando de ombros e forçando um sorriso. Ela me olha boquiaberta.

— Com muita educação? — ela pergunta com um olhar desafiador.

— Muita — enfatizo.

— Educação com consequências? — ela pergunta.

— Talvez, consequências — digo.

— Murilo, você...você ameaçou ele? — ela pergunta com as mãos na boca.

— Meu amor, não se ligue nisso! Vim aqui porque tenho uma proposta — digo segurando seu rosto. Dou um sorriso para encorajá-la — que tal um jantar? Lá conversamos melhor.

Ela concorda e vamos para um restaurante que gosto, próximo dali. Pego uma mesa próxima à janela e para dois. Puxo a cadeira e ela se senta.

— Proposta? — ela inicia a conversa.

— Eu espero muito que você goste...e que me diga sim — digo me sentando, no mesmo instante, a expressão dela fica indecifrável.

Amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora