Heloisa - Um beijinho nada doce

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Ele está me encarando, de lá do bar, como se tivesse acabado de presenciar um lindo gol nos últimos minutos do jogo de uma copa do mundo. Eu olho meu vestido para ver como estou e parece tudo ok, vou até a direção dele.

— Está tudo bem? — pergunto quando chego próxima a ele.

— Está, está sim — ele diz mas logo bebe um gole longo de seu whiskey. Ele está vermelho mas não parece estar bêbado nem alterado ainda — Você está deslumbrante! Esse tecido combina muito com sua pele...

Sou pega de surpresa e dou um leve sorriso. É raro ver homens aqui falar algo além de "nossa, como você é gostosa", "queria tanto tirar esse seu vestido", "só de te ver, eu já estou ansioso para irmos pro quarto".

— Obrigada! Você quer...quer subir agora? — eu pergunto mas o celular dele toca.

— Me desculpa, só um instante — ele diz saindo pra atender. Fico ali no canto aguardando e um homem se aproxima de mim. Ele pede uma bebida a Arthur e logo chega perto de mim. Cada vez mais perto.

— Nossa, você está muito gostosa nesse vestido — ele disse, passando a mão na minha perna, eu tiro sua mão.

— Se quiser subir, é 100,00 a hora! — respondo seca.

— Nossa, você é mais cara que as suas amiguinhas ali. Por que? — ele pergunta, se aproximando mais.

— É pegar ou largar. Se não consegue arcar, sai — eu respondo.

Logo vejo Murilo colocando o braço entre nós dois e afastando o bêbado.

— Aí, amigão, ela já tem cliente pra hoje — ele respondeu, o homem olhou pra ele de cima abaixou com desdém.

— Não vi ninguém aqui — ele respondeu.

— Agora está vendo — Murilo rebateu e colocou as mãos no bolso. Criando uma espécie de barreira entre o homem e eu. Ainda bem. Apesar de estar acostumada com a vida, as vindas de Murilo aqui tem sido uma espécie de folga pra mim. A gente passa horas conversando, não preciso transar e ainda recebo.

O homem apenas cambaleou um pouco e saiu com seu copo de bebida. Ele se virou pra mim e riu.

— Desculpa, era o Henrique. Aquele meu amigo que me trouxe aqui — ele disse.

— Você não me deve satisfações, gatinho — eu digo, dando um beijo na bochecha dele. Eu confesso que eu queria muito sentir ele e saber como ele é na cama, mas, não posso reclamar. Apesar de não transar comigo, ele paga, e paga bem. Sempre deixa uma gorjeta mesmo não tendo feito nada.

Murilo é um homem muito bonito, em forma, cabelos cuidados, sempre bem vestido e uma pele de quem não tem preocupação apesar de saber que ele tem. Não sei se é o vinho que tomei enquanto me arrumava ou se realmente estou louca pra dar pra ele, mas parece que a cada minuto, uma tensão aumenta entre a gente. Porém, ele não parece perceber.

— Agora podemos subir — ele disse.

Subimos para o quarto e eu tiro os saltos, me jogo na cama e ficamos conversando. Ele me explica como vai ser o evento, que será um baile de máscaras e perguntou a cor que eu quero vestir. Ele explicou que irá com um terno azul marinho e máscara preta.

Falei que eu achava que Marsala era uma cor que combinaria, ele logo pegou o celular e mandou mensagem para alguém. Não sei quem.

— Você ainda não me disse um valor — ele diz, bebendo seu vinho.

— Serão quantas horas de duração? E o que teremos que fazer? — pergunto.

— Você vai multiplicar sua hora? Ah, mereço um desconto não? A gente nem transa — ele diz abrindo os braços.

Amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora