Heloisa - um passado atual

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— O que acha? Vai ser só uns drinks. Depois te levo em casa em segurança — Diego continuou a insistir. Desde que se transferiu para minha faculdade no início do ano, me chama pra sair. Como explico pra ele que não me envolvo amorosamente com ninguém? Como explico que não tenho encontros? — Não acredito que vai preferir ficar em casa numa quinta à noite.

Faz quase uma semana que o gatinho desolado foi lá na casa e passamos a noite conversando, depois disso, não voltou mais. Eu não achei mesmo que ele voltaria mas, agora que Lúcio não tem aparecido nem dado sinal de vida, confesso que tive esperanças dele ser meu fixo de sexta. Mas há de aparecer outra pessoa.

— E então? Vamos depois da faculdade? — Diego perguntou de novo.

— Pode ser — respondo sem muito entusiasmo. Melhor eu sair uma vez, ser insuportável e ele não querer repetir do que ficar todo dia tendo que dizer não.

Estou no meu último ano da faculdade e estou fazendo já as pesquisas para o meu TCC. Estou pensando em falar sobre o impacto do serviço social ou da falta dele na vida de pessoas carentes e necessitadas.

Estou aqui pesquisando algumas coisas no meu tablet quando o alarme de que a aula vai começar aparece na minha tela. Recolho minhas coisas e me levanto para ir pra sala. Diego faz o mesmo. Finalmente, depois de eu concordar em sair com ele após a aula, ele ficou quieto.

A aula percorreu bem e quando deu 18h00, já estava liberada. Como não foi um dia quente e ensolarado, escureceu rápido.

— vamos? — Diego pergunta e eu concordo com a cabeça. Vamos conversando até um bar chamado Tô aqui! Ele pede uma mesa na calçada mesmo, mais no canto, perto da parede. Ficamos ali e pedimos nossas bebidas.

Apesar de estar um pouco frio, estou me divertindo com a música ao vivo que está tocando. É incrível como tem um monte de gente no mesmo lugar, mas cada mesa é seu mundinho. Alguns assistem e interagem com o cantor ao vivo, outros conversam, riem, brincam e eu aqui, olhando para a barata atravessando o grande desafio de se recuperar de um pisão que acabou de levar.

— Está tudo bem? Estou te achando distraída — Diego pergunta, colocando sua mão na minha coxa.

— Está tudo bem sim, só estou cansada. O dia foi longo — digo, forçando um sorriso e dando um gole no meu drink. Recolho minha coxa de volta em minha direção.

— O dia ou a noite? — ele pergunta em tom insinuativo e eu engasgo com a bebida. O álcool desce rasgando minha garganta.

— Co-como assim? — pergunto. Eu sempre disse que não ligava pra se descobrissem mas viver isso na pele não está me parecendo confortável.

— Sei lá, as vezes dormimos mal a noite, daí passamos o dia cansados — ele disse dando de ombros. Confesso que um alívio toma conta de mim.

— É, pode ser — digo.

Continuamos bebendo e ouvindo a música ao vivo. Diego hora ou outra tenta puxar um assunto mas não dura muito tempo. Como eu disse, estou tentando ser insuportável pra não dar esperanças de algo que nunca vai rolar.

Diego começa a transparecer sua alteração se aproximando. Sua mão começa a ficar boba e a tocar cada vez mais em cima a minha coxa.

— Acho melhor eu ir, já está ficando tarde — digo, me levantando e procurando minha carteira na bolsa.

— Não, fica mais um pouco, vou te levar em casa — ele disse segurando meu braço. Um pouco forte demais, mas levo em consideração a sua embriaguez.

— É que realmente está tarde — digo, tentando puxar meu braço.

— Nossa noite não precisa acabar agora — digo se aproximou de mim ainda segurando meu braço. Meu corpo ficou gelado e minha alma parece que vai me abandonar a qualquer momento. Alguns flashes passam na minha mente. Imagens horríveis.

Amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora