Heloisa - Sumiço

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Se passaram três dias desde que Murilo veio me ver pela última vez, não que eu esteja contando. Mas na sexta, fiquei esperando que ele aparecesse e nenhum sinal dele. Como não temos o número um do outro, não nos falamos a não ser pessoalmente.

O professor está falando, falando, falando, mas eu só consigo pensar em uma única coisa. Onde ele se meteu? Será que fiz algo?

Diego não fala mais comigo, ainda bem! Finge que não me conhece quando passa por mim e eu não entendi ainda o porquê, mas confesso que estou aliviada.

— Podemos fazer juntas esse trabalho! Se quiser, pode ser do meu grupo — Lorena fala me acordando de meus pensamentos.

— Por mim, está ótimo — digo, sorrindo.

— Perfeito, vou criar um grupo no WhatsApp — ela disse.

Pelo que entendi, precisamos montar uma ação social diferente, nada igual às que as pessoas já fazem, como festa para as crianças, visitas aos orfanatos ou asilos. Não essas coisas!

De início, faremos o projeto e os slides para apresentação, o grupo selecionado, irá ganhar o apoio financeiro e de equipe da universidade para realizar na prática essa ação.

Fico animada ao pensar em como podemos fazer, em ideias diferentes. Logo, minha mente borbulha com ideias.

— Podemos nos reunir na minha casa no sábado a noite, para começarmos — disse Lorena. Das três pessoas do nosso grupo além de nós, dois concordaram.

— Sábado tenho um evento beneficente pra ir — digo, pensando em outro dia — Vocês podem no domingo? Pode ser domingo a tarde. O que acham? Levo algo para comermos.

— Adorei — disse Júlia.

— Por mim tá ótimo — Léo respondeu.

Lorena concordou e Ricardo também. Então combinamos. Domingo a tarde. É bom que descanso um pouco antes.

•••

Hoje é segunda e a boate não abre, então tiro o restante da noite para fazer minha unha, hidratar meus cabelos e ver tv.

Alguém bate na minha porta, no olho mágico vejo "seu" Zé, o porteiro.

— Boa noite, dona Heloísa, me desculpa o horário. Uma moça ruiva deixou isso pra senhora hoje, ela estava num carro muito chique — disse ele, me entregando uma caixa de papel branco, grande, tinha também uma carta em cima.

— Obrigada, Zé — digo, ele cumprimenta com a cabeça e sai. Fecho a porta com o pé e vou até o sofá. Sento e abro a caixa devagar.

Um lindo vestido de seda Marsala está acolchoado dentro da caixa, pego com delicadeza e estico para ver. É lindo. O tecido reluz e tem cheiro de rosas.

O vestido é de um ombro só, com um laço delicado juntando a alça da frente e de traz. Ele tem também uma fenda que abre dos pés até o início da coxa, quase no quadril, do lado esquerdo. Na caixa, tem um salto preto, lindo, básico.

Pego a pequena caixa que também vem com o vestido, vejo dois anéis, um brinco, um colar e uma pulseira. São lindos, cravejados. Nem sei se são realmente valiosos mas são pesados e brilhantes.

Quando abro a carta, tem um cartãozinho e uma carta escrita à mão.

"Ola, Heloísa!
Espero que goste do vestido, pedi que Aline separasse um do jeito que descrevi ser você. Sensual mas não vulgar, suave como seda porém, ainda assim, com uma beleza de chamar a atenção a quilômetros.

Não se preocupe com as joias, são presentes. Tem também um cartão spa, é pra você ficar ainda mais linda. No sábado, um carro irá lhe buscar e te levar para esse spa, esteja pronta às 10h. Eles também farão sua maquiagem e cabelo lá, então não se preocupe com isso.

Espero que se divirta! Obrigado por aceitar ir comigo.

Com carinho, M.G.B"

Fico boquiaberta olhando o cartão, é um spa super famoso no centro de São Paulo, tem até famosos que vão lá. Pesquisei no Google o local onde será o evento, Murilo comentou comigo, será no salão de um hotel super famoso daqui. A cada dia que passa, fico mais nervosa.

Pesquiso o nome dele no Instagram e vejo algumas coisas, ele não posta nada há pouco mais de um mês, mais ou menos, sua última foto foi ele correndo no Ibirapuera com sua ex esposa. Não sei se sigo ele ou não, acho melhor não. Não quero misturar as coisas.

Vejo alguns vídeos de como se portar em eventos grandes. Adoro vídeos de etiqueta. Fico ensaiando em casa e ensaio também alguns passos que ele me ensinou.

No fim da noite, deito imaginando como vai ser, mas não entendo porque outra pessoa veio entregar, ele poderia ter vindo.

•••

— Mentira? Babado — disse Luan quando mostrei a foto do vestido. Ainda não o vesti, quero colocar so no dia — Spa, vestido, joia. Acredite, esse bofe tá na sua.

— Para de falar besteira, Luan, tá nada. Você acha que se estivesse, ele mandaria uma funcionária me entregar? — pergunto, colocando o vestido pra hoje a noite. Já se passaram dois dias desde que ela me entregou a caixa, porém, não vim trabalhar terça, essa reta final da faculdade está me pegando muito.

— Ele pode estar ocupado com o trabalho. O evento não é essa semana? — Luan pergunta e eu considero, mas prefiro não me iludir demais.

— Ele comentou que seria um baile de máscaras, mas não recebi uma — digo pensativa.

— De repente ele mesmo quer colocar a máscara em você — Luan disse — deve ser fetiche

— Deixa de ser bobo – digo colocando o salto — Vamos, estou pronta!

Passo um batom vermelho, passo a mão pelo vestido para alinhar e dou uma última olhada no espelho. Hoje estou mais extravagante, decidi que não ficaria esperando Murilo aparecer, se ele não quer vir, ótimo, mas eu ainda preciso de dinheiro.

Estou com um vestido vermelho apertado, saltos vermelhos e o cabelo solto.

Homens vem e vão até que um rapaz não muito mais velho do que eu, se aproxima. Conversamos e logo fomos para o quarto.

O cara até que é bom de cama e é gostoso, mas não quero sair da posição de quatro, não quero que ele veja o quão entediada eu estou. Não entendo, normalmente eu finjo tão bem.

Enquanto ele se satisfaz a vontade, fico pensando que cor pinto a unha para o evento. Vou de cabelo preso ou solto? Não faço ideia.

O rapaz atrás de mim acaba, começa a beijar meu pescoço e logo se joga ao meu lado na cama.

— Gostou, gata? — ele pergunta ofegante.

— Demais. Você é um gostoso — digo, fingindo ter sentido qualquer coisa. Acho que se gozei uma vez na vida, foi muito. Nunca senti nada demais transando com esses caras, não sei se sou frígida ou se eles que não sabem fazer nada. Acho que a única vez que gozei foi quando o cara e a esposa vieram e, mesmo assim, foi porque a esposa dele sabia o que fazer com a língua — Vou tomar um banho!

Sigo para o banheiro e entro no box, deixo a água gelada cair e limpar meu corpo. Não quero mais vestígio desse homem em mim. Não vejo a hora de me formar para sair daqui.

Amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora