— Mona, eu amei essa cor! Ficou linda na sua pele — disse Luan, Meu melhor amigo e gerente da casa noturna onde trabalho. Aos quinze anos, foi Luan que me acolheu, quando precisei fugir de casa. A vida não se desenvolveu como eu esperava, obviamente, mas Luan sempre insistiu para que eu continuasse estudando e me tratou como filha.
— Eu amei também! Muito obrigada — digo observando o vestido amarelo que ele me deu, é de alça e com a barra rodada. Minha pele bronzeada e cabelos longos cacheados combinaram com o tom de amarelo — Agora preciso me arrumar que hoje a noite vai ser longa...
— Não sei porque você não me ouve, você deveria estar se dedicando apenas à sua faculdade e feliz. Longe dessa casa noturna. Você merece mais do que essa vida — ele disse, dando um gole em seu whiskey.
— Lu, você precisa entender, eu não aceito viver às suas custas. Eu estou me dedicando à faculdade mas eu preciso de uma maneira pra me manter — respondo enquanto troco de roupa. Começo a me maquiar porque já está quase na hora da casa abrir.
— Não tem medo das pessoas da faculdade descobrirem? — ele pergunta.
— Amigo, se descobrirem, eu não ligo, ninguém sabe como cheguei aqui e o quanto estou tentando ser alguém melhor do que as pessoas que fizeram chegar aqui. Então, eu não ligo — digo — agora vá, preciso terminar de me arrumar pra hoje! Será que o Lúcio vem?
— Aquele velho que vem te ver toda sexta? Espero que não, você precisa conhecer caras novos. Vai que encontra seu amor — Luan disse já na porta.
— Amor? Me poupe, eu não nasci pro amor, Luan, ele te deixa vulnerável e faz com que as pessoas saibam suas fraquezas e como te machucar — digo, revirando minhas roupas.
— Não está mais aqui quem falou. Estou indo, fique linda como sempre, mon'amour — ele diz.
Luan era uma das melhores pessoas que conheci na vida. Foi abandonado num orfanato quando criança, nunca foi adotado e quando tinha dezoito anos, precisou ir para as ruas por não ter onde morar. Entrou na vida e agora é dono de uma casa noturna com karaokê e "dançarinas".
•••
A casa já estava cheia e não se passava nem das 22h ainda. A música alta e vozes desafinadas e bêbadas, as luzes piscando e o cheiro de tabaco e álcool já eram tão comuns para mim que já não me afetavam.
O que mais aprendi trabalhando na noite é que o amor é realmente apenas uma construção social, o que mais tem aqui são homens casados, alguns que gostam de ficar com outros homens, outros com fetiches esquisitos, alguns políticos, religiosos, tem de tudo. Eu nunca me deito com um casados, pode ser maluquice da minha cabeça porque sei que sou paga pra isso, mas eu não quero ser a pessoa que possivelmente será o motivo do término de alguém.
— Ficar em pé aí não vai te fazer ganhar dinheiro, lindinha, vamos, mexa esse seu corpinho lindo — disse Luan, passando por mim. Apenas lhe dou um sorriso e continuo caminhando pelo salão.
Vou até o bar onde Arthur está servindo os drinks, outro jovem castigado pela vida, se assumiu gay quando adolescente e o pai o expulsou de casa após quase matar ele numa surra. Agora ele está aqui, como barman e extremamente lindo.
— Viu o Lúcio por aí? — pergunto, pegando um copo de água que ele me ofereceu.
— Aquele velho cheio do dinheiro? Não, gatinha, não vi ele hoje. Deve ter batido as botas né, o velho estava com os dois pés na cova já — ele disse, servindo às outras pessoas.
Lúcio é um homem que, realmente, apesar de ser velho, é um dos que mais pagam bem e me respeitam. É difícil encontrar homens que respeitam mulheres da vida.
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Amor proibido
Storie d'amoreATENÇÃO, SE VOCÊ É SENSÍVEL, CUIDADO! PODE CONTER GATILHOS. Uma garota de programa com um passado obscuro de traumas, desacreditada do amor e com o coração blindado. Um jovem empresário bem sucedido em busca de se sentir vivo outra vez, de se apaix...