15. Sem anestesia

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⁠𝑄𝑢𝑒𝑚 𝑠𝑜𝑢 𝑒𝑢? 𝑄𝑢𝑒𝑚 𝑠𝑜𝑢 𝑒𝑢 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑛ã𝑜 𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒ç𝑜?𝑄𝑢𝑒𝑚 𝑠𝑜𝑢 𝑒𝑢? 𝑄𝑢𝑒𝑚 𝑠𝑜𝑢 𝑒𝑢? 𝐼𝑛𝑣𝑖𝑠í𝑣𝑒𝑙.

Octavia Smith.

Dois dias antes...

Abri meus olhos com dificuldade, a visão turva e a fome, encarei a sala escura que eu estava e vi meu braço com agulhas, vários potinhos de sangue cheios encima da mesa.

—Octavia? Você está me ouvindo?— O homem se aproximou de mim e eu concordei com a cabeça— Você tá viva, graças a Deus. Eu sou o Milton, já nos conhecemos, você lembra?

—Oi Milton...— Sussurrei e ele se sentou do meu lado— Quando vai parar de pegar meu sangue? Daqui a pouquinho acaba.

Milton sorriu, eu lembrava dele, ele não queria fazer isso mas o Governador quem mandava e ele parecia ter uma fixação em meu sangue, como se acreditasse que eu possuía alguma cura milagrosa dentro de mim.

— O governador pretende usar o seu sangue em algumas pessoas, como uma transfusão, pra ver se seu sangue é a resposta— Ele sempre me explicava tudo,  ontem antes de começar, ele me pediu desculpas.

—Eu tô muito cansada— Deixei a cabeça cair de lado sem força alguma de sustentar ela— E a Penny?— Eu não entendia bem o estado da filha do governador mas sabia que isso era por ela.

—Cada dia mais morta mesmo se seu sangue for uma cura, ela já morreu mas ele insiste nisso.

O governador é um homem ruim, talvez não tenha sido sempre, igual ao Negan mas ele parecia pior, ele vinha aqui, gritava, me ameaçava, era difícil me manter acordada.

Acordei outra vez, acho que algumas horas depois, Milton não estava mais tirando meu sangue e eu agradeci por aquilo.

—Come um pouco— Ele entregou um prato de comida e um copo de água na minha mão, eu mal consegui levantar o braço pra comer, Milton teve que me ajudar.

—O sangue funcionou? — Perguntei e ele negou com a cabeça e eu sabia que era mais uma dose, mais testes que eu iria ser submetida.

Senti uma mistura de desespero e desânimo ao ouvir que o sangue ainda não havia funcionado. Os testes pareciam intermináveis e eu sabia que o governador não iria parar até achar uma cura pra filha dele.

—Milton, eu não sei quanto mais posso aguentar isso. Preciso encontrar uma maneira de sair daqui, de escapar desses experimentos. Penny já se foi, mas talvez eu possa encontrar uma forma de ajudar outras pessoas. Existe alguma rota de fuga, algum plano que possamos fazer?

Milton pareceu preocupado, mas determinado a encontrar uma solução.

—Octavia, entendo sua angústia e compartilho do seu desejo de te ajudar a fugir daqui, você não merece passar por tudo isso mas eu não posso...

—Eu sei— Engoli em seco encarando o nada— Tô com saudade de casa, do Dean, do Daryl, Da Carol, do Carl e até do Negan...

—Negan é seu pai né? — Perguntou e eu confirmei— E o Daryl é o marido dele que é seu pai também? — Ele falou e eu ri.

—Não, o Daryl virou meu pai porque o Negan é babaca mas o Negan tá mudando, ele tá tentando, eu acho, não confio nele— Eu falava como uma bêbada, eu me sentia bêbada.

Enquanto eu falava, senti uma onda de cansaço me dominar novamente. Os efeitos dos testes e da falta de descanso estavam me afetando cada vez mais. Milton me olhou com preocupação.

Além das sombras.•ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs Onde histórias criam vida. Descubra agora